“Uma história de amor e fúria” Direção: Luiz Bolognesi, 2013
“Viver
sem conhecer o passado é como andar no escuro”. Esta fala concisa e contundente
do personagem Abeguar é um bálsamo para qualquer historiador.
Luiz
Bolognesi, buscou mostrar numa animação 100% nacional que é possível romper com
os padrões hollywoodianos e historiográficos, cedendo espaço para os heróis que
morreram “sem virar estátua” na luta contra aqueles “que viraram”.
Numa
narrativa cíclica, os quatro episódios amarram a História e uma fantasia
futurista, expondo a dimensão das lutas e tensões que marcam nossa existência,
que mais uma vez podem ser sintetizados noutra fala de Abeguar: “Todo dia,
mesmo sem saber, estamos lutando por alguma coisa”.
Abeguar
é um guerreiro Tupinambá, escolhido pelo deus Munhã para liderar seu povo, sem
desistir, contra o maligno Anhagá. Nesse longo combate de séculos, o herói tem
a companhia de Janaína, e justamente é o amor sentido por ela que o move na
luta e na busca por reencontrá-la ao longo do tempo.
A
mitologia indígena forma o pano de fundo para a compreensão do herói Abeguar e
sua missão, fazendo valer a oposição Bem versus
Mal, a transformação em pássaro(o voo pode ser visto como símbolo da liberdade
ou mesmo da busca das utopias) e a transformação ao longo da narrativa:
guerreiro indígena, negro alforriado e branco, mas sempre, na luta contra o Mal
e sua opressão.
Falar
do início da colonização, acompanhada de massacres, extração de riquezas e
escravidão no Rio de Janeiro em 1556; citar a Balaiada (1838-41)no período
Regencial sob o olhar dos rebelados, retirando a visão enaltecedora de Caxias e
por fim, apresentar o lado obscuro da ditadura em 1968, tendo os estudantes e
guerrilheiros como seus contestadores promove uma reflexão positiva de como se
constrói o discurso histórico, fazendo jus a frase inicial que enaltece a
importância da História no exercício da cidadania.
Na
parte final, que se trata de uma fantasia futurista(2096), a projeção não
poderia ser melhor: o Brasil sendo uma república corrupta e desigual, onde a
água se tornou artigo de luxo, a exclusão social se agravou e a “segurança”
estaria nas mãos de “milícias particulares”. O interesse público solapado pelo
privado.
Para
contestar a ordem, mais uma vez, aparece uma organização guerrilheira e nisso Abeguar
e Janaína estão juntos novamente encarnando a luta pela justiça social.
Longe
de uma visão maniqueísta, a reflexão sugerida por Bolognesi dá margem para
várias discussões, como por exemplo, a figura de Janaína foge ao estereótipo
sexista ainda dominante na TV e Cinema, pois ela sempre é colocada em posição
de igualdade na luta ao lado de Abeguar.
A seriedade
dos assuntos tratados quebra o ainda presente “senso comum” de que as animações
são coisas infantis. Fruto de muita pesquisa e criatividade, “uma história de
amor e fúria” rendeu condições para que pudéssemos voar mais alto: pensar num
Brasil e uma sociedade melhor e mais justa para todos, independentemente de
renda, crença, gênero ou qualquer outra forma de distinção, exclusão ou
preconceito.
Um
caminho para isso? Conhecer e refletir melhor sobre nossa História. Sempre!
Preciso de uma resenha critica desse filme
ResponderExcluirO mas rapido possível é que o professor passo esse filme mas não tive tempo de assistir por causa do trabalho,agora to precisando de uma resenha critica quem assistiu sera q pode me ajudar?obg bjo nao precisa ser mt coisa
ResponderExcluirO mas rapido possível é que o professor passo esse filme mas não tive tempo de assistir por causa do trabalho,agora to precisando de uma resenha critica quem assistiu sera q pode me ajudar?obg bjo nao precisa ser mt coisa
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