O
EGITO ANTIGO
O
território do Egito está situado na região nordeste do norte da África, sendo
uma área estratégica para o acesso da Ásia ou mesmo da Europa. Nas palavras do
historiador grego Heródoto (séc. V a.C.), "o Egito é uma dádiva do Nilo",
pois, ao longo da porção norte de suas margens, desenvolveu-se uma sofisticada
civilização por mais de 4.000 anos, que aproveitou as constantes cheias do rio
para o desenvolvimento da agricultura, seja pela fertilização das margens
realizada pelas cheias, seja pelos canais de irrigação para as regiões mais
secas .
Inicialmente,
formaram-se núcleos de povoamento às margens do Rio Nilo, que se transformaram em
duas unidades maiores, os reinos do Alto Egito e Baixo Egito, e foram unificados em 3200 a.C. por Menés,
estabelecendo a capital em Tinis.
A
sociedade egípcia - Os egípcios tinham uma sociedade fortemente
hierarquizada e de difícil mobilidade. No topo desta estrutura, encontrava-se o
soberano, conhecido como faraó, indivíduo que controlava toda a hierarquia e
era visto como um deus vivo. Relacionados diretamente com o faraó estava a
nobreza, ou seja, seus parentes mais próximos (rainha, outras esposas e
filhos), os sacerdotes (responsáveis pela relação entre os homens e os deuses),
os altos funcionários e generais. A população restante constituía-se de
agricultores, pastores artesãos e escravos (prisioneiros de guerra).
Economia
- A economia egípcia tinha por base a agricultura, que estava diretamente
relacionada com as cheias do Nilo, que eram responsáveis pela fertilização do
solo das margens em virtude da cobertura de lodo remanescente quando as águas
voltavam ao seu limite natural.
A posse das terras era do Estado e
atribuída ao faraó, que ordenava a realização de diferentes formas de trabalho:
as atividades agrícolas, as obras dos canais de
irrigação e a construção de palácios, templos e tumbas.
Entre
os principais produtos da agricultura, destacavam-se o trigo, a cevada, o
papiro, as frutas e as leguminosas. Além da agricultura, o pastoreio tinha um
papel importante, com a criação de bovinos, caprinos e ovinos. Quanto às
atividades comerciais, os egípcios comercializavam com diversos povos, comprando
madeira, marfim, perfumes e pedras preciosas e vendendo papiro, óleos vegetais,
grãos e vinho. O artesanato egípcio era muito sofisticado nas mais diferentes
áreas, como escultura, mobiliário, pintura e ourivesaria.
A
política - A trajetória política do Egito Antigo é dividida em três
períodos principais: Antigo Império, Médio Império e Novo Império. Durante o
primeiro, ocorreu a unificação dos dois reinos (Alto e Baixo) por Menés (também
chamado de Narmer) em 3200 a.C.. Outro acontecimento importante foi a
construção das pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, entre 2700 e 2600
a.C.. O final do período foi marcado pelo fortalecimento da nobreza em
detrimento do faraó.
No
Médio Império, o poder voltou a ser centralizado pelos faraós e ocorreu a expansão
para a Palestina e a Núbia. Foi por volta de 1800 e 1700 a.C. que os hebreus
chegaram ao Egito e, na mesma época, ocorreu a invasão dos hicsos, povo das
regiões planálticas da Ásia que introduziu o uso do carro de guerra.
A
expulsão dos hicsos assinalou o início do Novo Império, um período marcado por
grandes faraós, como Tutmés III, que ampliou o império conquistando a Síria e
alcançando o Rio Eufrates. Talvez um dos mais importantes acontecimentos deste
período tenha ocorrido durante o reinado do faraó Amenófis IV, que suprimiu o
politeísmo e o culto ao deus Amon-Rá, impondo a crença no deus único Aton (cujo
nome foi alterado para Akhenaton). Seu sucessor, Tutankhamon, restaurou o
politeísmo, bem como o prestígio dos sacerdotes, os
quais foram responsáveis por uma forte influência no governo daquele que ficou
conhecido como “faraó menino”, pois reinou dos 10 aos 18 ou 19 anos
aproximadamente.
No
final do Novo Império, o Egito sofreu várias invasões, como a dos assírios no
século VII a.C. e a dos persas no século VI a.C.. A decadência se ampliou,
culminando com a dominação de Alexandre Magno (século IV a.C.) e dos romanos no
século I a.C .
Cabeça do faraó esculpida em granito. British Museum, Londres.
Crédito: Elias Feitosa
Cultura
e religião - Os egípcios eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários
deuses, os quais se relacionavam com elementos da natureza: Rá, o Sol, senhor
dos deuses; Hórus, o Falcão relacionado com o céu e também com o sol; Anúbis, o
Chacal, protetor dos embalsamadores; Osíris, deus da ressurreição humana; Ísis,
a deusa mãe de todas as coisas; Hator, deusa da alegria. Também eram cultuados
alguns animais como Khnum, o carneiro; Sobec, o crocodilo; Basteth, a gata.
Alguns deuses eram antropozoomórficos, ou seja, formados por uma
parte humana e outra parte animal. Anúbis, por exemplo, tinha a cabeça de um
chacal e o corpo de um homem.
Dentro
da religião egípcia, acreditava-se na vida após a morte, sendo prioritária a
conservação do corpo do morto através da mumificação, pois o espírito
retornaria para reconhecer sua antiga morada e levar todos os pertences
deixados no túmulo para a outra vida, no além. (Veja o
box abaixo)
A
sofisticação da cultura egípcia é verificada pelas construções arquitetônicas
remanescentes, repleta de esculturas e pinturas, que são uma das principais
fontes de estudo sobre esta civilização. Os egípcios tinham notáveis
conhecimentos em matemática, astronomia e medicina.
Sua
escrita, os hieróglifos, representa um complexo conjunto de sinais que
significavam sons e, juntos, constituíam as palavras. A escrita, no entanto,
era diretamente controlada pelo Estado, sendo os escribas "os olhos e
ouvidos do faraó", pois apenas este seleto grupo de funcionários detinha
tal conhecimento - em virtude de seu caráter sagrado. Os escribas estavam
presentes nos templos, palácios e túmulos. Além dos hieróglifos, existiam
outros dois tipos de escrita mais simplificados: o hierático e o demótico (mais
popular).
Relevo assírio exibindo a travessia de um rio com cavalos e carruagens.
British Museum, Londres - Crédito: Elias Feitosa
MESOPOTÂMIA
Região
localizada entre os rios Tigre e Eufrates, cuja ocupação se iniciou no fim do
período Paleolítico. Já no Neolítico, apresentava vários pequenos núcleos de
povoamento, com a fundação de cidades, como Ur, por volta de 4000 a.C. Nesta
região, desenvolveram-se vários povos -
babilônios, assírios e persas- que se aproveitaram da água dos rios para
o plantio e a irrigação das regiões mais áridas. A organização política inicial
destes povos se deu sob a forma de cidades-estado, administradas pelos
sacerdotes em virtude da crença de que as terras pertenciam ao deus da cidade.
Na Mesopotâmia, houve o desenvolvimento da escrita cuneiforme (aplicação de
cunhas de madeira sobre tábuas de argila fresca) para registrar a produção
agrícola dos camponeses, também servindo para o
registro das leis, como o Código de Hamurabi, além de narrar a vida dos reis e
outros eventos ligados à administração e religião.
Estandarte de Ur - 2600-2400 a.C. British Museum, Londres - Crédito: Elias Feitosa
Economia
- De um modo geral, os povos mesopotâmicos desenvolveram a agricultura
junto aos rios Tigre e Eufrates, utilizando, também, canais de irrigação para
as regiões mais secas. O pastoreio de ovinos, bovinos e caprinos tinha grande
importância. Quanto ao comércio, este se vinculava à extração de minérios
(cobre, estanho, ferro, ouro), pedras preciosas, tijolos, mobiliário e
ourivesaria, além de negociar o excedente de sua
produção com regiões menos férteis e também terem o interesse pelo comércio de
rebanhos de cavalos e camelos.
Cultura
e religião - Os povos da Mesopotâmia eram politeístas, com a divinização de
vários elementos da natureza, e tinham alguns deuses em comum (Shamash, deus do
sol e da justiça; Ea, das águas; Anu, do céu; Ishtar, deusa do amor e da
guerra). Havia também os deuses específicos de cada localidade: Marduck, dos babilônios;
Assur, dos assírios. Todos estes povos tinham grande conhecimento em
astrologia, matemática e arquitetura (construíram vários observatórios
astronômicos, denominados zigurates, cuja precisão
permitiu o acompanhamento de vários fenômenos naturais, tais como a passagem de
cometas, eclipses e também a marcação dos ciclos lunares e solar).
Na
área da literatura, destacam-se a existência de diversas bibliotecas, cujos
textos se encontravam gravados em tábuas de argila com a escrita cuneiforme.
Uma das obras mais importantes é a Epopeia de Gilgamesh, um herói que luta
contra várias divindades em busca da imortalidade.
IMPÉRIO
BABILÔNICO
A
cidade da Babilônia teve sua origem após a decadência do Império Acádio, que
foi a primeira tentativa de unificação da Mesopotâmia sob a liderança do rei
Sargão I, estabelecendo sua capital em Akkad. No Império Acádio, o poder estava
centralizado na figura do rei, tornando-o divinizado. O sucesso de Sargão I
estava relacionado com sua postura de não destruir a cultura dos povos
dominados e pela utilização do arco e flecha no exército. No entanto, após a
morte de Sargão, os povos dominados iniciaram várias revoltas. De 2050 a 1950
a.C., surgiu uma nova dinastia na cidade de Ur, reunificando a Mesopotâmia.
A
partir de 1900 a.C., vários estados iniciaram uma intensa luta entre si,
culminando no rei Hamurabi (1792-1750 a.C.), que foi responsável por um rígido
código de leis (o Código de Hamurabi) baseado na pena do talião: "olho por
olho, dente por dente". Os sucessores de Hamurabi enfrentaram a invasão de
vários povos asiáticos, como a dos hititas em 1137 a.C. A Babilônia só
recuperou a independência com Nabucodonossor, mas, logo após sua morte, o
império foi invadido pelos assírios.
Detalhe do Código de Hamurabi - Museu do Louvre, Paris.
Créditos: Elias Feitosa
Código de Hamurabi
Se um homem
negligenciar a fortificação de seu dique, se ocorrer uma brecha e a seara
inundar-se, o homem será condenado a restituir o trigo destruído por sua falta.
Se não puder restituí-lo, será vendido, assim como seus bens, e as pessoas da
área inundada repartirão entre si o produto da venda.
Se um homem der a um
jardineiro um campo para ser transformado em pomar, se o jardineiro plantar o
pomar e dele cuidar durante quatro anos, no quinto ano o pomar será repartido
igualmente entre o proprietário e o jardineiro; o proprietário poderá escolher
sua parte.
Se um homem alugar
um boi ou um asno, e se nos campos o leão matar o gado, é o proprietário do
gado que sofrerá a perda.
Se um homem bater em
seu pai, terá as mãos cortadas. Se um homem furar o olho de um homem livre,
ser-lhe-á furado o olho.
Se um médico tratar
a ferida grave de um homem com punção de bronze e ele morrer, o médico terá
suas mãos decepadas.
Se um arquiteto
construir uma casa para outro e não a fizer bastante sólida, caso ela desabe e
mate o dono, o arquiteto é condenado à morte. Se for o filho do dono da casa
quem morrer, será morto o filho do arquiteto.
ISAAC, J.; Alba, A. Oriente
e Grécia. São Paulo: Mestre Jou, 1964, p.77.
O
IMPÉRIO ASSÍRIO
A
decadência do Império Babilônico favoreceu a penetração dos assírios (povo de
origem semita, cuja principal atividade era o pastoreio), que fundaram um
pequeno Estado com capital em Assur. Notórios por sua belicosidade (gosto pela guerra), os assírios
gradativamente construíram um poderoso império, principalmente nos reinados de
Sargão II (722-705 a.C.), responsável pela conquista da Síria e a destruição de
Samaria, capital do reino de Israel, e de Senaquerib (705-681 a.C.), que
superou seu pai, atacando a Ásia Menor (portos gregos, fenícios e destruição da
Babilônia).
Os
assírios tinham uma estrutura de poder centralizada nas mãos do rei, que era
divinizado, sendo visto como o próprio deus Assur. A manutenção do império se
dava pelo pagamento de pesados tributos (principalmente para o contentamento do
exército) e também pela intensa violência aplicada sobre os povos subjugados. A expansão prosseguiu no reinado
de Assurbanipal (668-626 a.C.), com a invasão do Egito, de Elam e de Susa
(capital da Média). Entretanto, o Império Assírio era mantido em constante
pressão pelos povos vizinhos e, com a gradativa recusa dos povos dominados a
pagarem tributos, a crise tomou conta do império, que teve seu exército
desarticulado
e
acabou ruindo.
SEGUNDO
IMPÉRIO BABILÔNICO
A
desarticulação do Império Assírio favoreceu um dos povos que lhes era
submetido, os caldeus, que, através de uma aliança com os medos, implantaram uma nova dinastia sob a liderança
de Nabopassalar. A partir de 605 a.C., sob o reinado de Nabucodonossor II, a
Babilônia recuperou seu poderio, pois iniciou a expansão pelo Elam, Palestina,
Síria e a região oeste da Mesopotâmia. Foi durante o reinado de Nabucodonosor
II que ocorreu a deportação dos hebreus para a Babilônia como escravos, o
chamado “Cativeiro da Babilônia”. Este rei ficou conhecido por mandar construir
a Torre de Babel e os Jardins Suspensos da Babilônia, porém não conseguiu fazer
um sucessor que continuasse a grandiosidade de seu reinado, e, por volta de 539
a.C., o Império Babilônico foi tomado pelos persas.
O
IMPÉRIO PERSA
Localizada
entre o Golfo Pérsico e o Mar Cáspio, a Pérsia ocupava uma região de planaltos
áridos, que fora povoada desde 2000 a.C. por dois povos: os medos e os persas.
Inicialmente, os medos conquistaram os persas sob a liderança de Ciaxares (625
-585 a.C.). Após sua morte, o império se enfraqueceu e acabou sendo conquistado
por Ciro, descendente dos Aquemênidas (primeira dinastia persa) em 559 a.C.
Ciro expandiu seu território para a Lídia e destruiu a Babilônia, libertando os
hebreus e permitindo seu retorno a Jerusalém. Cambises, filho de Ciro,
sucedeu-lhe em 529 a.C. e continuou a ampliar as conquistas do pai, dominando o
Egito em 525 a.C.
Cambises
foi sucedido por um parente distante, Dario, que, com o apoio da nobreza,
instaurou-se no poder. Sua principal ação foi a divisão do vasto império em
satrapias (províncias), que eram administradas por sátrapas (governadores), que
detinham poder total sobre suas regiões, mas deviam obediência ao rei, sendo
constantemente fiscalizados. Outras importantes realizações de Dario foram a
elaboração de um sistema de estradas que interligavam as diferentes regiões do
reino, a utilização de uma moeda única e de um eficiente sistema de cobrança de
impostos.
A
adoção das satrapias, da moeda única e de um sistema eficiente de transporte e
fiscalização facilitou o processo de centralização do reino, proporcionado
condições para a expansão ainda maior dos territórios. Foi sob estas condições
que ocorreu a disputa pelo controle dos estreitos que ligam o Mediterrâneo e o Mar
Negro, região intensamente colonizada pelos gregos e de grande circulação de
navios e mercadorias.
O
choque de interesses (gregos e persas) levou às Guerras Médicas entre 490 e 468
a.C., conflito que fez que todas as cidades-estado gregas se unissem contra o
inimigo comum. Dario tentou invadir a Grécia em 490 a.C. e foi derrotado na
Batalha de Maratona. Após sua morte, seu filho Xerxes, prosseguiu a guerra,
sendo finalmente derrotado nas batalhas de Salamina e Plateia, em 480 e 479
a.C., respectivamente. A derrota final se deu na Batalha de Eurimedonte em 468
a.C., porém a paz definitiva foi assinada apenas em 448 a.C., com o Tratado de
Susa ou Paz de Kálias, no qual a Pérsia reconhecia a hegemonia grega sobre o
Egeu e comprometia-se a não atacar as colônias gregas da Ásia.
Com a
morte de Dario III e o consequente enfraquecimento do império, Alexandre Magno
dominou todo império persa.
Religião
- Quanto à religião, os persas eram inicialmente politeístas, com deuses
relacionados com a natureza. Mas, a partir da influência de Zoroastro (ou
Zaratustra), houve a divisão dos deuses: Aura-Mazda, o deus do bem, que se
opunha a Ahriman, deus do mal. Dessa forma, a oposição entre o bem e o mal
compunha a essência desta religião, cujo livro sagrado chamava-se Avesta ou
Zend-Avesta.
A
FENÍCIA
Ocupando
a região litorânea do Mar Mediterrâneo, limitada pela Península do Sinai ao sul
e por montanhas a leste e norte, os fenícios, povo de origem semita, se
estabeleceram nesta estreita faixa de terra e dedicaram-se ao comércio, pois
não havia planícies suficientes para o desenvolvimento da agricultura em larga
escala, como nos vales do Nilo, Tigre ou Eufrates.
A
organização política adotada foi a de cidades-estado, tendo destaque, Tiro,
Biblos e Sídon. A Fenícia, porém, dispunha de uma pequena parcela de seu
território onde era possível desenvolver a pequena agricultura, mas o eixo
econômico concentrava-se mesmo no comércio marítimo em virtude das grandes
florestas que ali existiram. O comércio de madeira, artesanato, ourivesaria,
vidro e outros artigos por eles transportados lhes garantiram a estabilidade
econômica para que fundassem várias colônias na bacia do Mediterrâneo, como
Cartago (norte da África) e Gades (Cádis, na Espanha atual).
Uma
das principais contribuições dos fenícios em termos culturais foi o
desenvolvimento de um sistema de escrita mais simples e prático, adotado pelos
gregos para a composição de seu alfabeto. Quanto à religião, eram politeístas,
com deuses relacionados com a natureza, sendo os principais Baal, o deus das
alturas, tempestades e raios; Ayan, das águas subterrâneas, e Anat, da guerra.
Mapa da divisão das Doze Tribos de Israel
PALESTINA
Situada
numa pequena faixa litorânea entre o Mediterrâneo e o Jordão, a Palestina era
uma região árida, que dependia da água do Rio Jordão para irrigação. O solo
pouco fértil e o clima seco dificultavam a prosperidade na região. No entanto,
a Palestina era uma área estratégica, pois interligava o norte da África e a
Mesopotâmia, formando a chamada "Crescente Fértil".
A
história do povo hebreu está contida no Torá (texto
incorporado à Bíblia, sendo pelos cristãos denominado Antigo Testamento),
que traça a trajetória do homem desde sua criação e o povoamento da Terra até a
formação de um Estado. Segundo a
tradição bíblica, Abraão recebera inspiração divina para levar seu povo para a
Terra Prometida. Entre 1700 e 1500 a.C., houve não só a adaptação dos hebreus
na região, como também a ocupação do local por outras populações. Nesse
período, coube a Jacó a liderança e a organização do povo hebreu.
Jacó
levou uma parte dos hebreus para o Egito, pois a região apresentava melhores
condições que a Palestina e, durante muito tempo, continuaram a trabalhar para
o faraó, não como escravos, pois preservaram suas famílias e costumes.
Os
hebreus ficaram no Egito durante o período da invasão dos hicsos. Quando estes
foram expulsos, deu-se o retorno para a Palestina, sob a liderança de Moisés,
ou seja, o Êxodo por volta de 1270- 1220 a.C.
Organização
política - Os hebreus tinham uma estrutura social baseada em clãs sob a
chefia de um patriarca, responsável pelos destinos do povo. Após a morte de
Moisés, Josué liderou os hebreus (as "Doze Tribos de Israel") na
conquista de parte da Palestina, mas, nesta época, eles ainda sofriam pressões
de outros povos, como os fariseus. Foi neste contexto que alguns líderes
hebreus se destacaram: Samuel e Sansão, sendo conhecidos como Juízes.
Desde
o período de Moisés, os hebreus estavam saindo do politeísmo e tornando-se
monoteístas. Mas foi sob a liderança de Samuel que se concretizaram o
monoteísmo e a centralização de poder. Em 1010 a.C., teve início o reinado de
Saul, primeiro rei de Israel.
Durante
os reinados de Davi (1006-966 a.C.) e de seu filho Salomão (966-926 a.C.), o
reino de Israel conheceu o melhor período de prosperidade e expansão. Com a
morte de Salomão, o reino se fragmentou: ao norte, manteve-se, com a união de
dez tribos, o reino de Israel, e, ao sul, com a união de duas tribos, o reino
de Judá. A fragmentação favoreceu a dominação pelos povos vizinhos, principalmente
assírios e babilônios, os quais deportam os hebreus para a Babilônia, iniciando
o "Cativeiro da Babilônia", que terminou com a derrota dos babilônios
pelos persas, responsáveis pela libertação dos hebreus.
Sucessivamente,
a partir deste período, os hebreus passaram a ser conhecidos genericamente como
“judeus” e foram dominados por vários povos. No ano de 63 a.C., os romanos
conquistaram a Palestina, que foi incorporada como uma província. Em 70,
eclodiu a revolta de Massada, um levante dos judeus contra os romanos, que teve
os segundos como vitoriosos.
Sob
as ordens de Tito, filho do imperador Vespasiano, os romanos destruíram o
templo de Jerusalém e expulsaram os judeus da região, originando a dispersão
deste povo pelo mundo, conhecida como “Diáspora”.
Religião
- Nos primórdios da história dos hebreus, existiu o politeísmo, em que se
destacava o deus Yahweh ou Yeowah (Javé ou Jeová), que, gradativamente, foi
sendo o deus mais cultuado, principalmente em virtude das pregações dos
profetas que anunciavam os desígnios deste deus. A história hebraica é narrada
dentro de seu próprio livro sagrado, que configura as passagens da Criação, do
recebimento dos Dez Mandamentos (o Decálogo), o Êxodo, os livros das leis e dos
provérbios, as profecias.
Em seus primórdios, os hebreus eram politeístas, mas, a
partir da liderança de Abraão, teriam sido escolhidos pelo deus Iahweh ou
Ieowah (Javé ou Jeová), que foi gradativamente se tornando o mais cultuado,
sobretudo porque as pregações dos profetas anunciavam seus desígnios. Para
simbolizar a aliança com Iahweh, Abraão fez a circuncisão em si próprio e
depois em seu filho Isaac, estabelecendo o costume de que todo menino hebreu,
ao completar o oitavo dia de nascimento, deveria passar pelo ritual que
consiste no corte de uma pequena parte da pele do prepúcio, que recobre a
extremidade do pênis.
As dominações se sucederam ao longo de dezenove séculos
(romanos, árabes, turcos e ingleses), até a constituição do Estado de Israel,
em 14 de maio de 1948, quando o líder judeu David Ben-Guiron leu a Declaração
de Independência que encerrava a dominação britânica que durou 30 anos. A
criação do Estado de Israel provocou imediatamente o descontentamento dos povos
árabes, dentre eles, os palestinos, que repudiaram o ato e iniciaram um intenso
enfrentamento que perdura até hoje. O que, para o povo judeu, foi um momento de
alegria, para os palestinos, ficou conhecido como “a catástrofe”, episódio
anualmente lembrado pelos milhares de refugiados em diferentes países com
várias manifestações públicas.
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