As Ricas Horas do Duque de Berry

As Ricas Horas do Duque de Berry
As Ricas Horas do Duque de Berry. Produção dos irmãos Limbourg - séc. XV. Mês de julho

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

A Primeira Guerra Mundial em imagens e textos.

Brasão do Império Austro-Húngaro: o escudo austríaco na esquerda e o húngaro na direita, unidos pela divisa em latim "Indivisível e Inseparável". 

Brasão do II Reich (1870-1918)

Brasão do Império Russo - Dinastia Romanov (1616-1917)

Brasão do Império Britânico

Brasão da República Francesa

A declaração de guerra do Império Alemão.


"Agosto 1914" - Isaac Rosenberg (1890-1918)

Fogo. E o que entra em combustão
Em nossas vidas? O amado
Celeiro do coração?
Tudo o que será lembrado?

Tem três vidas uma vida -
Ferro, mel e ouro. Do trio
Idos o mel e o ouro, fica
Apenas o duro e frio.

De ferro são nossas vidas
A fundir-se na nascente.
No campo abre-se a ferida,
Na boca quebra-se um dente.

"Nada de novo no front" Erich Maria Remarque (1928)

Kantorek foi nosso professor na escola, um homem pequeno, severo, de paletó cinza de abas, com um rosto afilado de camundongo. Tinha, aproximadamente, a mesma estatura que o cabo Himmelstoss, o Terror de Klosterberg. Aliás, é engraçado como o infortúnio do mundo provém tão freqüentemente de homens baixos: são muito mais enérgicos, de gênio muito pior do que os indivíduos altos. Tentei sempre evitar pertencer a companhias lideradas por comandantes pequenos: em geral são uns carrascos.
Kantorek nos leu tantos discursos nas aulas de ginástica que a nossa turma inteira se dirigiu, sob o seu comando, ao destacamento do bairro e alistou-se. Vejo-o ainda à minha frente, e lembro-me de como o seu olhar cintilava através dos óculos, quando, com a voz embargada, perguntava:

Vocês vão todos, não é, companheiros?

Esses educadores têm sempre os seus sentimentos prontos, na ponta da língua, e os ficam espalhando a todo instante, sob a forma de lições. Mas, naquela época, ainda não nos preocupávamos com isto.
É verdade que um de nós vacilou e não quis acompanhar os demais. Foi Josef Behm, um rapaz gordo e calmo. Finalmente, deixou-se convencer, pois do contrário as coisas teriam ficado impossíveis para ele. Talvez houvesse outros que pensavam como ele, mas não ousaram proceder de outra forma, pois, naquela época, até os nossos próprios pais usavam facilmente a palavra “covarde”. As pessoas não tinham nenhuma idéia do que estava para vir. Os mais sensatos eram realmente os pobres, os simples: viram logo que a guerra era uma desgraça, enquanto as classes mais altas não se continham de alegria, embora fossem elas justamente que deveriam ter previsto mais depressa as suas conseqüências.

Katczinsky insiste que isto é próprio da educação o excesso de estudo torna os homens burros. E, se Kat o afirma, é porque pensou muito antes de fazê- lo.

Estranhamente, Behm foi um dos primeiros a morrer. Durante um dos ataques foi atingido nos olhos por uma bala. Imaginando-o morto, nós o abandonamos no campo. Não pudemos trazê-lo de volta, tão precipitada foi nossa retirada. À tarde, repentinamente, nós o ouvimos chamar e vimos que tentava arrastar-se até as nossas trincheiras. Perdera, apenas, os sentidos. Por não conseguir ver e por estar louco de dor, não procurava cobertura, e por isso foi baleado antes que um dos nossos pudesse ir buscá-lo.
É claro que não se pode responsabilizar Kantorek por tudo isto; que seria do mundo se a isto se chamasse culpa? Houve milhares de Kantoreks, todos convencidos de que procediam da melhor forma e de maneira cômoda para eles.

Mas, aos nossos olhos, foi justamente por isso que sua missão fracassou.

Os professores deveriam ter sido para nós os intermediários, os guias para o mundo da maturidade, para o mundo do trabalho, do dever, da cultura e do progresso e para o futuro. Às vezes, zombávamos deles e lhes pregávamos peças, mas, no fundo, acreditávamos neles. À idéia de autoridade da qual eram os portadores, juntou-se em nossos pensamentos uma melhor compreensão e uma sabedoria mais humana. Mas o primeiro morto que vimos destruiu esta convicção. Tivemos que reconhecer que a nossa geração era mais honesta do que a deles; só nos venciam no palavrório e na habilidade. O primeiro bombardeio nos mostrou nosso erro, e debaixo dele ruiu toda a concepção do mundo que nos tinham ensinado. 

"Epitáfio de um combatente da Primeira Guerra Mundial" Rudyard Kipling 1914

"Se alguém perguntar por que morremos,
diga-lhe, porque nossos pais mentiram."


Sugestão do Gabinete: "Joyeux Noël" (Feliz Natal) Direção: Christian Carion, 2005, 116 min.


Natal de 1914, em plena 1ª Guerra Mundial. A neve e presentes da família e do exército ocupam as trincheiras francesas, escocesas e alemãs, envolvidas no conflito. Durante a noite os soldados saem de suas trincheiras e deixam seus rifles de lado, para apertar as mãos do inimigo e confraternizar o Natal. É o suficiente para mudar a vida de um padre anglicano, um tenente francês, um grande tenor alemão e sua companheira, uma soprano.




Nenhum comentário:

Postar um comentário