"Retrato do Velho"
Bota o retrato do velhinho outra vez
Bota no mesmo lugar
O sorriso do velhinho
Faz a gente se animar, oi.
Eu já botei o meu
E tu não vai botar?
Já enfeitei o meu
E tu vais enfeitar?
O sorriso do velhinho
Faz a gente trabalhar
(Retrato
do Velho, de Marino Pinto e Haroldo Lobo)
Acima, temos o gingle que marcou a campanha política para o retorno de Getúlio à Presidência da República: com a ascensão de Vargas ao poder em 1951, reconduzido à presidência
“nos braços do povo” através da chancela das urnas, instalou-se uma política nacionalista, com o
estabelecimento do monopólio estatal sobre a extração e o refino do petróleo,
expresso na criação da PETROBRAS e coroando uma imensa
campanha conhecida como "O Petróleo é Nosso". Houve também a expansão
da Companhia Siderúrgica de Volta Redonda mas, em contrapartida, Vargas teve
também de enfrentar uma inflação
crescente e um Congresso e imprensa contrários à sua prática política.
Seu ministro do Trabalho, o trabalhista João Goulart, amedrontava a burguesia
conservadora que temia uma guinada de Vargas à esquerda e a implantação de uma republica sindicalista, tal como
fizera na Argentina o ditador Juan Domingo Perón.
Getúlio em seu gabinete no Palácio do Catete
Discurso de GV em 1o de Maio de 1951
Dessa
forma, o segundo governo Vargas foi pontilhado de manifestações contrárias a
ele, um verdadeiro cerco da imprensa, manifestos dos militares que julgavam
estar ocorrendo uma marginalização das Forças Armadas e agitações populares. O
anúncio de que o salário mínimo seria elevado em 100% apenas acirrou os ânimos.
A campanha do "Petróleo é nosso" e a PETROBRAS em 1953
No auge das manifestações, ocorreu o “atentado da Rua
Toneleros”, onde Carlos Lacerda, membro da
UDN e proprietário do jornal A Tribuna da
Imprensa, foi ferido a tiros e o major da Aeronáutica Ruben Tolentino Vaz ,
responsável pela escolta de Lacerda, perdeu a vida.
Os opositores
culparam Getúlio, que declarou inocência,
comprometendo-se a investigar o fato. A Força Aérea decidiu averiguar o caso
por conta própria, chegando até o nome de Gregório Fortunato, chefe da guarda
pessoal do presidente. A partir daí, as investigações referiam-se ao ambiente
do governo descrevendo-o como “mar de lama”.
Atrás de Getúlio, o chefe de sua guarda pessoal: Gregório Fortunato.
As pressões
para que Getúlio deixasse o poder cresciam de todos os lados: UDN, Forças
Armadas, e até mesmo o vice Café Filho sugeriu que ambos renunciassem. Na noite
de 23 de agosto de 1954, em uma reunião ministerial, Vargas comprometeu-se a
tirar uma licença e deixar o Executivo. Mas, na madrugada de 24 de agosto,
Getúlio cometeu suicídio com um tiro no peito, depois de redigir uma inflamada
carta-testamento.
Máscara mortuária de Getúlio Vargas
Arma de Vargas usada no suicídio
A UDN
percebeu, então, que havia perdido sua ultima chance de chegar ao poder e
decidiu dar um golpe de Estado para evitar a posse do candidato eleito,
Juscelino Kubitschek, com o pretexto de que ele não conseguira maioria absoluta
dos votos. Café Filho afastou-se do poder alegando motivos de saúde, sendo
substituído pelo presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz.
Carlos Lacerda
A articulação de um golpe era
comentada em todos os círculos e já dado como certo por muitos, quando o
ministro da Guerra, Marechal Henrique Teixeira Lott, decidiu dar um "golpe
preventivo": as tropas do Exército ocuparam os edifícios governamentais,
estações de rádio e jornais. Em virtude da posição negativa dos ministros da
Marinha e Aeronáutica às ações de Lott , as tropas do Exército cercaram as
bases aéreas e navais.
Café Filho, quem deveria terminar o mandato de Getúlio.
Marechal Lott: ministro da Guerra responsável pelo "golpe preventivo"
Os parlamentares decidiram pelo
afastamento do presidente em exercício Carlos Luz e colocaram em seu lugar o presidente
do Senado, Nereu Ramos. O País foi mantido em estado de sítio por trinta dias,
prorrogado por igual período. A posse de JK ocorreu em 31 de janeiro de 1956 e
assim, o Brasil retornava ao Estado de Direito.
Carlos Luz: presidente da Câmara dos deputados impedido de tomar posse por Lott
Nereu Ramos: presidente interino pelo "golpe preventivo" de Lott, responsável pela transição do cargo para JK.
Juscelino Kubitschek : restauração do Estado de Direito.
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