As Ricas Horas do Duque de Berry

As Ricas Horas do Duque de Berry
As Ricas Horas do Duque de Berry. Produção dos irmãos Limbourg - séc. XV. Mês de julho

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Revisão para o ENEM 2015: Ciências Humanas e suas habilidades

Caros estudantes,

Farei, aqui no Gabinete ao longo desta semana, o comentário de questões relacionadas às Ciências Humanas das provas do ENEM de 2014 e 2013.

A metodologia é o desmonte das questões, explicando a resposta como também a exclusão das demais alternativas.

Bons estudos!!

ENEM - 2015 - Q15


O índio era o único elemento então disponível para ajudar o colonizador como agricultor, pescador, guia, conhecedor da natureza tropical e, para tudo isso, deveria ser tratado como gente, ter reconhecidas sua inocência e alma na medida do possível. A discussão religiosa e jurídica em torno dos limites da liberdade dos índios se confundiu com uma disputa entre jesuítas e colonos. Os padres se apresentavam como defensores da liberdade, enfrentando a cobiça desenfreada dos colonos.

CALDEIRA, J. A nação mercantilista. São Paulo: Editora 34, 1999 (adaptado).

Entre os séculos XVI e XVIII, os jesuítas buscaram a conversão dos indígenas ao catolicismo. Essa aproximação dos jesuítas em relação ao mundo indígena foi mediada pela


  1. A) demarcação do território indígena.
  2. B) manutenção da organização familiar.
  3. C) valorização dos líderes religiosos indígenas.
  4. D) preservação do costume das moradias coletivas.
  5. E) comunicação pela língua geral baseada no tupi. 
 A questão tem como objetivo analisar a relação entre os jesuítas e os indígenas no processo de conversão durante a colonização.

Na alternativa A, observa-se a menção da ideia de demarcação de terras para os indígenas, no entanto, naquele contexto, não havia esta ideia, uma vez que aquelas terras estavam sendo tomadas como posse do rei de Portugal. Os jesuítas se organizaram em missões (aldeamentos com igreja e escola), mas a terra era tida como da Companhia de Jesus e assim, esta alternativa encontra-se errada.

A alternativa B aponta a manutenção da organização familiar dos indígenas, no entanto, isto não era um pressuposto para a catequese jesuítica, pois muitas famílias estavam desarticuladas por conta de ataques sofridos, mortes por doenças ou mesmo resultado da escravidão, sendo que esta última focava em adultos e os jesuítas acabam recebendo crianças, as quais eram melhores "alvos" para a catequese. Vale lembrar que em algumas tribos existia a organização familiar poligâmica e isto não era bem visto pelo catolicismo, portanto, desestimulava-se a manutenção destas práticas entre os indígenas e desse modo, encontra-se errada esta alternativa.

Na alternativa C é sugerida a valorização dos líderes religiosos, mas é sabido que no processo de conversão, os sacerdotes (pajés) foram desvalorizados, uma vez que representavam a crença nativa e esta deveria ser abandonada para que a cristianização fosse eficiente, assim, os jesuítas se colocavam como a "nova" liderança religiosa e desse modo, a alternativa está errada.

A alternativa D apresenta a preservação das moradias coletivas dos indígenas, porém a construção das missões jesuíticas seguia a orientação europeia, fazendo com que houvesse a igreja, o colégio e os indígenas eram ensinados a se comportar de modo cristão, usando roupas, calçados e não necessariamente vivendo em conjunto, muitas vezes separavam-se homens e mulheres, fato que faz desta alternativa errada.

A alternativa E é a correta, porque um dos principais mecanismos utilizados pelos jesuítas foi o uso da comunicação na língua indígena, para que a conversão fosse mais eficiente e gradativamente, ia se ensinando as línguas europeias (latim e português), sendo que em muitos lugares da América Portuguesa, o falar da "língua geral" era muito mais intenso que o português e isso colaborou inclusive para a manutenção de toponímios (nomes de lugares) com o nome conhecido pelos indígenas: Piratininga, Pirituba, Anhangabaú, Itaquera, Itaquaquecetuba, etc. 


ENEM - 2015 - Q19


TEXTO I
Olhamos o homem alheio às atividades públicas não como alguém que cuida apenas de seus próprios interesses, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, decidimos as questões públicas por nós mesmos na crença de que não é o debate que é empecilho à ação, e sim o fato de não se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a hora da ação.

TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987 (adaptado). 


TEXTO II

nada menos que pelo direito de administrar justiça e exercer funções públicas; algumas destas, todavia, são limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal modo que não podem de forma alguma ser exercidas duas vezes pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois de

ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985. 


Comparando os textos I e II, tanto para Tucídides (no século V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV a.C.), a cidadania era definida pelo(a)

  1. A) prestígio social.
  2. B) acúmulo de riqueza.
  3. C) participação política.
  4. D) local de nascimento.
  5. E) grupo de parentesco. 
  O objetivo da questão é explorar o conceito de cidadania no Antiguidade, comparando dois textos (Tucídides e Aristeoteles).

Na alternativa A aponta que a cidadania seris definida pelo prestígio social, no entanto, era o contrário, o prestígio social era derivado da prática da cidadania, reservada aos nativos da cidade, desde que filhos de cidadãos, excetuando-se portanto, os estrangeiros e seus descendentes, as mulheres e os escravos. Desse modo encontra-se errada.

A alternativa B relaciona que a riqueza definia a cidadania, porém em nenhum dos textos esta perspectiva é citada, bem como se sabe que o acesso à assembleia de cidadãos não era necessariamente exclusivo aos mais ricos, pois se garantia o pagamento de um valor aos mais pobres para que, uma vez sendo cidadãos, pudessem deixar seus afazeres e participar dos debates, garantindo a isonomia. Portanto, está errada esta alternativa.

A alternativa correta é a alternativa C, porque em ambos os textos, a cidadania é tratada a partir da participação efetiva do cidadão, na condição da democracia direta, constituída pela assembleia de cidadãos que tomava as decisões referentes às demandas e necessidades daquele coletivo.

Na alternativa D, a cidadania não era automática para qualquer um que nascesse nos domínios da cidade, pois se um estrangeiro (meteco) tivesse filhos nascidos na cidade em que vivia, eles continuariam a ser vistos como metecos. Portanto, o nascimento numa família de cidadãos, dentro dos domínios da cidade garantiam a cidadania, assim sendo, esta alternativa está errada.

A alternativa E, a cidadania está associada exclusivamente ao parentesco, no entanto, os filhos de um cidadão deveriam nascer nos domínios da cidade, pois se nascessem fora, perderiam os seus direitos. A cidadania era uma junção do parentesco (ser filho de cidadão) e o local de nascimento, desse modo, a alternativa está errada.

ENEM - 2015 - Q21


Estatuto da Frente Negra Brasileira (FNB)

Art. 1o - Fica fundada nesta cidade de São Paulo, para se irradiar por todo o Brasil, a Frente Negra Brasileira, união política e social da Gente Negra Nacional, para a da sua atividade material e moral no passado e para reivindicação de seus direitos sociais e políticos, atuais, na Comunhão Brasileira.

Diário Oficial do Estado de São Paulo , 4 nov. 1931. 


Quando foi fechada pela ditadura do Estado Novo, em 1937, a FNB caracterizava-se como uma organização
  1. A) política, engajada na luta por direitos sociais para a população negra no Brasil.
  2. B) beneficiente, dedicada ao auxílio dos negros pobres brasileiros depois da abolição.
  3. C) paramilitar, voltada para o alistamento de negros na luta contra as oligarquias regionais.
  4. D) democrático-liberal, envolvida na Revolução Constitucionalista conduzida a partir de São Paulo.
  5. E) internacionalista, ligada à exaltação da identidade das populações africanas em situação de diáspora. 
O objetivo da questão é analisar o papel da Frente Negra Brasileira (FNB) enquanto um movimento social que surgiu em 1931, durante o Governo Provisório de Getúlio Vargas e fora fechada por ordem do mesmo a partir do Estado Novo em 1937.

A alternativa A é a correta, pois conforme cita o texto publicado no Diário Oficial "e uma "União política e social" que deve buscar "reivindicação de seus direitos sociais e políticos".

A alternativa B está errada, pois o contexto da fundação é 1931 e a abolição ocorrera em 1888, não sendo mencionado nada sobre condição de pobreza ou ações beneficiente, sendo assim, está errada.

Na alternativa C aparece a ideia do militarismo, a partir de uma estrutura paramilitar, no entanto, nada aparece no texto sobre ação militar ou algo relacionado à luta armada, portanto, está errada.

A alternativa D fala do papel democrático-liberal, relacionando-a com a Revolução Constitucionalista de 1932, mas o texto fala da questão dos negros na sociedade brasileira especificamente, sem relacionar nada com outros contextos de ordem política e social daquele momento. Portanto, encontra-se errada.  

Na alternativa E menciona-se o "internacionalismo" e as populações africanas dispersas (situação de diáspora, portanto, dispersos pelo mundo), sendo que o texto fala apenas da situação "nacional", inclusive no nome da instituição, estando assim, errada

ENEM - 2015 - Q29

A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que continuamente se abre perante nossos olhos (isto é, o universo), que não se pode compreender antes de entender a língua e conhecer os caracteres com os quais está escrito. Ele está escrito em língua matemática, os caracteres são triângulos, cujos meios é impossível entender humanamente as palavras; sem eles, vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto. 

GALILEI, G. O ensaiador. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.





    No contexto da Revolução Científica do século XVII, assumir a posição de Galileu significava defender a


  1. A) continuidade do vínculo entre ciência e fé dominante na Idade Média.
  2. B) necessidade de o estudo linguístico ser acompanhado do exame matemático.
  3. C) oposição da nova física quantitativa aos pressupostos da filosofia escolástica.
  4. D) importância da independência da investigação científica pretendida pela Igreja.
  5. E) inadequação da matemática para elaborar uma explicação racional da natureza.

  6.  O objeto de análise a partir da leitura e interpretação do texto de Galileu Galilei é a mudança de paradigma operada pela Revolução Científica do século XVII.


  7. A alternativa A aponta a "continuidade" do vínculo entre ciência e fé que era oriundo do medievo, porém, ao lermos o fragmento acima e também ao lembrarmos do papel de Galileu ao continuar os estudos iniciados por Copérnico anteriormente, contrariando o Geocentrismo defendido pela Igreja, valhendo-lhe 2 processos pela Inquisição, sendo obrigado a negar em público seus estudos e terminar seus dias em prisão domiciliar. Desse modo, alternativa errada.
  8. A alternativa B fala da "necessidade do estudo linguístico" para ser acompanhado do exame matemático, mas o texto de Galileu cita a escrita e a linguagem na condição de metáforas, não numa proposição interdisciplinar, portanto, alternativa errada.
  9. A alternativa C é a correta, porque a "nova física quantitativa" era construída pela observação dos fenômenos naturais, da coleta e análise de dados e por fim, a proposição de hipóteses ou teses sobre um estudo. Já a filosofia escolástica sustentava-se no teocentrismo, dizendo que "algumas verdades" eram intangíveis pela razão humana, uma vez que pertenciam à Inteligência Divina. 
  10. Na alternativa D cita-se a "independência" da investigação científica pretendida pela Igreja, sendo que naquele contexto, era justamente o contrário, uma vez que a razão estava submetida à Fé e deveria confirmá-la e não contestá-la, desse modo, alternativa errada.
  11. A alternativa E da "inadequação da matemática" para explicar racionalmente a natureza, sendo o que Galileu expõe é justamente o contrário, portanto, alternativa está errada.






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