quinta-feira, 1 de maio de 2014

Getúlio: controvérsias de uma trajetória política complexa

Com a ascensão de Vargas ao poder em 1951, reconduzido à presidência “nos braços do povo” através da chancela das urnas, instalou-se uma política nacionalista, com o estabelecimento do monopólio estatal sobre a extração e o refino do petróleo, expresso na criação da PETROBRAS e coroando uma imensa campanha conhecida como "O Petróleo é Nosso". Houve também a expansão da Companhia Siderúrgica de Volta Redonda mas, em contrapartida, Vargas teve também de enfrentar uma inflação  crescente e um Congresso e imprensa contrários à sua prática política. Seu ministro do Trabalho, o trabalhista João Goulart, amedrontava a burguesia conservadora que temia uma guinada de Vargas à esquerda e a implantação  de uma república sindicalista, tal como fizera na Argentina o ditador Juan Domingo Perón(1946-52;1952-55 e 1973-74).

Dessa forma, o segundo governo Vargas foi pontilhado de manifestações contrárias a ele, um verdadeiro cerco da imprensa, manifestos dos militares que julgavam estar ocorrendo uma marginalização das Forças Armadas e agitações populares. O anúncio de que o salário mínimo seria elevado em 100% acirrou ainda mais os ânimos.

No auge das manifestações, ocorreu o “atentado da Rua Toneleros”, onde Carlos Lacerda, membro da UDN e proprietário do jornal A Tribuna da Imprensa, foi ferido a tiros e o major da Aeronáutica Ruben Tolentino Vaz , responsável pela escolta de Lacerda, perdeu a vida.

Os opositores culparam Getúlio, que declarou inocência, comprometendo-se a investigar o fato. A Força Aérea decidiu averiguar o caso por conta própria, chegando no pistoleiro, seus cúmplices e daí até o nome de Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal do presidente. A partir de então, as investigações referiam-se ao ambiente do governo descrevendo-o como “mar de lama”.

As pressões para que Getúlio deixasse o poder cresciam de todos os lados: UDN, Forças Armadas, e até mesmo o vice Café Filho sugeriu que ambos renunciassem. Lacerda usou de seus jornais, emissoras de rádio e aparições na TV para pedir diretamente a renúncia de Vargas.

Na noite de 23 de agosto de 1954, em uma reunião ministerial, Vargas comprometeu-se a tirar uma licença e deixar o Executivo temporariamente. Mas, na madrugada de 24 de agosto, Getúlio cometeu suicídio com um tiro no peito, depois de redigir uma inflamada carta-testamento.

A UDN percebeu, então, que havia perdido sua ultima chance de chegar ao poder e decidiu dar um golpe de Estado para evitar a posse do candidato eleito, Juscelino Kubitschek, com o pretexto de que ele não conseguira maioria absoluta dos votos. Café Filho afastou-se do poder alegando motivos de saúde, sendo substituído pelo presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz.

                                               Fonte: UOL

A articulação de um golpe era comentada em todos os círculos e já dado como certo por muitos, quando o ministro da Guerra, Marechal Henrique Teixeira Lott, decidiu dar um "golpe preventivo": as tropas do Exército ocuparam os edifícios governamentais, estações de rádio e jornais. Em virtude da posição negativa dos ministros da Marinha e Aeronáutica às ações de Lott , as tropas do Exército cercaram as bases aéreas e navais.


Os parlamentares decidiram pelo afastamento do presidente em exercício Carlos Luz e colocaram em seu lugar o presidente do Senado, Nereu Ramos. O País foi mantido em estado de sítio por trinta dias, prorrogado por igual período. A posse de JK ocorreu em 31 de janeiro de 1956 e assim, o Brasil retornava ao Estado de Direito.

Hoje estreou o filme "Getúlio" de João Jardim(responsável por "Para o dia nascer feliz" e "Lixo extraordinário"), buscando retratar os últimos 20 dias do governo de Getúlio: do atentado da Rua Toneleros até o suicídio em 24 de agosto de 1954.

Personagem complexo e controverso, amado e odiado, dependendo do ponto de vista, um problema para a Nação ou um "salvador" que começara a consolidar as bases do Brasil atual.
Qual seria a verdade? Há um lado só nessa história?
Converso sobre isso na próxima semana...

Sugestão do Gabinete:

"Getúlio". Direção de João Jardim, 2014, 100 min.


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