O
desfecho da guerra no Pacífico foi o ataque nuclear contra o Japão, momento
ímpar, ápice do Projeto Manhattan, cujo início foi ordenado pelo presidente
Franklin Roosevelt, depois de receber uma carta do físico alemão Albert
Einstein, que estava exilado nos EUA, em virtude da ascensão do regime nazista.
Einstein informava a existência de pesquisas significativas sobre energia
nuclear que se desenvolviam na Alemanha, lideradas pelo físico Werner Heisenberg
(discípulo do físico dinamarquês Niels Bohr e ganhador do Prêmio Nobel em 1932)
e diretor do Instituto Kaiser Wilhelm, de Berlim.
O governo
dos EUA montou um laboratório secreto em Los Alamos , no deserto do Novo México, com os
físicos Enrico Fermi e Robert Oppenheimer no Projeto Manhattan. Mas ainda
existiam riscos, porque Niels Bohr continuava suas pesquisas na Dinamarca
ocupada pelos nazistas. (Bohr tinha se aproveitado da confiança que lhe tinham
os alemães para acolher pesquisadores judeus refugiados, de modo que conseguia
trabalhar e ajudar colegas em dificuldade.) O rei da Dinamarca Cristiano X
(1870-1947), que era amigo de Bohr, conseguiu convencê-lo a participar de um
plano de fuga para a Suécia e de lá seguir para Londres, em 1943. Integrado à equipe
de Los Alamos, hesitou muito em participar da produção da bomba, pois era um
convicto defensor do pacifismo. Apesar disso, percebeu que era importante
contribuir e, por fim, integrou a equipe.
Por
decisão do presidente dos Estados Unidos Harry Truman (vice-presidente que
assumiu com morte de Roosevelt em abril de 1945) em 6 de agosto de 1945,
atacou-se a cidade de Hiroshima com uma bomba de 15 quilotons, o equivalente a
15 toneladas de dinamite, apelidada Little
Boy (garotinho, em inglês). Até dezembro de 1945, havia 140 mil óbitos,
entre eles, 20 mil militares, dados que incluem as mortes causadas pelo ataque
e pela contaminação.
Em 9
de agosto, Nagasaki foi atacada por uma bomba maior, de 20 quilotons, esta
chamada Fat Man (homem gordo, em
inglês). Com os mesmos critérios, havia 70 mil mortos até dezembro de 1945.
Ambas
as cidades foram quase totalmente arrasadas. Do centro da explosão, onde a
temperatura era de vários milhões de graus Celsius, até um raio de 3,5 km , com 300 mil graus
centígrados, a onda de calor e radiação pulverizou tudo. Aqueles que
sobreviveram à explosão por estar mais distantes do ataque foram contaminados e
morreram lentamente, em virtude da exposição à radiação. Outros, uma vez
contaminados pela radiação, sentiram seu impacto durante anos, acometidos de
vários problemas de saúde, especialmente diversos tipos de câncer.
Em
15 de agosto de 1945, o imperador Hiroíto (1901-1989) fez um pronunciamento no
rádio ordenando a imediata deposição das armas e reconhecendo publicamente que era
“apenas um ser humano, e não uma divindade”, conforme a crença tradicional do
Japão. Mais tarde, em 2 de setembro de 1945, a bordo do porta-aviões estadunidense USS Missouri, o Estado-Maior japonês
capitulava definitivamente, assinando a paz e começando a reconstrução sob a
tutela dos EUA, ali representados pelo general Douglas MacArthur até 1951.
Assim se consolidava a posição estadunidense no Extremo Oriente, já compondo o
cenário da Guerra Fria, tendo o Japão se tornado uma monarquia constitucional diretamente
aliada ao ocidente e ao capitalismo. (MacArthur foi o responsável pela
elaboração do texto-base aprovado pelo Parlamento japonês.)
E
por que duas bombas? Seria o Japão uma ameaça tão grande assim? Apesar de já
estar em curso um processo de pacificação e de ser certo o encerramento do
conflito, as duas bombas eram uma contundente demonstração de força para a
URSS, que, embora tenha feito parte do grupo Aliado, finda a Guerra, passou a
se portar como potência mundial e parte significativa do jogo de poder da
Guerra Fria.
A Segunda Guerra Mundial se encerrou com um altíssimo
saldo de mortos – entre números controversos de várias fontes, oscila entre 40
e 60 milhões.
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