As diversas forças que se uniram para proclamar a República
organizaram-se para formar um Governo Provisório. Sob a liderança
do Marechal Deodoro da Fonseca, a primeira administração do novo regime
procurou conciliar os interesses de militares, fazendeiros de café e camadas
médias urbanas. O primeiro ministério foi composto por várias personalidades
que se destacariam na vida política do período, como Aristides Lobo, Benjamin
Constant, Quintino Bocaiúva, Campos Sales, Rui Barbosa, Demétrio Ribeiro, entre
outros.
Entre as
principais medidas tomadas pelo Governo Provisório, pode-se destacar o fim do
caráter vitalício do cargo de senador, a dissolução da Câmara e a expulsão da Família Real. Foi realizada, também, uma grande naturalização, pela qual muitos
estrangeiros que aqui moravam puderam adquirir a nacionalidade brasileira.
Houve a separação entre Igreja e Estado, promoveu-se a liberdade de culto e
regulamentou-se o casamento civil. Para as províncias e cidades mais importantes,
foram nomeados interventores, em sua maioria militares.
Em dezembro
de 1889, foram marcadas eleições para que entrasse em funcionamento uma
Assembleia Constituinte. Tais eleições deveriam ocorrer em setembro de 1890 e,
durante esse período, já havia corrosivas disputas internas no Governo
Provisório.
A pasta da
Fazenda era ocupada pelo advogado Rui Barbosa, que colocou em prática
sua reforma econômica. Em meio a uma economia marcada pela concorrência desleal
dos monopólios privados e a voracidade imperialista desferida pelas potências
europeias e pelos Estados Unidos, Rui Barbosa deu início a um projeto de
incentivo à produção interna. Nesse sentido, aumentou as taxas alfandegárias de
produtos importados que tivessem similares produzidos no Brasil.
Segundo o
historiador Werneck Sodré, Rui Barbosa “tomou medidas de incentivo às
atividades de menos vulto, como a fundação de um Banco de Crédito Popular, cuja
finalidade era realizar empréstimos a juros módicos e maior assistência ao
operário com a construção de habitações populares...”
Bancos
estrangeiros ameaçaram fechar, mas o ministro afirmou que, se isso ocorresse, o
governo nada faria para impedi-los. Rui Barbosa também extinguiu o pagamento de
indenizações aos antigos proprietários de escravos.
A abolição
da escravidão e a corrente migratória criaram um número maior de assalariados e
a consequente necessidade de mais moeda circulante. Tentou-se obter empréstimos
junto a bancos europeus, mas sem sucesso. A solução foi o abandono do padrão
ouro e um aumento na emissão de
papel-moeda, visando ao crescimento do crédito. Alguns bancos foram autorizados
a emitir dinheiro usando títulos do governo como lastro. Tal prática ficou
conhecida como pluriemissão.
Num
primeiro momento, essas medidas reativaram os negócios, mas a produção interna
não cresceu na mesma proporção, e a inflação aumentou. O resultado foi
catastrófico. “Empresas fantasmas” surgiam da noite para o dia, cédulas falsas
misturavam-se às verdadeiras - provocando o caos financeiro – instalou-se uma
especulação desenfreada com títulos, ações e outros componentes que jogaram o
país em uma violenta crise econômica.
Essa
especulação financeira assemelhava-se aos bastidores do Jóquei Clube. Daí o
fato de, na época, muitos se referirem ao plano de Rui Barbosa pelo nome de "Encilhamento".
O ministro havia avaliado mal a situação social e econômica do País. Desprezou
o fato de o Brasil ter eliminado o escravismo muito recentemente e de que o
mercado interno era insuficiente para acompanhar uma rápida industrialização.
Também não considerou a pressão que poderia sofrer do capital internacional.
Tais fatores precipitaram a demissão de Rui Barbosa.
REPÚBLICA DA ESPADA
Com a
proclamação da República e a nomeação de Deodoro da Fonseca para governar como
chefe do movimento revolucionário, foi convocada uma Assembleia Nacional
Constituinte, que elaborou o texto para uma nova Constituição, a segunda do
Brasil e a primeira de uma série de seis republicanas.
A
Constituição de 1891 apresentou importantes avanços para a época. Profundamente
influenciada pelas constituições dos EUA e da Argentina, previa regime
presidencialista, federalismo (autonomia para os Estados) e voto universal
masculino aberto e descoberto. Este último item, bem como a grande autonomia dos
Estados e a inexistência de justiça eleitoral, provocaram um fenômeno que se
tornou típico da República das Oligarquias: a manipulação eleitoral.
· regime republicano presidencialista
·
três poderes autônomos e equilibrados
·
grande autonomia dos Estados
·
Estado laico (separação entre
Igreja e o Estado)
·
voto universal masculino aberto (exceto
analfabetos, mendigos e clérigos)
·
representatividade regional e federal renovável
·
o Município Neutro passou-se a chamar Distrito
Federal
A ampla
autonomia estadual não significou, entretanto, o enfraquecimento total do poder
central, pois o presidente da República teria poderes para interferir nos
Estados em caso de tentativas de secessão, invasão estrangeira ou, até mesmo,
lutas entre os componentes da federação.
Aprovada a Constituição, apresentaram-se duas chapas para
disputar a eleição indireta. Os candidatos da oligarquia eram Prudente de Morais como cabeça de chapa
e o marechal Floriano Peixoto como
vice, sendo Deodoro da Fonseca o
candidato dos militares e Eduardo
Wandenkolk seu vice.
A eleição
realizou-se em meio a tensões entre militares e civis, pois o Congresso era, em
sua maioria, contrário a Deodoro, que era visto como um governante que
procuraria fortalecer seu poder aproximando-se dos monarquistas, e também não
havia muita simpatia por aquele que estava a frente do governo na fase do
“Encilhamento”.
A eleição de Prudente de Morais era dada como certa, mas os
militares fizeram várias pressões e ameaças contra o Congresso. A Constituição
permitia que o cabeça de chapa e o vice fossem eleitos separadamente. Assim,
mesmo eleito Deodoro, os congressistas votaram em Floriano Peixoto para vice.
Eleito primeiro presidente pelo Congresso Constituinte,
Deodoro da Fonseca enfrentou forte oposição do Congresso devido às suas
tendências autoritárias e centralizadoras. Confirmando as suspeitas dos
legisladores, o presidente tentou fechar o Congresso e decretar o estado de
sítio. Porém, o golpe continuísta fracassou e, para surpresa do presidente,
houve uma união entre militares e civis. A Marinha – que era um reduto da
nobreza imperial e se mantivera neutra quando da proclamação da República -,
diante da ditadura imposta pelo exército, sublevou-se liderada pelo almirante
Custódio José de Mello e ameaçou bombardear o palácio do governo.
Cercado e politicamente isolado, - o próprio Floriano Peixoto, que era o vice,
colaborou com os golpistas - Deodoro da Fonseca renunciou em 23 de novembro de
1891, tendo cumprido apenas 09 meses de governo.
A
Constituição previa claramente que, se o presidente fosse afastado do poder
antes de completar metade de seu mandato, deveria ser convocada uma nova
eleição. Ao vice, caberia governar o
país provisoriamente, até que novo titular pudesse assumir. Mas, contrariando a
Constituição e os parlamentares,
Floriano Peixoto assumiu o poder com aberta intenção de completar o mandato de
Deodoro.
O governo de Floriano desenvolveu uma política econômica e
financeira voltada para a industrialização. Para isso, as tarifas alfandegárias
foram ampliadas, dando uma face protecionista ao nosso comércio externo, além
da criação de novas linhas de crédito. O objetivo era agradar as baixas camadas
médias.
Crescia a
oposição ao novo presidente, chegando a ocorrer a elaboração de um manifesto
assinado por 13 generais, que alegaram que a permanência de Floriano no poder
feria a Constituição. Todos os generais foram severamente punidos.
As revoltas
não pararam por aí. Um novo levante ocorreu entre os membros da alta
oficialidade da Marinha, comandada pelo almirante Custódio de Mello e o franco defensor da monarquia, Saldanha da Gama, fato que foi muito
explorado pelo governo. À frente da Revolta
da Armada, Mello acreditava que, caso saísse vitorioso, poderia
candidatar-se à presidência. Uma grande soma foi gasta pelo governo na
aquisição de embarcações inglesas de segunda mão, mas o objetivo de debelar o
movimento foi atingido.
Os
remanescentes deslocaram-se para o Sul pois, ao mesmo tempo, irrompeu naquela
região a sangrenta Revolução Federalista, que era fruto da disputa política no Rio
Grande do Sul, opondo os maragatos, também chamados de federalistas, e os pica-paus ou chimangos.
Os primeiros eram seguidores do caudilho Gumercindo Saraiva e tinham também o
apoio de muitos uruguaios. Já os chimangos compunham o grupo dos
“florianistas”, chefiados por Júlio de Castilhos. A rivalidade
entre esses dois grupos já se arrastava desde o Segundo Reinado, logo depois do
fim da Farroupilha. Os maragatos
defendiam reformas na Constituição estadual e a adoção do parlamentarismo
Ideologicamente, a luta era de caráter anticastilhista,
apesar de Floriano e seus aliados dizerem que os revolucionários pretendiam
restaurar a monarquia. Somente após a Revolta da Armada é que o movimento
passou a ter tendências monarquistas.
A Marinha uniu-se aos federalistas e a revolução chegou a
dominar todo o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e ameaçou o Paraná. O plano
dos rebeldes era atacar São Paulo e Rio de Janeiro, o que acabou não
acontecendo devido ao fato de os federalistas não formarem objetivos definidos,
tampouco um comando militar unificado.
Floriano
reagiu com extrema dureza contra os revolucionários, aniquilando o movimento e
executando participantes em massa , inclusive seus líderes, como Gumercindo
Saraiva. A luta, que durou 31 meses, deixou cerca de 10 mil brasileiros e
uruguaios mortos. Ao final, o vitorioso presidente rebatizou a capital dos
rebeldes com o nome de Florianópolis. Duas novas expressões ganhavam as
conversas dos brasileiros: a Revolução Federalista ficou conhecida como
“Revolta da Degola”, enquanto Floriano passaria a ser chamado de “Marechal
de Ferro”.
As Forças
Armadas eram, no início da República, a única instituição organizada em âmbito
nacional. Contrastava com os partidos políticos, que não possuíam unidade nos
diversos Estados, uma vez que eram movimentados pelos interesses das
oligarquias locais. As Forças Armadas exerciam, ao mesmo tempo, autoridade
local e nacional, servindo, no início dos tempos republicanos, de fator que
garantiu a unidade do País.
No plano político, a saída dos militares deixou campo aberto
aos cafeicultores, que elegeram como primeiro presidente civil do Brasil o
paulista Prudente de Morais em 1894, rico fazendeiro do oeste paulista,
e que iniciou a da política Café-com-Leite, em que fazendeiros
paulistas e mineiros se alternavam na presidência da República.
A REPÚBLICA OLIGÁRQUICA
O predomínio dos produtores de café da região Sudeste vinha desde
o período imperial, a aristocracia cafeicultora dominava a vida política do
País, conduzindo-a de forma a defender seus interesses econômicos. Apesar de,
no início da República, os militares comandarem o processo, estes tiveram
dificuldades para realizar as articulações políticas necessárias para a
manutenção das instituições, afinal, o jogo de interesses e de negociações
dentro dos partidos políticos não coincidia com a rígida disciplina das
corporações militares e de certa maneira, tal situação foi um dos fatores para
as crises institucionais vividas durante o período de 1889 e 1894.
A
cafeicultura era a principal riqueza da nação e o Brasil continuava a ser um
País predominantemente agrícola e monocultor, tal qual no período colonial. As
eleições eram realizadas com “cartas marcadas”, predominando o coronelismo,
herança política do período regencial. Economicamente, o País esteve estagnado, pois ficou mais de
três décadas vivendo em função da produção de café, o que fez dos surtos
industriais da época um conjunto de inícios que não tiveram continuidade.
Os
presidentes eleitos faziam parte do mesmo grupo e, quando ocorriam disputas,
eram apenas por maior espaço político, nunca por divergências ideológicas.
Também não aconteceram rupturas significativas entre um governo e outro.
PRESIDENTES DA REPÚBLICA VELHA
Prudente de Morais 1894 - 1898
Campos Sales 1898 - 1902
Rodrigues Alves 1902 - 1906
Afonso Pena 1906 - 1909
Nilo Peçanha 1909 - 1910
Hermes da Fonseca 1910 - 1914
Wenceslau Brás 1914 - 1918
Delfim Moreira 1918 - 1919
Epitácio Pessoa 1919 - 1922
Artur Bernardes 1922 - 1926
Washington Luís 1926 - 1930
Durante a
presidência de Prudente de Morais (1894-1898) explodiu no sertão da Bahia a
revolta messiânica de Canudos. Toda a região Nordeste passava por sucessivas
e agudas crises econômicas, o que deixava a maior parte da população na
miséria. Apesar de muitos partirem para a Amazônia a fim de explorar látex e
outros apostarem na expansão do cacau, a grande maioria permanecia na região,
em situação de extrema pobreza e abandono. Alguns se transformavam em bandidos
e formavam bandos de cangaceiros, e outros encontravam refúgio na religião e no
messianismo.
Foi nesse ambiente que surgiu o beato Antônio Conselheiro, um
místico ao qual atribuíam a crença no mito português do sebastianismo, segundo o qual Dom Sebastião (rei de Portugal
desaparecido em Alcácer-Quibir em 1578) retornaria com seu exército de
cavaleiros justos para governar o Brasil, e que um dos sinais de que essa hora
estaria chegando seria o momento em que o sertão viraria mar e o mar viraria
sertão.
Conselheiro
reuniu vários adeptos, que percorriam os sertões fazendo pregações religiosas e
ajudando os pobres em suas colheitas e em pequenas construções. Havia entre
eles uma grande solidariedade comunitária.
Por volta
de 1893, às margens do Rio Vaza-Barris, Antônio Conselheiro, já com 65 anos,
deu início à construção da comunidade do Belo Monte, aproveitando os restos de
uma fazenda das redondezas, chamada Canudos. Ali, Conselheiro fazia suas
pregações religiosas, mas também proclamava suas posições políticas. Atacava o
governo republicano, acusando-o de ser o responsável pelo estado de miséria em
que as pessoas viviam e, equivocadamente, dizendo que na época da monarquia não
era assim. Criticava a separação entre Igreja e Estado, casamento civil e a
maçonaria.
O arraial de Canudos chegou a reunir mais de 30 mil
habitantes, que se organizavam sob a liderança do próprio Conselheiro e um
corpo de auxiliares que realizava a distribuição de alimentos, as práticas
religiosas e a defesa. Esta, aliás, tornou-se uma das maiores preocupações,
pois a comunidade tinha poderosos inimigos: a Igreja Católica, os fazendeiros
da região e o Estado brasileiro. A primeira temia perder fiéis e acusava o
líder de Canudos de tentar fundar uma nova religião. Os fazendeiros estavam
insatisfeitos com a perda de braços em suas terras, já que os sertanejos
mudavam-se para Belo Monte. Finalmente, o Estado acusava os habitantes de
Canudos de fazerem parte de uma grande “conspiração monarquista”.
O movimento, que havia se iniciado de forma frágil e confusa,
ganhou os contornos de uma verdadeira guerra civil diante da violenta repressão
governamental que se armou contra os sertanejos. A princípio, foram enviados
100 soldados com a missão de fazer valer a ordem governamental de que a cidade
deveria pagar impostos. Depois de alguns combates, dez soldados morreram e a
missão dispersou-se. Foram, então, despachadas mais duas expedições que somaram
cerca de quatro mil baixas entre policiais e soldados, inclusive do coronel Moreira
César. Os sertanejos tiveram o cuidado de tomar as armas dos soldados, o que
permitiu à comunidade preparar-se melhor para ataques futuros.
O governo
despachou, então, uma quarta e definitiva expedição composta por dez mil
soldados, comandada pelo general Artur Guimarães. Em julho de 1897, ocorriam os
primeiros choques de uma luta que se estendeu por dois meses. Os seguidores de
Conselheiro, que morreu durante os ataques, não resistiram e foram massacrados.
As tropas federais dispararam contra o arraial de Canudos até que restasse tão
somente "um velho, dois homens feitos e uma criança", conforme
relatou o correspondente do jornal O
Estado de S. Paulo, Euclides da Cunha.
O cadáver de Antônio Conselheiro
A sucessão
de Prudente de Morais foi conturbada. O presidente havia se ausentado do poder
devido a questões de saúde e, quando retornou, os problemas gerados pela
Revolta de Canudos agitavam os simpatizantes dos tempos de Floriano. Como houve
um atentado fracassado contra a vida de Prudente de Morais – arquitetado pelo
florianista Marcelino Bispo, este se viu fortalecido, o que proporcionou a
organização da máquina política de modo a favorecer a vitória do candidato
situacionista Campos Sales (1898-1902).
Esse
período foi caracterizado pela consolidação do poder das oligarquias. Era a
transferência definitiva do eixo de poder, que se deslocou do Nordeste dos
coronéis para a região Sudeste dos cafeicultores.
Os “coronéis” ainda preservaram nominalmente as patentes da
Guarda Nacional, que foi dissolvida com a proclamação da República. Entretanto,
a força dos latifundiários nordestinos ainda era muito grande, uma vez que os
camponeses eram dependentes de seus favores, tais como explorar pequenas roças
nas terras dos coronéis, tendo que, em troca, realizar a colheita e ajudar no
cuidado com o gado. Os fazendeiros chegavam até a batizar os filhos de seus
trabalhadores e protegiam estes quando enfrentavam problemas com a justiça,
construindo laços de compadrio que estreitavam os vínculos de dependência com
seus comandados.
A atuação dos coronéis na vida política se fazia diretamente
através das eleições. Eles tinham força no que ficou conhecido como seu “curral
eleitoral”. Em época de eleição, os trabalhadores rurais eram transportados aos
centros de votação com os custos arcados pelo coronel, que ainda dava
alimentação, roupas, alojamento e deixava de descontar os dias de trabalho
perdidos. Em compensação, os trabalhadores só poderiam votar nos candidatos que
fossem do agrado do coronel, o que era facilmente manipulável, já que o voto
era aberto e tal pratica ficou conhecida como voto de cabresto.
Por esse
mecanismo, famílias tradicionais e poderosas do interior ajudavam a manter a
estrutura política da República Velha e, ao mesmo tempo, aumentavam seu
prestígio na região. Isso era levado até as últimas consequências, pois, quando
surgia algum grupo de oposição, recorria-se à fraude eleitoral, com votos de
mulheres (o que era inconstitucional), de eleitores que pertenciam a outras
zonas eleitorais e até mesmo votos de falecidos. A falta de ética era tal que o
governo chegou a criar uma Comissão Verificadora, responsável
pela apuração de fraudes no processo eleitoral. Porém, se algum candidato
oposicionista tivesse mais votos do que os situacionistas, a comissão tratava
de anular os votos desse candidato, numa prática que ficou conhecida como degola.
Eram as eleições de bico de pena, nas quais a corrupção foi institucionalizada.
O
saneamento financeiro também ocorreu na gestão de Campos Sales, que renegociou
a dívida externa brasileira junto aos bancos ingleses, principalmente o Rothschild.
O objetivo do presidente foi atingido, isto é, houve a unificação das diversas
dívidas, que foram renegociadas como se fossem uma.
Esse acordo ficou conhecido como Funding-loan, que pode
ser resumido nos seguintes itens:
-
empréstimo de 10 milhões de libras e suspensão
dos pagamentos do principal da dívida durante 13 anos;
-
os juros só começariam a ser pagos depois de dez
anos do novo empréstimo;
-
o Brasil teria 64 anos para quitar a dívida;
-
ofereceram-se as rendas das alfândegas do País,
caso o Brasil não cumprisse seus compromissos.
No plano
interno, o Funding-loan controlou as
despesas do governo e coibiu as importações. Dessa forma, Campos Sales
conseguiu equilibrar as finanças do País, mas às custas da queda do nível de
vida da população. Tais medidas permitiram ao seu sucessor, Rodrigues Alves, empreender uma política
de desenvolvimento, mas o custo social disso logo se faria sentir.
Os impostos
foram aumentados, as obras públicas interrompidas, as despesas diminuídas e as
indústrias nacionais desestimuladas. O presidente foi até apelidado de “Campos
Selos”, pois os selos tornaram-se comuns em vários produtos e serviços como
meio de aumentar a arrecadação.
Para Campos
Sales, a única forma de evitar a oposição ao seu governo era comprometer ainda
mais os Estados com a política do poder central. Através da conhecida máquina
de corrupção, as oligarquias locais teriam total apoio do governo federal para
dominarem a política local e cargos dentro do governo de cada estado. Em
contrapartida, as famílias tradicionais de cada estado “orientariam” os
camponeses a votar nos candidatos mineiros e paulistas. Era a política
dos governadores, que consolidou a hegemonia do Café com Leite.
A indicação
do paulista Rodrigues Alves (1902-1906) para a sucessão de Campos Sales
seguiu o rumo normal das articulações da época. Uma das grandes marcas de seu
governo foi um audacioso projeto de modernização e reurbanização da capital,
Rio de Janeiro.
Apesar de ter abrigado a família real portuguesa e ser a
capital do Brasil já por quase um século, as ruas ainda eram estreitas numa
fase em que já era possível ver carros circulando. E o porto era bastante
pequeno para receber as grandes embarcações da época. As epidemias de varíola,
febre amarela e peste bubônica tornaram-se corriqueiras. Era imperativo
modernizar a cidade.
Aproveitando-se
da inatividade do Legislativo, Rodrigues Alves nomeou o engenheiro Pereira Passos para o cargo de
administrador da cidade. E, com poderes ditatoriais, foi iniciada a reforma da
capital. Cortiços vieram a baixo, quarteirões inteiros foram demolidos para dar
lugar a largas e belas avenidas, famílias eram despejadas das casas do centro
da cidade e, com a carência de casas disponíveis, os aluguéis subiram. O rápido
início das obras atingiu diretamente a população pobre do Rio de Janeiro, o que
aumentou o número de pessoas que moravam nas ruas ou nas encostas. A violência
e o autoritarismo com que tal empreitada foi desenvolvida revoltaram a
população, que já estava prestes a sair às ruas e hostilizar o governo.
A cidade
precisava, também, de uma nova política de saneamento básico e medidas muito
sérias deveriam ser tomadas quanto às epidemias. O diretor da Saúde Pública, Dr.
Oswaldo Cruz, recebeu, então, plenos poderes para dar início à campanha
de saneamento do Rio de Janeiro. Em novembro de 1904, foi publicado o decreto
federal que tornava obrigatória a vacinação contra varíola para todos os que
tivessem mais de seis meses de idade. As brigadas de vacinação tinham reforço
policial em caso de resistência dos moradores.
Muitos políticos da oposição aproveitaram-se da
obrigatoriedade da vacinação antivariólica e da truculência dos
"vacinadores" para sublevar a população contra o governo, o que
resultou na Revolta da Vacina - que foi reprimida pelo exército e polícia,
que conseguiram recuperar o controle da situação, debelando os revoltosos em 16
de outubro de 1904.
A revolta da Vacina em charge daquele contexto.
No plano externo, Brasil e Bolívia celebraram o Tratado
de Petrópolis (1903), que resolvia a pendência entre os dois países devido
à invasão de território boliviano por seringueiros brasileiros. O acordo previa
a anexação do Acre ao território do Brasil em troca de uma indenização de 2
milhões de libras esterlinas. Além disso, nosso governo comprometeu-se a
construir uma ferrovia ligando Guajará-Mirim a Porto Velho, a Madeira-Mamoré, a
qual facilitaria as exportações bolivianas através de território
brasileiro.
Ainda na
gestão Rodrigues Alves ocorreu a Política de Valorização do Café, que teve por objetivo comprar toda a produção
brasileira do produto e, através da retenção de estoques, fazer aumentar a
cotação do café no mercado internacional. Para tanto, foi realizado o Convênio
de Taubaté (1906), em que o governo se comprometia a realizar
empréstimos no exterior para comprar os excedentes. É interessante lembrar que
o presidente Rodrigues Alves foi contra esse projeto, pois percebera que tal
prática comprometeria a saúde financeira do Estado.
Em 1906,
tinha início o governo do mineiro Afonso Pena. Seu ministro da Fazenda
chamava-se Davi Campista e desenvolveu uma prática econômica conhecida como Caixa
de Conversão, pela qual se estendia a todos os estados o privilégio
estabelecido anteriormente pelo Convênio de Taubaté. A Caixa de Conversão
mantinha a moeda brasileira sempre desvalorizada, o que aumentava os lucros dos
exportadores. Afonso Pena morreu antes de terminar seu mandato, sendo
substituído por Nilo Peçanha.
As eleições
de 1910 opuseram Rui Barbosa, que, apesar de seu fracasso econômico quando
ministro de Deodoro da Fonseca, era muito respeitado devido à sua capacidade
intelectual, e o Marechal Hermes da Fonseca. Os partidários de Rui Barbosa
denominavam-se civilistas e representavam a oligarquia paulista. Já Hermes da
Fonseca era apoiado pelos mineiros e gaúchos, que davam sinais de que se
tornariam uma nova e importante força política em nível nacional. Era a
primeira vez que paulistas e mineiros divergiam publicamente sobre os rumos do
País, e São Paulo opunha-se ao candidato oficial. Mas os civilistas foram derrotados
pela bem-ajustada máquina eleitoral.
Durante a
presidência de Hermes da Fonseca, houve a Política das salvações. Por esse acordo, a oligarquia dominante
ligava-se a uma das lideranças locais importantes, dando-lhe carta branca para
destruir seus concorrentes, sob a chancela de que estava à caça de corruptos.
Os militares pretendiam intervir nos Estados a fim de
derrubar as oligarquias que dominavam o cenário político, achando que, através
disso, estariam “salvando” as instituições. O poder federal atuava
violentamente em todos os Estados em que houvesse disputas, como ocorreu no
caso mais famoso de todos, no Ceará.
A família
Accioli representava a velha oligarquia cearense e tinha o apoio do popular Padre
Cícero. Nas eleições, houve gritos de vitória de ambos os lados, o que
desencadeou uma luta armada que ficou conhecida como Guerra de Juazeiro. O
governo federal saiu-se vitorioso, mas tão logo terminasse o mandato de Hermes
da Fonseca, os Accioli voltariam a dominar a região.
Em 1910,
ainda durante o governo do sobrinho de Deodoro, explodiu a Revolta da Chibata,
quando os marinheiros dos encouraçados São Paulo e Minas Gerais rebelaram-se
contra o excesso de trabalho, as condições desumanas e os castigos corporais.
Os revoltosos, liderados pelo marinheiro João Cândido, que era chamado por
seus companheiros de Almirante Negro,
tiveram suas exigências atendidas a
princípio, pois ameaçaram bombardear a capital. Mas, assim que depuseram suas
armas e entregaram o comando dos navios, passaram a ser perseguidos pelo
governo. Muitos foram mandados para as prisões mais distantes e insalubres da
região amazônica, e outros foram fuzilados. Ironicamente, um dos poucos
sobreviventes foi justamente o marinheiro João Cândido, que passou quase o
resto da vida na cadeia.
Posseiros que combateram o governo na Guerra do Contestado
Na mesma
época, entre 1910 e 1912, explodiu na divisa do Paraná com Santa Catarina a Revolta
do Contestado que, em vários pontos, era semelhante à Revolta de
Canudos. A região, que era extremamente pobre, porém disputada pelos Estados do
Paraná e Santa Catarina, foi agitada pela construção de uma ferrovia que
ligaria São Paulo ao Rio Grande do Sul. Em 1900, a Lumber Company, subsidiária da Brazil
Railway, já era proprietária de uma faixa de terra de 15 km de largura de
cada lado da linha desapropriada pelo governo brasileiro. Pelo fato de a
empresa ter adquirido, em 1908, mais 180 mil hectares naquela área, centenas de
famílias tiveram de ser desalojadas.
Os
sertanejos, desesperados com as medidas tomadas pelo governo em favor da
companhia estrangeira, reuniram-se em torno do “monge” João Maria, um místico
que mesclava uma vida de curas milagrosas com discursos e histórias de Dom
Sebastião, Carlos Magno e seus doze pares
de França. Criou-se o clima para a guerra civil, ou “guerra santa”.
DECADÊNCIA DA REPÚBLICA OLIGÁRQUICA
Durante o
governo de Wenceslau Brás (1914-1918), que coincidiu com a Primeira Guerra
Mundial, a indústria brasileira apresentou razoável crescimento. Isso ocorreu
devido a um processo chamado de “substituição de importações”, isto é,
passou-se a produzir aqui o que antes era importado.
Com o crescimento da indústria, aumentou também a importância
do proletariado, que se organizou a partir dos imigrantes europeus, sobretudo
italianos e espanhóis, que trouxeram da Europa os ideais anarquistas,
anarcossindicalistas e socialistas entre outros. Isso acabou repercutindo na
eclosão de uma Greve Geral de 1917, que parou a cidade de São Paulo. Exigindo
melhores condições de trabalho e salários dignos, a classe operária dava sinais
de que estava mais organizada, o que possibilitou ao movimento grevista
alastrar-se pelo País.
A greve
começou em uma fábrica de tecidos, na Mooca, um dos primeiros bairros operários
da capital paulista. Depois do assassinato de um jovem sapateiro chamado Martinez
pela polícia, as manifestações tornaram-se violentas, com depredações, saques,
piquetes, comícios e quebra-quebras. Reforços militares de outros Estados foram
enviados para São Paulo.
Depois de
uma série de encontros para negociações, as principais reivindicações, como
redução da jornada de trabalho, proteção ao trabalho infantil e feminino,
regulamentação de direitos trabalhistas, entre outras, não foram atendidas. Mas
conseguiu-se um aumento de 20% nos salários e o compromisso das autoridades de
libertar os manifestantes presos.
O TENENTISMO -
A participação brasileira na Primeira
Guerra Mundial, embora pequena (inicialmente o Brasil declarou-se neutro),
demonstrou o atraso da tecnologia militar brasileira frente às novas armas
utilizadas no conflito. Tal atraso era reflexo de nosso atraso político.
Com o fim da Guerra, veio ao País uma missão militar
francesa incumbida de instruir a oficialidade brasileira quanto ao manejo das
armas modernas. Os alunos da missão francesa eram os jovens oficiais do Exército
que, entre outras coisas, acabaram influenciados pelas ideias positivistas e
passaram a defender a participação dos militares na política, como forma de
impor a moralização dos costumes. Estes foram os personagens que ficariam
conhecidos como tenentes, e já davam
seus primeiros passos como movimento durante o governo de Epitácio Pessoa (1918-1922).
O Tenentismo
é comumente definido como uma reação da jovem oficialidade, representante das
camadas médias urbanas que estavam marginalizadas da política desde a época da
proclamação da República e que almejavam, de alguma forma, participar mais
ativamente. A principal característica do movimento era o desejo quase utópico
de moralizar o País, mas não havia propostas concretas de como fazê-lo nem um
programa de governo definido. Acreditavam que a alta oficialidade estava a
serviço das elites e que, com a implantação do voto secreto, seriam eliminados
os vícios que permitiam aos oligarcas manterem-se no poder.
Durante as
eleições para a sucessão de Epitácio Pessoa, houve uma articulação entre os
Estados do Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco, conhecida como Reação Republicana, no sentido de lançar
Nilo Peçanha para a presidência e impedir a vitória de Arthur Bernardes,
candidato da aliança Minas-São Paulo. Este último foi acusado de ser o
protagonista do episódio das “cartas falsas”, publicadas no jornal Correio da Manhã e que continham uma
série de afirmações ofensivas ao Exército. Apesar do clima de tensão que cercou
o pleito, a vitória coube a Arthur Bernardes (1922-1926). Seu
governo foi realizado quase que integralmente sob estado de sítio.
O primeiro ato dos tenentes, como reação à vitória de
Bernardes, foi a tomada do Forte de Copacabana em 5 de julho de
1922, seguida de ataques ao quartel general do Exército. Cercados pelas forças
leais ao governo, os rebeldes não concordaram em se render e, preferindo
morrer, marcharam pela praia e enfrentaram os tiros contra eles disparados.
Desse episódio, que ficou conhecido como a Revolta dos 18 do Forte, houve apenas
dois sobreviventes: os tenentes Siqueira
Campos e Eduardo Gomes. Embora tenha sido sufocada, a Revolta do Forte de
Copacabana tornou-se um símbolo das lutas armadas que marcaram a década de
1920.
O episódio dos 18 do Forte de Copacabana
Em 1924,
rebeldes tomaram a cidade de São Paulo, dando início a outro levante
tenentista. Exigiam reformas eleitorais, a convocação de uma Assembleia
Constituinte e o voto secreto. Sob o comando de Isidoro Dias Lopes e Miguel Costa, os tenentes conseguiram dominar
a capital paulista por alguns dias, mas não resistiram aos bombardeios e ao
fogo de artilharia, sendo então
desalojados pelo Exército.
Em 1925,
nas proximidades de Foz do Iguaçu, os paulistas juntaram-se a outra coluna
revolucionária que vinha do Rio Grande do Sul com o intuito de tomar a capital,
Rio de Janeiro, e que também lutava contra o governo de Arthur Bernardes. Desse
encontro, nasceu a Coluna Prestes.
Sob a
liderança de Miguel Costa e Luís Carlos Prestes, conhecido como “o cavaleiro
da esperança", os rebeldes percorreram 24 mil km em todo o território
nacional, tentando sublevar as populações do interior contra o governo federal.
Porém, a tentativa de conscientizar as massas populares contra a exploração das
oligarquias não obteve sucesso. Os membros da Coluna acabaram por asilar-se na Bolívia, cansados, sem
munição e sem armas. A luta para levantar o Brasil contra a imoralidade
fracassara.
A REVOLUÇÃO DE 1930
Durante o mandato de Washington
Luís (1926-1930), a crise econômica já se implantara e o governo se
debatia, tentando contornar seus efeitos. A esse carioca que fez carreira
política em São Paulo são atribuídas as frases "Governar é abrir
estradas" e "A questão social é um caso de polícia", que
demonstram a óptica das oligarquias cafeeiras.
Com a Crise de 1929,
a cafeicultura brasileira entrou em crise e o governo viu-se
"obrigado" a comprar toda a produção, que acabou sendo destruída por
falta de local para armazenagem, e provocou questionamento por todo o País,
além de ocasionar estragos na aliança política entre mineiros e paulistas.
Washington
Luís, representante da oligarquia paulista, decidiu romper com Minas Gerais,
lançando a candidatura de seu ministro Júlio
Prestes, outro paulista, para a presidência. A cisão das oligarquias fez
que os mineiros, liderados pelo frustrado governador Antônio Carlos, se unissem
ao Rio Grande do Sul e a alguns políticos nordestinos, formando a Aliança
Liberal, que lançou como candidato de oposição o gaúcho Getúlio
Dornelles Vargas, ex-ministro de Washington Luís.
A máquina
eleitoral funcionou mais uma vez, dando a vitória ao candidato situacionista,
que recebeu cerca de um milhão de votos, 200 mil a mais do que Vargas, tudo
isso sob intensas acusações de fraude. Mas a oposição não se deu por vencida e
ensaiava uma reação para a derrota.
Pouco depois das eleições, ocorreu o assassinato de João Pessoa, governador da Paraíba e
candidato a vice-presidente na chapa de Vargas. O crime, que teve como autor certo
João Dantas, estava ligado a questões passionais e problemas da política local
da Paraíba, mas acabou servindo como pretexto para os opositores, que culparam
políticos de São Paulo pelo crime.
Luís Carlos Prestes, que estava exilado na Argentina, foi
convidado para comandar o movimento revolucionário, mas ele já não mais
compartilhava os ideais do tenentismo, passando a defender o movimento
comunista, ao qual se filiara, recebendo orientações diretas do regime
soviético. A Aliança Liberal transformou-se, assim, no comando revolucionário e
o golpe estava em marcha.
A Revolução de 1930,
que irrompeu em 3 de outubro, foi liderada pelos Estados de Minas Gerais, Rio
Grande do Sul e Paraíba, que receberam o auxílio dos tenentes refugiados na
Bolívia.
Num movimento articulado, as regiões
do Brasil foram, aos poucos, caindo nas mãos dos rebeldes. Depois do Rio Grande
do Sul, Paraná e Santa Catarina também aderiram, indo em direção a São Paulo,
reduto dos donos do poder.
Vargas e Gois Monteiro (à esquerda de GV) no Rio de Janeiro depois da deposição do presidente Washington Luís
No
Nordeste, Juarez Távora tomou o Recife com apoio da população local e, pouco
tempo depois, todos os Estados nordestinos estavam sob o controle dos
revolucionários. Em Minas Gerais, houve forte resistência por parte de grupos
fiéis ao presidente, mas os rebeldes dominaram a situação.
Em São
Paulo, talvez pudesse oferecer uma resistência maior e daí poderiam ocorrer combates mais violentos. Na região de
Itararé, divisa com o Paraná, começavam os primeiros tiroteios, quando, em 24
de outubro, chegou a notícia de que o alto comando das Forças Armadas havia
deposto o presidente Washington Luís, o que abreviou os possíveis conflitos.
O governo foi entregue a Getúlio Vargas e a Constituição de
1891 foi abolida. A economia sofreria modificações, a agricultura seria
diversificada e a indústria passaria a ser incentivada. Porém, essas
modificações pouco alteraram a relação de forcas que governavam o País, uma vez
que o operariado continuou a ser explorado enquanto as camadas dominantes ainda
estavam intimamente ligadas ao capital externo.