sábado, 21 de junho de 2014

Parte II - Renascimento: a transição do mundo medieval para o mundo moderno

A ESTÉTICA RENASCENTISTA

A estética renascentista propôs o retorno aos valores clássicos: arte mimética (a imitação da realidade com o objetivo de buscar a perfeição, segundo Aristóteles, forjando a idéia de respeitar o modelo adotado e dentro dele a busca da superação, com o auxílio da criatividade); a harmonia, a sobriedade (contenção dos sentimentos) e além desta recuperação da Antiguidade, o tema central foi o antropocentrismo (o homem como medida de todas as coisas) em detrimento do teocentrismo, favorecendo o surgimento de uma forma de cultura laica (não religiosa), a qual valorizava o individualismo. 

Quanto à temática, não foram abandonados os temas religiosos, como a vida de santos e as passagens da Bíblia, pois o que ocorreu neste período é a representação mais humanizada da divindade. Outro tema muito recorrente foi a mitologia greco-romana, pois os mitos foram resgatados e ganharam uma roupagem adequada ao gosto burguês.

A produção artística do Renascimento pode ser vista como a construção do imaginário burguês, pois a burguesia buscava a legitimidade e auto-afirmação, querendo romper com a Idade Média e assim livrar do estigma da servidão, afinal, os burgueses saíram deste estamento para depois morar nos burgos e viver do comércio.

AS INOVAÇÕES TÉCNICAS

Durante o Renascimento surgem (ou ressurgem) inúmeras inovações nas artes plásticas: a perspectiva (a representação dos objetos, lidando com os conceitos de  espaço e volume, enfocados a partir de um pondo de vista (ponto de fuga), o que permitiu ampliar o espaço, trabalhando a profundidade e no entanto, delimita o olhar do observador ao ponto estabelecido pelo pintor , também chamado de "técnica do ponto fixo".

Um dos primeiros a utilizar esta técnica foi Giotto e posteriormente, Brunelleschi estabelece uma relação matemática proporcional na representação das imagens, também chamada de perspectiva geométrica, que através do "ponto de fuga", abria o espaço em direção ao infinito; a pintura a óleo, importada da Flandres que foi difundida ao longo do Quattrocento, permitiu o trabalho mais detalhista por parte do artista, possibilitando-lhe o aprimoramento da técnica.

Exemplo de perspectiva com ponto de fuga


FASES DO RENASCIMENTO ITALIANO

Trecento (1300-1399): É a fase de transição entre a estética medieval e a renascentista. Destacam-se neste período os pintores: Giotto di Bondone (1267-1337) , Duccio di Buoninsegna (1255-1319), Cimabue (1240-1302), Simone Martini (1284-1344) e Ambrogio Lorenzetti (1290-1348). Na literatura temos como autores importantes Francesco Petrarca (1304-1374), autor de "Ódes a Laura" e da epopéia "De África" e Giovanni Boccaccio(1313-1375) , autor de "Decameron". A riqueza da produção literária deste período estava na utilização dos dialetos, o toscano principalmente, promovendo a formação da base da língua italiana. 

Obras em destaque:

Cimabue: "Madonna com Menino Jesus, anjos e São Francisco", afresco, c. 1280, Basílica de São Francisco, Assis, Itália.


Cimabue: "Crucifixo", têmpera sobre madeira, c. 1287-88, Museo dell'Opera di Santo Croce, Florença, Itália. 

Duccio: "Maesta", têmpera sobre madeira, c.1308-11, Museo dell'Opera del Dumo, Siena, Itália.

Duccio: Parte posterior da "Maesta", têmpera sobre madeira, c.1308-11, Museo dell'Opera del Dumo, Siena, Itália.

Simone Martini: "A Anunciação", têmpera sobre madeira, c.1333, Galleria degli Ufizzi, Florença, Itália.

Vista da Capella Scrovegni, localizada na igreja de Nossa Senhora da Caridade, Pádua, Itália.


Giotto: "A Lamentação ou deposição da cruz", afresco, c.1314, Capella Scrovegni, Pádua, Itália. 


Giotto: "Madonna com o Menino Jesus", têmpera sobre madeira, c. 1320-30, National Gallery of Art, Washington, EUA.

Ambrogio Lorenzetti: detalhe da "Alegoria do Bom Governo", afresco, c. 1337-40, Palazzo Pubblico, Siena, Itália. 




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