terça-feira, 31 de março de 2015

As civilizações orientais: Fenícia e Palestina (Parte III)

A FENÍCIA

Ocupando a região litorânea do Mar Mediterrâneo, limitada pela Península do Sinai ao sul e por montanhas a leste e norte, os fenícios, povo de origem semita, se estabeleceram nesta estreita faixa de terra e dedicaram-se ao comércio, pois não havia planícies suficientes para o desenvolvimento da agricultura em larga escala, como nos vales do Nilo, Tigre ou Eufrates.



A organização política adotada foi a de cidades-estado, tendo destaque, Tiro, Biblos e Sídon. A Fenícia, porém, dispunha de uma pequena parcela de seu território onde era possível desenvolver a pequena agricultura, mas o eixo econômico concentrava-se mesmo no comércio marítimo em virtude das grandes florestas que ali existiram. O comércio de madeira, artesanato, ourivesaria, vidro e outros artigos por eles transportados lhes garantiram a estabilidade econômica para que fundassem várias colônias na bacia do Mediterrâneo, como Cartago (norte da África) e Gades (Cádis, na Espanha atual).



Uma das principais contribuições dos fenícios em termos culturais foi o desenvolvimento de um sistema de escrita mais simples e prático, adotado pelos gregos para a composição de seu alfabeto. Quanto à religião, eram politeístas, com deuses relacionados com a natureza, sendo os principais Baal, o deus das alturas, tempestades e raios; Ayan, das águas subterrâneas, e Anat, da guerra.
      

PALESTINA

Situada numa pequena faixa litorânea entre o Mediterrâneo e o Jordão, a Palestina era uma região árida, que dependia da água do Rio Jordão para irrigação. O solo pouco fértil e o clima seco dificultavam a prosperidade na região. No entanto, a Palestina era uma área estratégica, pois interligava o norte da África e a Mesopotâmia, formando a chamada "Crescente Fértil".

A história do povo hebreu está contida no Torá (texto incorporado à Bíblia, sendo pelos cristãos denominado Antigo Testamento), que traça a trajetória do homem desde sua criação e o povoamento da Terra até a formação de um Estado.  Segundo a tradição bíblica, Abraão recebera inspiração divina para levar seu povo para a Terra Prometida. Entre 1700 e 1500 a.C., houve não só a adaptação dos hebreus na região, como também a ocupação do local por outras populações. Nesse período, coube a Jacó a liderança e a organização do povo hebreu.



Jacó levou uma parte dos hebreus para o Egito, pois a região apresentava melhores condições que a Palestina e, durante muito tempo, continuaram a trabalhar para o faraó, não como escravos, pois preservaram suas famílias e costumes. Os hebreus ficaram no Egito durante o período da invasão dos hicsos. Quando estes foram expulsos, deu-se o retorno para a Palestina, sob a liderança de Moisés, ou seja, o Êxodo por volta de 1270- 1220 a.C.

Uma grande questão que envolve a história do povo hebreu está no fato de muitos personagens citados no texto da Torá talvez não passem de lendas, pois faltam evidências arqueológicas e históricas de outras fontes que possam sustentar a narrativa apresentada no texto sagrado.

Organização política 

Os hebreus tinham uma estrutura social baseada em clãs sob a chefia de um patriarca, responsável pelos destinos do povo. Após a morte de Moisés, Josué liderou os hebreus (as "Doze Tribos de Israel") na conquista de parte da Palestina, mas, nesta época, eles ainda sofriam pressões de outros povos, como os fariseus. Foi neste contexto que alguns líderes hebreus se destacaram: Samuel e Sansão, sendo conhecidos como Juízes.



Desde o período de Moisés, os hebreus estavam saindo do politeísmo e tornando-se monoteístas. Mas foi sob a liderança de Samuel que se concretizaram o monoteísmo e a centralização de poder. Em 1010 a.C., teve início o reinado de Saul, primeiro rei de Israel.

Durante os reinados de Davi (1006-966 a.C.) e de seu filho Salomão (966-926 a.C.), o reino de Israel conheceu o melhor período de prosperidade e expansão. Com a morte de Salomão, o reino se fragmentou: ao norte, manteve-se, com a união de dez tribos, o reino de Israel, e, ao sul, com a união de duas tribos, o reino de Judá. A fragmentação favoreceu a dominação pelos povos vizinhos, principalmente assírios e babilônios, os quais deportam os hebreus para a Babilônia, iniciando o "Cativeiro da Babilônia", que terminou com a derrota dos babilônios pelos persas, responsáveis pela libertação dos hebreus.



Sucessivamente, a partir deste período, os hebreus passaram a ser conhecidos genericamente como “judeus” e foram dominados por vários povos. No ano de 63 a.C., os romanos conquistaram a Palestina, que foi incorporada como uma província. Em 70 d.C., eclodiu a revolta de Massada, um levante dos judeus contra os romanos, que teve os segundos como vitoriosos.
Sob as ordens de Tito, filho do imperador Vespasiano(69-79 d.C.), os romanos destruíram o templo de Jerusalém e expulsaram os judeus da região, originando a dispersão deste povo pelo mundo, conhecida como “Diáspora”.

O retorno triunfal dos romanos, trazendo o Menorá (candelabro de 7 braços) do Templo arrasado de Jerusalém para Roma. Detalhe do Arco do Triunfo de Tito, localizado no Fórum Romano, Roma Itália. Foto: Elias Feitosa


Religião 

Nos primórdios da história dos hebreus, existiu o politeísmo, em que se destacava o deus Yahweh ou Yeowah (Javé ou Jeová), que, gradativamente, foi sendo o deus mais cultuado, principalmente em virtude das pregações dos profetas que anunciavam os desígnios deste deus. A história hebraica é narrada dentro de seu próprio livro sagrado, que configura as passagens da Criação, do recebimento dos Dez Mandamentos (o Decálogo), o Êxodo, os livros das leis e dos provérbios, as profecias.

Em seus primórdios, os hebreus eram politeístas, mas, a partir da liderança de Abraão, teriam sido escolhidos pelo deus Iahweh ou Ieowah (Javé ou Jeová), que foi gradativamente se tornando o mais cultuado, sobretudo porque as pregações dos profetas anunciavam seus desígnios. Para simbolizar a aliança com Iahweh, Abraão fez a circuncisão em si próprio e depois em seu filho Isaac, estabelecendo o costume de que todo menino hebreu, ao completar o oitavo dia de nascimento, deveria passar pelo ritual que consiste no corte de uma pequena parte da pele do prepúcio, que recobre a extremidade do pênis.


As dominações se sucederam ao longo de dezenove séculos (romanos, árabes, turcos e ingleses), até a constituição do Estado de Israel, em 14 de maio de 1948, quando o líder judeu David Ben-Guiron leu a Declaração de Independência que encerrava a dominação britânica que durou 30 anos. 

A criação do Estado de Israel provocou imediatamente o descontentamento dos povos árabes, dentre eles, os palestinos, que repudiaram o ato e iniciaram um intenso enfrentamento que perdura até hoje. O que, para o povo judeu, foi um momento de alegria, para os palestinos, ficou conhecido como “a catástrofe”, episódio anualmente lembrado pelos milhares de refugiados em diferentes países com várias manifestações públicas.




Nenhum comentário:

Postar um comentário