quarta-feira, 19 de agosto de 2015

19 de agosto: Dia do Historiador

A História enquanto ciência se pauta na construção de discursos sobre os atos humanos no passado e para tanto necessita de fontes, as quais serão analisadas e a partir disso, surgirão as bases para a produção de conhecimento histórico.

Na origem, a palavra historíé significa "investigações, pesquisas" em grego, portanto, a história se apresenta como um modo de se levantar informações sobre o passado. Mas quais informações?

Se formos pelo senso comum, seria a narração "dos fatos e acontecimentos", mas sabemos que hoje a História se constrói muito mais pela análise processual do que factual, afinal, os fatos não mudam, mas análise das fontes históricas, sim.
Cada geração busca se apropriar do passado, fazendo sua releitura, mas as bases são as mesmas: entender como, onde e porque ocorreu determinado processo histórico? Quais foram as permanências e mudanças dentro do processo ?

Até a primeira metade do século XX, existiu um predomínio das fontes escritas sobre outras possibilidades que hoje trabalhamos. Por exemplo, é dessa visão que surgiu o conceito de que a História passou a existir depois da invenção da escrita e todo o gigantesco período anterior foi rotulado de "Pré-História" e ainda, acompanhado de um juízo de valor bastante negativo: época do homem primitivo inferior ao homem civilizado, que só passou a existir depois da escrita, que assinalaria o conceito de civilização. Hoje ainda utilizamos o conceito de "Pré-História", mas acompanhado das devidas ressalvas e reflexões que o questionam, bem como, a divisão herdada dos positivistas (História Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea).
Entramos nos domínios de Clio (imagem ao lado produzida por Pierre Mignard em 1689), a musa da História, filha de Zeus e a deusa Mnémosine, segundo os gregos.
Avançando neste processo, já nos libertamos da imposição factual e passamos a explorar outros territórios: a oralidade, a cultura material e imaterial, os discursos presentes nas diferentes artes e sempre tendo em mente que o objeto é o homem ou suas diferentes sociedades no tempo passado e que nesta busca, não há uma visão única, mas visões que mesmo diversas ajudam a compreensão da História e não invalidam seu status de ciência, pois desse modo, escapamos da visão doutrinária que impõe "Verdades", sabendo que o questionamento e crítica dos saberes estabelecidos são uma constante para o avanço do conhecimento e não heresias.

A imposição de uma "História oficial" geralmente resulta de uma perspectiva autoritária, que se recusa a permitir uma reflexão ou debate sobre o passado, legitimando quem naquele contexto exerce o poder sobre os homens ou sobre suas almas.

A História é a construção de um discurso – em geral, daquele que é o vencedor. Se partirmos dessa premissa, veremos que os relatos sempre destacam o papel dos grandes nomes e dos grandes feitos. Lembramo-nos facilmente de nomes de generais ou de governantes que se destacaram, mas dificilmente recuperaremos a massa que compunha seus exércitos – e que foi fundamental para a vitória. Por outro lado, sabemos também que aquele que é tido como “vencido” muitas vezes acabou por assumir, parcial ou integralmente, o discurso do vencedor, de modo que não é possível fazer uma distinção maniqueísta entre “culpados” e “inocentes”.

Em síntese, a História é a ciência que estuda o homem em seu tempo, observando seus processos (permanências e mudanças) e seus agentes nas mais diferentes esferas, pois a compreensão do processo histórico implica o acompanhamento do homem e de seus valores em função da visão de mundo correspondente, mas sempre sustentado em evidências, pois sem fontes não há História e sim, boatos.

É justamente a diversidade de aportes teóricos e metodológicos que favoreceram o estabelecimento de diversas correntes historiográficas e disso, temos diferentes linhas de pesquisa e áreas de atuação para se pensar o fazer histórico, o qual se enriquece  e se amplifica com o contraditório.

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