domingo, 15 de março de 2015

Um pouco mais da tal "Pré-História"

O Período Paleolítico: Idade da Pedra Lascada

O Paleolítico vai de 500.000 a.C. a 10.000 a.C., sendo que as primeiras atividades humanas eram relacionadas com a caça e coleta, em virtude da vida nômade e precária dos primeiros seres humanos. Inicialmente, não dispunham de utensílios e artefatos que lhes garantissem grande eficiência em suas atividades, sendo obrigados a consumir alguns vegetais (raízes e frutos) e carne de carcaças de animais abatidos por outros carnívoros. 

Mas, ao longo do Paleolítico, o homem começou a desenvolver os primeiros artefatos de caça à base de pedra, ossos e madeira. Outro fator relevante foi o desenvolvimento da massa cerebral dentro do processo de evolução biológica, permitindo maior adaptação às intempéries e também o desenvolvimento do andar ereto. Este homem foi denominado Homem de Neanderthal (região oeste da Alemanha, junto ao vale do rio Reno, onde foram encontrados seus vestígios).

Até 2010, os paleontólogos, biólogos, antropólogos tem discutido e publicado muitos trabalhos que falam da possibilidade do Homo sapiens ser descendente do homem de Neanderthal. Estudos de uma equipe de pesquisadores suecos concluiu após o mapeamento do genoma do homem de Neanderthal  e o comparou com o genoma do Homo sapiens , identificando o parentesco entre ambos, num encontro que deve ter ocorrido no intervalo de 80.000 e 50.000 a.C., na região do Oriente Médio.

No período entre 40.000 e 10.000 a.C., o homem alcançou um desenvolvimento mais amplo, dotado de manifestações culturais mais complexas e uma grande habilidade de criar artefatos em sílex. Posteriormente, este homem foi denominado Homem de Cro-Magnon (região sudoeste da França onde foram encontrados seus vestígios), o qual pode ser considerado pertencente à nossa espécie Homo sapiens sapiens. Somos o "Homem sábio, muito sábio" em nossa gigantesca modéstia classificatória...

Como o homem chegou ao continente americano? O processo de ocupação do continente americano pelo homem ocorreu por fluxos migratórios de origens e datações variadas. De acordo com as provas encontradas (pinturas rupestres, restos de excrementos e fogueiras, objetos e ossos), considera-se que os mais antigos exemplares de nossa espécie tenham chegado ao continente americano entre 40 000 e 20.000 a. C.




Uma das hipóteses é o fluxo migratório oriundo da Ásia pela travessia do atual estreito de Bering, que estaria congelado e, assim, unia os dois continentes, bem como outros efeitos da glaciação como a redução do nível dos mares em 140 metros abaixo do atual.




Fonte: Folha.com 07/05/2010





Há também uma hipótese que propõe um fluxo migratório cujo ponto de partida estaria no sudeste asiático e daí teria ocupado áreas na Oceania, depois as ilhas no Oceano Pacífico e, por fim, chegado à América.



Os ancestrais da atual população indígena do Brasil têm o formato do crânio e a face muito semelhante ao dos asiáticos (mongóis, chineses e japoneses), enquanto o crânio da “Luzia”, nosso exemplar mais antigo, encontrado na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, datado entre 11 500 e 11 000 a.C., se aproxima muito mais dos australianos e africanos atuais.

A nossa Luzia




O Período Neolítico: A Idade da Pedra Polida

Este período é marcado pelo fim da última era glacial, em que ocorreram transformações climáticas que se aproximam das características atuais. O aumento das temperaturas favoreceu o crescimento das florestas em regiões temperadas na Europa central; o norte da África ficou ressequido e o Saara transformou-se num deserto. Dessa forma, os primeiros contingentes humanos começaram a se fixar nas margens dos rios, desenvolvendo a agricultura e a criação de animais em pastoreio. A partir deste período, o homem deixa a vida nômade e adota a sedentária.

A fixação das populações às margens dos rios propiciou o surgimento das primeiras “civilizações” no Oriente Próximo (Nilo, Tigre, Eufrates, Jordão), no Extremo Oriente (Ganges, Indo, Amarelo, Azul) e nas Américas. Esse processo foi denominado "Revolução Agrícola".

Observa-se aqui uma distinção: os povos do Crescente Fértil e do Extremo Oriente podem ser considerados uma espécie de “vanguarda tecnológica”, pois viveram a Revolução Agrícola antes e mais intensamente – seu  processo gradativo de agricultura, domesticação, fundição e urbanização foi nitidamente diferente do das populações das Américas, da África sub-saariana e da Oceania.

Enquanto na Oceania e nas Américas – com exceção da Mesoamérica e do Altiplano andino – a agricultura se desenvolveu lentamente e a domesticação de animais foi mais limitada (cão, lhama, cobaia e algumas aves), a chamada encruzilhada do mundo, o Crescente Fértil, tinha plantações grandes e variadas – trigo, cevada, lentilha, ervilha e oliva – e criação de cavalos, cabras, bois, carneiros, galinhas, gansos, abelhas e camelos –, e o Extremo Oriente cultivava arroz, painço, soja, inhame, banana e criava cavalos, bois, búfalos d’água, galinhas, iaques e gansos.



Talvez a explicação seja pela diversidade climática que perpassa o continente que se estende de um polo a outro, enquanto a Europa, o Oriente Médio e o Extremo Oriente estão dentro de uma mesma faixa climática; além disso, o primeiro milho colhido não podia sustentar populações urbanas, mas o primeiro trigo colhido, sim, e, segundo alguns cientistas, essa diferença teria criado um abismo de aproximadamente mil anos entre os povos dos dois lados do Atlântico, em termos do avanço tecnológico.



Esta é a tese do biólogo Alfred Crosby, que propõe o desenvolvimento de uma “bomba biológica” resultante do isolamento geográfico entre os contingentes humanos que viviam no Velho e no posteriormente denominado Novo Mundo, que passaram por processos de produção alimentar e organização social distintos, o que teria criado campos de problemas e experiências também diferentes: aqueles conheceram inúmeras técnicas de que chegaram a sobreviver por séculos, e estes começaram a esboçar um percurso semelhante, mas sem o mesmo tempo para aprender com ele.

Embora não haja uma explicação definitiva para esse descompasso tão evidente, provavelmente foi um dos fatores do êxito da dominação europeia sobre as terras do Novo Mundo, além da superioridade militar e das inúmeras doenças que dizimaram rapidamente milhares de indígenas e de aborígines do continente australiano e das ilhas.

Outro fator que deve ser levado em conta na análise das diferenças culturais é o conhecimento da tecnologia de fundição. Os povos da América ainda usavam metais fundidos (ouro e prata) para a fabricação de adornos e objetos de culto, e os europeus que já conheciam técnicas mais sofisticadas de trabalho com metais e produziam inúmeros objetos de ferro e de aço, como por exemplo as armas brancas, armaduras e armas de fogo.

Na fase final do período, houve o desenvolvimento da técnica de fundição de metais: inicialmente, o cobre, depois estanho e, na soma destes dois, o bronze. No Egito e na Mesopotâmia, começou-se a produzir bronze por volta de 3000 a.C. e, cerca de 2500 a.C. em Creta, Grécia e Península Ibérica. A produção de ferro foi mais tardia, por volta de 1500 a.C. na Ásia Menor.

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