segunda-feira, 23 de março de 2015

As civilizações orientais: Egito (Parte I)

O EGITO ANTIGO

O território do Egito está situado na região nordeste do norte da África, sendo uma área estratégica para o acesso da Ásia ou mesmo da Europa. Nas palavras do historiador grego Heródoto (séc. V a.C.), "o Egito é uma dádiva do Nilo", pois, ao longo da porção norte de suas margens, desenvolveu-se uma sofisticada civilização por mais de 4.000 anos, que aproveitou as constantes cheias do rio para o desenvolvimento da agricultura, seja pela fertilização das margens realizada pelas cheias, seja pelos canais de irrigação para as regiões mais secas .



Inicialmente, formaram-se núcleos de povoamento às margens do Rio Nilo, que se transformaram em duas unidades maiores, os reinos do Alto Egito e Baixo Egito, e  foram unificados em 3200 a.C. por Menés, estabelecendo a capital em Tinis.




A sociedade egípcia - Os egípcios tinham uma sociedade fortemente hierarquizada e de difícil mobilidade. No topo desta estrutura, encontrava-se o soberano, conhecido como faraó, indivíduo que controlava toda a hierarquia e era visto como um deus vivo. Relacionados diretamente com o faraó estava a nobreza, ou seja, seus parentes mais próximos (rainha, outras esposas e filhos), os sacerdotes (responsáveis pela relação entre os homens e os deuses), os altos funcionários e generais. A população restante constituía-se de agricultores, pastores artesãos e escravos (prisioneiros de guerra).



Economia - A economia egípcia tinha por base a agricultura, que estava diretamente relacionada com as cheias do Nilo, que eram responsáveis pela fertilização do solo das margens em virtude da cobertura de lodo remanescente quando as águas voltavam ao seu limite natural.
A posse das terras era do Estado e atribuída ao faraó, que ordenava a realização de diferentes formas de trabalho: as atividades agrícolas, as obras dos canais de irrigação e a construção de palácios, templos e tumbas.




Entre os principais produtos da agricultura, destacavam-se o trigo, a cevada, o papiro, as frutas e as leguminosas. Além da agricultura, o pastoreio tinha um papel importante, com a criação de bovinos, caprinos e ovinos. Quanto às atividades comerciais, os egípcios comercializavam com diversos povos, comprando madeira, marfim, perfumes e pedras preciosas e vendendo papiro, óleos vegetais, grãos e vinho. O artesanato egípcio era muito sofisticado nas mais diferentes áreas, como escultura, mobiliário, pintura e ourivesaria.

Ourives, marceneiros, joalheiros e gravadores trabalhando em artefatos para o comércio – Tumba de Nebamun e Ipuky: 18ª Dinastia


A política - A trajetória política do Egito Antigo é dividida em três períodos principais: Antigo Império, Médio Império e Novo Império. Durante o primeiro, ocorreu a unificação dos dois reinos (Alto e Baixo) por Menés (também chamado de Narmer) em 3200 a.C.. Outro acontecimento importante foi a construção das pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, entre 2700 e 2600 a.C.. O final do período foi marcado pelo fortalecimento da nobreza em detrimento do faraó.
No Médio Império, o poder voltou a ser centralizado pelos faraós e ocorreu a expansão para a Palestina e a Núbia. Foi por volta de 1800 e 1700 a.C. que os hebreus chegaram ao Egito e, na mesma época, ocorreu a invasão dos hicsos, povo das regiões planálticas da Ásia que introduziu o uso do carro de guerra.

Pintura da tumba de Tutankhamon 


A expulsão dos hicsos assinalou o início do Novo Império, um período marcado por grandes faraós, como Tutmés III, que ampliou o império conquistando a Síria e alcançando o Rio Eufrates. Talvez um dos mais importantes acontecimentos deste período tenha ocorrido durante o reinado do faraó Amenófis IV, que suprimiu o politeísmo e o culto ao deus Amon-Rá, impondo a crença no deus único Aton (cujo nome foi alterado para Akhenaton). Seu sucessor, Tutankhamon, restaurou o politeísmo, bem como o prestígio dos sacerdotes, os quais foram responsáveis por uma forte influência no governo daquele que ficou conhecido como “faraó menino”, pois reinou dos 10 aos 18 ou 19 anos aproximadamente.

No final do Novo Império, o Egito sofreu várias invasões, como a dos assírios no século VII a.C. e a dos persas no século VI a.C.. A decadência se ampliou, culminando com a dominação de Alexandre Magno (século IV a.C.) e dos romanos no século I a.C .

Cultura e religião - Os egípcios eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses, os quais se relacionavam com elementos da natureza: Rá, o Sol, senhor dos deuses; Hórus, o Falcão relacionado com o céu e também com o sol; Anúbis, o Chacal, protetor dos embalsamadores; Osíris, deus da ressurreição humana; Ísis, a deusa mãe de todas as coisas; Hator, deusa da alegria. Também eram cultuados alguns animais como Khnum, o carneiro; Sobec, o crocodilo; Basteth, a gata. Alguns deuses eram antropozoomórficos, ou seja, formados por uma parte humana e outra parte animal. Anúbis, por exemplo, tinha a cabeça de um chacal e o corpo de um homem.



Dentro da religião egípcia, acreditava-se na vida após a morte, sendo prioritária a conservação do corpo do morto através da mumificação, pois o espírito retornaria para reconhecer sua antiga morada e levar todos os pertences deixados no túmulo para a outra vida, no além.



A sofisticação da cultura egípcia é verificada pelas construções arquitetônicas remanescentes, repleta de esculturas e pinturas, que são uma das principais fontes de estudo sobre esta civilização. Os egípcios tinham notáveis conhecimentos em matemática, astronomia e medicina.


Sua escrita, os hieróglifos, representa um complexo conjunto de sinais que significavam sons e, juntos, constituíam as palavras. A escrita, no entanto, era diretamente controlada pelo Estado, sendo os escribas "os olhos e ouvidos do faraó", pois apenas este seleto grupo de funcionários detinha tal conhecimento - em virtude de seu caráter sagrado. Os escribas estavam presentes nos templos, palácios e túmulos. Além dos hieróglifos, existiam outros dois tipos de escrita mais simplificados: o hierático e o demótico (mais popular).

A pedra de Roseta, chave da tradução dos hieróglifos usada por François Champollion em 1822. Hoje exposta no British Museum de Londres. Sua inscrição registra um decreto de 196 a.C., na cidade de Mênfis.

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