Um dos
grandes nomes do Quattrocento é
Leonardo da Vinci (1452-1519), homem de múltiplas habilidades: pintor,
arquiteto, inventor, matemático e filósofo, portanto, o exemplo de "homem
universal".
Autorretrato de Leonardo da Vinci
De sua vasta obra destacam-se: A virgem dos rochedos, La
Gioconda (Mona Lisa), projetos arquitetônicos, tratados de anatomia,
pintura e vários inventos. Leonardo representa a transição do Quattrocento para o Cinquecento.
Monalisa. 1503-07. Museu do Louvre, Paris.
Virgem dos Rochedos. 1483-86. Museu do Louvre, Paris.
Analisemos
agora, a pintura de Leonardo da Vinci(1452-1519) “A Última Ceia” encomendada
pelo duque de Milão, Ludovico Sforza e pintada na parede do refeitório do
convento dos dominicanos de Santa Maria delle Grazie em Milão ,entre 1495 e
1497.
A obra
de Leonardo, assim como sua pessoa, foram objeto de inúmeras especulações desde
a sua própria época aos nossos dias e ainda assim, preserva o encantamento ,
seja pela excelência de seu trabalho, seja pela diversidade de obras artísticas
e de engenharia, sendo portanto, Leonardo da Vinci, o símbolo do conceito de
Homem Universal (l’uomo universale) ,
signo das múltiplas potencialidades nos diferentes campos do conhecimento.
O tema
desta obra é o momento da última ceia de Cristo e seus apóstolos, cuja
importância é vital no culto cristão, uma vez que se manifesta o dogma da transubstanciação (o pão se
transforma em carne e vinho em sangue) e ao longo de dois mil anos se tornou o
momento mais importante da liturgia cristã: a Eucaristia.
Sendo
uma cena, presente no imaginário cristão , seja pelo texto bíblico, seja pela
sua constante repetição na liturgia ao longo da trajetória do cristianismo, a
pintura de Leonardo traz uma série de elementos de representação, compondo a
imagem como uma peça teatral: num grande e suntuoso salão, Cristo e seus
apóstolos estão reunidos.
Jesus
ocupa o centro da grande mesa, típica de banquetes medievais, tendo a cada um
dos lados dois grupos de três apóstolos, logo, uma composição harmoniosa e
equilibrada. O ponto central da imagem se encontra atrás da cabeça do próprio
Cristo, a qual junto com a moldura da janela imediatamente posterior compõe uma
circunferência, pólo irradiador das linhas de perspectiva da composição, um das
principais contribuições do Renascimento.
A
atenção do Cristo está para o pão e o vinho, alimentos e metáfora de seu futuro
destino, o sacrifício na cruz pela Humanidade. A posição de seus braços em
relação à sua cabeça forma uma imagem triangular. Hipóteses para tal composição
são inúmeras, destacando-se entre elas, as de caráter esotérico e místico, uma
vez que os estudos herméticos e de alquimia foram muito comuns à época de
Leonardo.
Não há
como saber quais teriam sido as referências que guiaram a mão e a cabeça do
pintor. Mesmo as referências presentes nos Evangelhos não oferecem muitos dados
para uma resposta precisa. Nesse sentido, chegamos a um ponto importante do
entendimento sobre qualquer produção artística: as imagens não têm sentido
sozinhas, existe um contexto e a recuperação deste contexto implica na
compreensão ou na “ atribuição” de um sentido mais preciso ou pelo menos mais
plausível, a respeito de seus possíveis significados.
Por
mais que entre os séculos XIV e XVI tenha ocorrido uma intensa valorização da
racionalidade, esta é muito distante e complemente diferente da nossa concepção
de Razão, afinal naquele momento a religiosidade ainda exercia um papel central
nas diferentes formas de sociabilidade, e mesmo aquilo que pôde vir a ser
chamado de “ciência” ainda se encontrava muito envolvido com conhecimentos hoje
um tanto questionáveis pelos meios científicos atuais, como por exemplo a
Astrologia.
Cinquecento (1500-1550):
Nesta fase a
capital do Renascimento passa a ser a Roma papal, graças ao mecenato de papas
como Alexandre VI, Júlio II e Leão X. Na literatura, ainda em Florença,
destaca-se a publicação de "O
Príncipe" , de Nicolau Maquiavel; de Baltazar Castiglioni, "O Cortesão";
de Ariosto, "Orlando Furioso".
Nas artes plásticas destacam-se Rafael Sanzio, pintor famoso por suas Madonas, A Escola de Atenas e Michelangelo Buonarrotti, autor das esculturas:
Davi, Pietá, Moisés; da planta da cúpula
da Basílica de São Pedro e dos afrescos da Capela Sistina.
A Escola de Atenas. 1506-1510. Museus do Vaticano
Madonna Sistina. 1512-13. Staatliche Kunstsammlung Dresden, Alemanha.
Davi. 1504. Accademia di Belle Arti Firenze, Florença.
Pietá. c. 1499. Basílica de São Pedro, Vaticano.
Moisés. 1513-15. Igreja de San Pietro in Vincoli, Roma, Itália
detalhe do teto da Capella Sistina. 1508-12. Vaticano
Altar da Capella Sistina. Juízo Final. c. 1536-41. Vaticano
O RENASCIMENTO ALÉM DA ITÁLIA
O
Renascimento teve como centro a Península Itálica e gradativamente se espalhou
para o restante da Europa. Depois da Itália, o centro mais importante foi a
região de Flandres, pois também foi uma região de forte atividade comercial
dotada de uma burguesia com grande dinamismo. Na literatura destacou-se Erasmo
de Roterdam, autor de "O Elogio da Loucura".
Na
pintura, temos os irmãos Van Eick, sendo de Jan Van Eick o quadro "O casal Arnolfini"; Hieronymus
Bosch, autor de "O jardim das
delícias", "A pedra da Loucura", O trinfo da Morte";
Pieter Brueghel, autor de "O
massacre do Inocentes", "Torre de Babel", "A morte de
Ícaro"; Rogier Van Der Weiden, autor de "A deposição da Cruz".
Em outros
países o Renascimento foi tardio em relação à Itália, tendo menor expressão:
Portugal recebeu influências com o retorno de Sá de Miranda da Itália em 1527,
trazendo o dolce stil nuovo( verso
decassílabo e soneto) e mais tardiamente com Camões graças à publicação de
"Os Lusíadas" em 1572; na Espanha o maior expoente foi Miguel de
Cervantes com sua obra "D. Quixote
de la Mancha"; na França, o principal nome é Rabelais, autor de "Gargântua e Pantagruel"; na
Grã-Bretanha , destacaram-se Willian Shakespeare, dramaturgo, autor de "Romeu e Julieta",
"Macbeth", "Hamlet", "Rei Lear" entre outras
peças e Thomas Morus com "Utopia".
O Casal Arnolfini. Jan Van Eick. c. 1434. National Galery, Londres, Inglaterra.
O quadro mede 82x60 cm e o detalhe do espelho é um zoom que mede originalmente 5,5 cm
Deposição da cruz. Rogier Van Der Weyden. c. 1435-38. Museo del Prado, Madrid, Espanha.
tríptico do "Jardim das Delícias" Hieronymus Bosch. c. 1504. Museo del Prado, Madrid, Espanha.
O triunfo da morte. Pieter Brueghel. c. 1560. Museo del Prado, Madrid, Espanha.
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