A China
foi uma monarquia até 1910, quando grupos nacionalistas republicanos liderados
por Sun Yat-sen derrubaram o último imperador, Pu Yi e implantaram um regime republicano. No
entanto, os grupos agrários, principalmente os grandes senhores de terra
(chefes guerreiros locais) se opuseram à nova organização do Estado chinês,
temendo a perda de poderes e fragmentando a recém-nascida república.
No ano de
1921, com a fundação do Partido Comunista Chinês tem-se o início de uma luta
contra os "chefes guerreiros". Os comunistas juntaram-se ao
Kuomintang, um partido de caráter nacionalista liderado por Chiang Kai-shek.
Porém, em 1927 há uma ruptura entre os nacionalistas e comunistas e vários choques
entre as facções, culminando com a morte de milhares de comunistas pelos
nacionalistas.
General Chiang Kai-shek, líder nacionalista chinês.
A partir
deste momento, a China mergulhou numa longa guerra civil (1927-1949) entre as
duas facções, havendo nesse ínterim a invasão japonesa à China em 1931. Os
comunistas iniciaram uma marcha, saindo do sul do país em direção ao norte,
onde fundaram a República Vermelha sob a liderança de Mao Tsé Tung. Com o fim
da Segunda Guerra e a expulsão dos japoneses, a guerra civil prosseguiu e os
comunistas obtiveram forte apoio popular e também auxílio da União Soviética,
enquanto os nacionalistas foram ajudados pelos Estados Unidos. Em 1949, os
comunistas vencem, e assim Chiag Kai-shek e suas tropas remanescentes
refugiaram-se na ilha de Formosa, organizando um governo pró-ocidente.
O líder Mao e seu famoso "Livro Vermelho" num cartaz de propaganda oficial
Mao
Tsé-Tung fundou a República Popular da China, implementando um governo
socialista que aboliu todas as estruturas remanescentes da monarquia, fez ampla
reforma agrária, tornou a educação obrigatória e a partir de uma aliança com a
União Soviética começou a formar um grande parque industrial. Todavia, a
Revolução Chinesa tinha uma forte presença do campesinato, e não se enquadrava
em vários aspectos dentro do pensamento de Moscou, o que favoreceu a ruptura
com os soviéticos em 1961.
Em 1966 ocorria
na China a chamada "Revolução Cultural", um processo que deveria
conter o revisionismo do partido, da população e do governo, criando-se os
comitês revolucionários para garantir a manutenção da Revolução. Dessa forma,
ocorreram vários expurgos dentro do partido, o qual foi reestruturado no IX
Congresso, com a indicação do ministro da Defesa Lin Piao como sucessor de Mao.
Neste momento, a personalidade de Mao tornou-se o centro do regime, tendo seu
pensamento condensado no "livrinho vermelho".
Durante a
década de 1970, a China havia iniciado uma aproximação com o Ocidente no
intuito de reduzir as tensões entre o mundo capitalista e o socialista,
principalmente com a expulsão de Taiwan da ONU e a entrada da China, como
também a visita do presidente norte-americano Nixon em 1972.
A morte
de Mao em 1976 fez com que o "grupo de Xangai" (aliados de Mao) fosse
afastado do poder, e assim iniciou-se uma nova fase, com a eleição de Hua Kuo-Feng
como presidente pelo comitê central do partido, um período marcado pela idéia
de conciliação.
A partir
de 1977, Deng Xiaoping conseguiu sua reabilitação política depois de ter sido
vítima das perseguições promovidas por Mão, o cenário político foi
gradativamente transformado através do conjunto de ações que ficaram conhecidas
como “desmaoização”.
Deng
articulou a criação das ZEE (Zonas Econômicas Especiais) que significaram a
introdução de práticas capitalistas dentro da China, possibilitando a recepção
de investimentos e também o incentivo à propriedade privada no campo, portanto,
gradativamente foi se constituindo o modelo chamado de economia socialista de
mercado. As mudanças foram consideráveis, pois os investimentos estrangeiros
entre 1980 e 1995 superaram o valor de 170 bilhões de dólares, sendo que o PIB
chinês em 1995 alcançou 2,8 trilhões de dólares, marcando uma taxa de
crescimento de 10% ao ano.
Deng Xiaoping: o sucessor e transformador da China de Mao
Enquanto
a abertura econômica caminhou rapidamente, o autoritarismo não permitiu a
abertura política no mesmo contexto. Um grupo de ativistas começaram a se concentrar desde 20 de maio de 1989, na Praça da Paz Celestial, numa situação que foi sendo cada vez mais embaraçosa para o governo chinês: uma grande manifestação pela liberdade de expressão e de imprensa, buscando
abrir caminho para a democratização do país: cada vez mais, milhares de estudantes, ativistas políticos e intelectuais
tentaram romper com o regime chinês, num esforço tão intenso quanto o que
ocorria no leste europeu no mesmo momento.
Ao centro, no fundo, uma estátua branca, representando a liberdade que segura com as duas mãos a "chama" que incendiava os corações destas milhares de pessoas a sua volta.
Buscando recuperar a "ordem", em 04 de junho de 1989, a repressão foi intensa pelo governo chinês, gerando inúmeros mortos, feridos e
presos que até hoje, ainda não temos a dimensão precisa. O controle sobre as
manifestações políticas e ações sociais se manteve intenso, sem possibilitar
uma participação mais efetiva da sociedade dentro do cenário político e assim,
a cúpula do partido chinês controlava tudo, sendo a ordem imposta de cima para
baixo.
Desconhecido até hoje, este jovem se impôs perante a violência e o autoritarismo, mesmo que ali ele estivesse em desvantagem, mas sem dúvida, tornou-se sem saber, um símbolo da luta pela liberdade.
Alguns dos civis mortos, em um das poucas fotos que conseguiram sair da China
Ao fim da
década de 1990 ocorreu a transição do governo de Xiaoping para o controle de
Jiang Zemin a partir do 15º Congresso do Partido Comunista Chinês e dali, a
transição para a economia de mercado: inúmeras privatizações, atração maior de
investimentos e a consequente ampliação da produção industrial chinesa que
começaram a “inundar” os mercados nos cinco continentes. Estava consolidada a tese da china ser "1 país com dois sistemas: socialista na política e capitalista na economia", apesar do intenso processo repressivo que sustenta, reprimindo e censurando os cidadãos e lidando com ampla truculência com aqueles que tentem obstruir seus interesses.
O presidente Jiang
Zemin e o primeiro-ministro Zhu Rongji, ambos ex-prefeitos da cidade
de Xangai,
lideraram a nação na década de 1990. Sob os dez anos de administração de Jiang
e Zhu, o desempenho econômico do país retirou cerca de 150 milhões de
camponeses da pobreza e manteve uma taxa média anual de crescimento
do produto interno bruto (PIB) de 11,2%. O país aderiu formalmente
à Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001.
No entanto, o
rápido crescimento econômico que tornou
a economia chinesa a segunda maior do mundo, também impactou
severamente os recursos naturais e o meio ambiente do
país. Outra preocupação é que os benefícios do crescimento da economia não
foram distribuídos uniformemente entre a população, resultando em uma ampla
lacuna de desenvolvimento entre as áreas urbanas e rurais. Como resultado, com
o presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao, o
governo chinês iniciou políticas para abordar estas questões de distribuição equitativa
de recursos, embora o resultado continue a ser observado. Mais de 40
milhões de agricultores foram deslocados de suas terras, em geral para o
desenvolvimento econômico, contribuindo para as 87 mil manifestações e motins
que aconteceram por toda a China apenas em 2005.
Hu Jintao
Wen Jibao
Os padrões de vida melhoraram
significativamente para alguns segmentos, mas os controles políticos se mantiveram
estáveis. Embora a China tenha, em grande parte, conseguido manter a sua
rápida taxa de crescimento econômico, apesar da recessão no final da década
de 2000, sua taxa de crescimento começou a diminuir no início da década de 2010
e a economia continua excessivamente centrada no investimento fixo. Além
disso, os preparativos para uma grande mudança de liderança no Partido
Comunista no final de 2012 foram marcados por disputas entre facções e
escândalos políticos. Durante a mudança da liderança da China em novembro
de 2012, Hu Jintao e Wen Jiabao foram substituídos como presidente e
primeiro-ministro por Xi Jinping e Li Keqiang, que assumem tais
cargos em 2013.
O atual presidente Xi Jinping
Sugestões do Gabinete:
"O último imperador". Direção Bernardo Bertolucci, 1987, 145 min:
A saga de Pu Yi (John Lone), o último imperador da China, que foi declarado imperador com apenas três anos e viveu enclausurado na Cidade Proibida até ser deposto pelo governo revolucionário, enfrentando então o mundo pela primeira vez quando tinha 24 anos. Neste período se tornou um playboy, mas logo teria um papel político quando se tornou um pseudo-imperador da Manchúria, quando esta foi invadida pelo Japão. Aprisionado pelos soviéticos, foi devolvido à China como prisioneiro político em 1950. É exatamente neste período que o filme começa, mas logo retorna a 1908, o ano em que se tornou imperador.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBoa tarde, mestre.
ResponderExcluirSou seu aluno no cursinho da Poli em Santo Amaro (Sala 03 noturno), e sou fã de suas aulas, obrigado por compartilhar conosco sua experiência do saber. Um abraço!!!