A Grécia
está localizada na Europa Oriental, mais precisamente ao sul da Península
Balcânica, no litoral nordeste do Mediterrâneo. Muito
embora se tenha convencionado na atualidade de tratar a Grécia como uma
unidade política, tal situação era bem distinta na Antiguidade, prevalecendo a
fragmentação política. Os povos que colonizaram e habitaram a Península Balcânica
(aqueus, eólios, jônios e dórios) falavam a mesma língua e tinham vários
costumes semelhantes, mas viam seus vizinhos como rivais e guerreavam entre si.
O sul da Península Balcânica é uma região de solo arenoso
e, consequentemente, pouco fértil. O litoral é bastante recortado, o que
praticamente induziu os gregos à navegação em busca de terras e riquezas
inexistentes em sua região. Tais fenômenos ficaram conhecidos como “diásporas
gregas”.
Assim, os gregos optaram pelo estabelecimento
de colônias em pontos que julgavam estratégicos do ponto de vista militar ou
econômico. Podemos, então, dividir geograficamente aquela região em Grécia
Continental ou Balcânica (cidades da península), Grécia Insular (ilhas que
ficavam, em sua maioria, nos mares Egeu e Cretense) e as colônias espalhadas
pela Ásia Menor, norte da África, Península Ibérica e Península Itálica (Magna
Grécia, vide mapa abaixo)
Fonte: Classicwindow
OS PRIMÓRDIOS: DOS GENOS ÀS PÓLEIS
Teve como principal
característica as migrações de povos
indo-europeus para a Península Balcânica. Iniciou-se
com a chegada dos aqueus, seguidos pelos jônios e eólios que sofreram
influências política e social de Creta, ilha que, durante muito tempo, exerceu
poder sobre as comunidades continentais. Os migrantes fixaram-se e fundaram as
cidades de Micenas e Tirinto. Posteriormente, gregos e cretenses passaram a
lutar pela hegemonia da região, o que acabou provocando a invasão da Ilha de
Creta (cerca de 1400 a.C.).
Os vencedores colonizaram toda a península e
partes da Ásia Menor e passaram a desfrutar um período de relativa
tranquilidade, só interrompido pela chegada de uma nova corrente migratória: os
dórios.
Foi nessa época que se
formou a cidade de Esparta. Depois de chegarem, por volta de 1200 a. C., os
dórios saquearam e destruíram a civilização creto-micênica, gerando a Primeira Diáspora, isto é, a primeira
dispersão da população pelo interior da Península Balcânica.
Este período
vai do século XII ao VIII a. C., pois, uma vez que a produção de documentos
nessa fase foi bastante escassa, principais fontes de
informação, além dos artefatos arqueológicos, da história grega são o
conjunto de poemas atribuídos a Homero, Ilíada (que conta a história da
Guerra de Troia) e Odisseia (série de episódios protagonizados pelo
herói Odisseus ou na forma latina Ulisses, como
conhecemos hoje), além da importância da obra de Hesíodo, Os Trabalhos e os Dias.
Neste
período, os gregos habitavam o genos, unidade familiar econômica e politicamente autônoma governada por um
patriarca. A propriedade da terra
era coletiva e a produção deveria atender às necessidades da comunidade.
Esse sistema
entrou em colapso após a Primeira Diáspora pois começou a enfrentar basicamente
dois problemas. Primeiro, as terras tornaram-se insuficientes para todos, o que
provocou saques e ataques mútuos. Outra questão foi gerada pelo fato de o poder
ser hereditário. Tensões internas ocorreram entre os demais membros da
comunidade, que jamais poderiam substituir o patriarca. Isso obrigou os genos a se fundirem, dando origem a uma
forma de organização mais adaptada às novas necessidades. Assim, para se
protegerem dos ataques, eles se fundiram e formaram frátrias, que
eram verdadeiras associações prontas para a guerra. Da necessidade de
concretizarem a unidade contra os opositores, as frátrias realizaram um novo
processo de fusão, dando origem a tribos - as antecessoras diretas das pólis.
As moedas e a circulação de mercadorias
PÓLIS: A CIDADE-ESTADO COMO EXPRESSÃO
A decadência dos genos favoreceu a formação das pólis,
aglomerados urbanos construídos em torno de um templo e do palácio real, região conhecida como Acrópole, cidade alta em grego. As cidades-estado eram politicamente autônomas e disputavam territórios e influência entre si. Dentre elas, destacaram-se e, em virtude da intensa rivalidade, a qual levaram às últimas consequências: Atenas e Esparta.
Vista da acrópole de Atenas
ATENAS - Fundada por Jônios na
planície da Ática e próxima ao mar, foi, inicialmente, governada por um rei,
que recebia o título de Basileus e
exercia poderes político, militar e religioso. Posteriormente, os eupátridas, também chamados de
“bem-nascidos” e únicos considerados verdadeiros cidadãos, tomaram o poder,
deixando ao rei somente o cargo de chefe religioso. A administração foi
dividida entre três e, depois, nove Arcontes,
cargo que, de início, era vitalício e passou a ser eletivo e temporário (por
dez anos). Após esse período, passavam a fazer parte do Areópago, o órgão que
efetivamente governava Atenas.
Os
estrangeiros eram tolerados na cidade e recebiam o nome de metecos. Pagavam impostos e ficavam obrigados a prestar serviço
militar. Dedicavam-se ao comércio e, em algumas circunstâncias, poderiam
acumular fortuna.
Os escravos eram prisioneiros de guerra ou
cidadãos endividados, que, incapazes de saldar seus débitos, tornavam-se
propriedade de seus credores. No entanto, geralmente, eram bem-tratados.
O poder dos
eupátridas passou a ser questionado a partir do século VII a.C. pelos cidadãos
endividados e pelos metecos enriquecidos, provocando modificações no governo de
Atenas. Essa foi a fase na qual se destacaram os chamados legisladores.
Drácon foi o primeiro legislador e fez que
as leis orais, baseadas nos costumes
e nas tradições, passassem a ser
escritas (621 a.C.), reduzindo, assim, o poder dos eupátridas. Sua reforma
não foi bem-sucedida, já que desagradou aos “bem-nascidos” - reticentes quanto
a qualquer tipo de mudança - e não favoreceu as camadas inferiores, pois as
leis orais protegiam os membros da aristocracia eupátrida.
Em 594 a. C,
o legislador Sólon, que era membro
de um grupo autodenominado Partido Democrático, assumiu o poder, iniciando uma
série de reformas democráticas. Ele extinguiu a escravidão por dívidas e
passou a classificar a divisão social de acordo com a renda, e não mais segundo
o nascimento.
As reformas de Sólon não agradaram os
aristocratas e isso gerou uma série de distúrbios políticos que provocaram o
surgimento da Tirania, quando um
aristocrata tomou a administração à força, contando com apoio popular, o qual
era resultado de manipulação. Psístrato
foi, então, o primeiro tirano e confiscou as terras da nobreza, entregando-as
aos agricultores. Após a morte de Psístrato, seus filhos, Hiparco e Hípias,
tomaram o poder, mas não conseguiram apoio suficiente para mantê-lo. O primeiro
acabou assassinado e o segundo tentou perseguir seus opositores, tendo sido
deposto e banido de Atenas.
Com a morte do tirano, os democratas
retomaram o governo, dando continuidade às suas reformas. O poder foi entregue
a Clístenes, que concluiu o processo
de instalação das reformas que criariam a democracia
ateniense.
Atenas foi dividida em dez tribos,
representando os moradores da cidade, do litoral e do interior. A Bulé, uma assembleia formada por 500
membros eleitos pela população, e a Eclésia,
que era uma assembleia popular, tiveram seus poderes ampliados. Já o poder do Areópago, que era composto por
ex-governantes, foi diminuído.
A partir de Clístenes, a democracia ateniense
caracterizou-se pela igualdade dos cidadãos perante a lei e pelos direitos de
receber honras por mérito pessoal, e não por hereditariedade, de apelar para
tribunais e de votar e participar do governo. No período, foi criado também o ostracismo, punição de exílio por dez anos, aplicada aos maus
cidadãos ou àqueles que, do ponto de vista da maioria dos cidadãos, ameaçavam a
democracia.
Sob o governo de Péricles, Atenas atingiu seu ápice cultural, político e militar. Os atenienses orgulhavam-se de ter uma força
militar que em quase nada devia às outras pólis. Os cidadãos passaram a receber
vencimentos pela sua participação no processo democrático e foram instituídos
os magistrados, encarregados de executar as medidas determinadas pela
Assembleia Popular, e o tribunal popular, incumbido de julgar os crimes
cometidos por cidadãos. Péricles foi reeleito para o cargo de administrador da
cidade (estrategos) por 15 anos, período conhecido como o “Século
de Péricles”. O governante acabou morrendo contaminado por uma peste que se
espalhou por Atenas durante os conflitos contra os espartanos.
É importante ressaltar que a democracia
ateniense não era um direito, mas um privilégio. Apesar de igualar
juridicamente os cidadãos, era exatamente na definição de cidadania que se
estabelecia uma diferenciação que, aos nossos olhos, era bastante
discriminatória. O direito de voto em Atenas era exclusivo dos homens livres,
nascidos na cidade e maiores de idade. Dessa forma, os estrangeiros, as mulheres, os menores de
idade e, obviamente, os escravos não tinham nenhum direito de participação
política.
A democracia ateniense era participativa,
isto é, os cidadãos se reuniam na Ágora e, ali, decidiam os rumos da cidade. No
entanto, somente 10% da população tinham tais direitos. A participação na vida
política da cidade era garantida pela exploração dos escravos, que eram vistos
como uma propriedade.
ESPARTA
- Fundada pelos dórios na planície da Lacônia,
Esparta destacou-se pelo isolamento em relação às demais cidades e pela
militarização da população, especialmente da camada dominante. As normas que
estabeleciam seu funcionamento teriam sido ditadas por uma figura lendária,
chamada Licurgo, no século IX a.C.. O mesmo Licurgo teria estabelecido a
divisão da sociedade espartana em três grupos básicos.
Ruínas do teatro de Esparta
Os que pertenciam à camada mais alta,
descendentes dos conquistadores dórios, eram chamados de espartíatas. Os homens eram educados pelo Estado desde os 7 anos já
voltados para o treinamento e preparo militar. Aos 20, eram armados guerreiros
e, durante essa fase, viviam na caserna. Finalmente, aos 30, adquiriam plena
cidadania e voltavam a viver em suas casas, quando, então, recebiam permissão
para encontrar uma esposa. Ainda assim, deveriam permanecer à disposição do
exército até os 60 anos, quando passavam a participar da administração da
cidade.
Abaixo dos espartíatas, estavam os periecos,
que eram descendentes dos primeiros habitantes da Lacônia que não haviam
resistido à invasão dórica. Por esse motivo, eram tolerados na cidade,
dedicando-se a atividades desprezadas pelos espartíatas, como o comércio e o
artesanato.
Os hilotas
também descendiam dos primeiros habitantes da Lacônia, mas foram escravizados
por terem resistido ao avanço dório. Esses trabalhadores não eram escravos
exatamente, pois não configuravam propriedade de outro homem livre. Entretanto,
ficavam à disposição da cidade e podiam ser solicitados por qualquer morador de
Esparta. Os estrangeiros só utilizavam um hilota com a permissão do Estado. Os
hilotas tinham por obrigação cultivar a terra do cidadão, tendo que entregar
uma série de produtos a este no final do ano. Não possuíam nenhum direito,
tampouco amparo legal.
O poder em Esparta era exercido pelos éforos, um grupo formado por cinco
membros eleitos pela assembleia popular. A Gerúsia,
conselho composto por 28 membros com mais de 60 anos, encarregava-se de
elaborar as leis - que podiam ou não ser aceitas pelos éforos. A assembleia
popular ou Ápela era composta por
todos os cidadãos com mais de 30 anos e tinha por função eleger os membros da
Gerúsia e os éforos. Houve um período da
história espartana que governavam juntos dois
reis, mas eles exerciam somente funções de chefes militares e religiosas, este sistema político ficou conhecido como diarquia.
Dessa forma, enquanto Atenas encaminhava-se para a
democracia, ampliando cada vez mais a participação popular nas decisões da
cidade, Esparta tomava a via oposta, dirigindo-se para uma gerontocracia,
ao entregar o governo da cidade a pessoas com mais de 60 anos e ao dar acesso
ao poder apenas à oligarquia de espartíatas.
Economicamente,
a principal atividade da cidade era a agricultura, porém alguns periecos
conseguiam até mesmo enriquecer com o comércio, atividade desprezada pelos
aristocratas.
O SÉCULO DE OURO
Os gregos
atingiram seu apogeu no século V a.C. . Várias cidades-estado gregas fundaram
colônias nas costas do Mediterrâneo, dando origem à Magna Grécia. Chama-se essa
expansão de “diáspora grega”. As colônias fundadas nesse período guardavam
estreitos laços com as cidades que lhes haviam dado origem.
Por volta do
século V a. C., o Império Persa estava se expandido pela Ásia Menor e acabou
dominando várias cidades gregas do litoral. Atenas veio em socorro de suas
colônias, especialmente Mileto, provocando a ira do imperador persa Dario e,
consequentemente, uma guerra entre persas e gregos. Esses conflitos militares
ficaram conhecidas como Guerras Médicas.
A Primeira
Guerra Médica ocorreu entre 492 e 490 a.C.. Nessa ocasião, os persas
desembarcaram um forte exército na planície de Maratona, mas foram batidos pelas
tropas de Atenas na Batalha de Maratona, sendo obrigados a se retirarem
para organizar uma nova invasão.
Anos depois, estourou a Segunda Guerra Médica,
estendendo-se de 484 a 479 a.C.. Desta vez, o imperador Xerxes, filho e
sucessor de Dario, comandou uma grande invasão à Grécia, enfrentando uma liga
de cidades gregas que, durante anos, vinham se preparando para essa invasão.
Atenas havia construído um porto fortificado, Pireu, de onde partiu uma frota
capaz de vencer os oponentes.
Os persas
invadiram a Grécia pelo norte, batendo uma pequena guarnição espartana nas
montanhas de Termópilas,sob a liderança do rei espartano Leônidas, o qual foi massacrado
junto com seus 300 soldados, apesar de ter resistido bravamente durante dois
dias. Atenas foi arrasada. Enquanto isso, no mar, a frota ateniense
batia os persas na Baía de Salamina (Batalha
de Salamina/ 480 a. C.).
Estátua em honra do rei Leônidas e seus 300 guerreiros, acompanhada dos dizeres: “Caminhante,
vai dizer aos Lacedemônios que aqui repousamos por havermosobedecido às suas leis”
No ano
seguinte, ocorreu o que é chamado de Terceira Guerra Médica, na qual os
exércitos gregos, comandados pelo espartano Pausânias, venceram os persas em
Plateia, ao mesmo tempo em que a frota grega bateu novamente os persas no Cabo
Micale. Derrotado, o imperador Xerxes levou o restante de seu exército de volta
à Pérsia.
Atenas e seu
porto foram reconstruídos e murados. Ao longo da guerra, formou-se a Confederação de Delos, uma aliança militar
entre várias cidades gregas liderada por Atenas, reunindo homens, navios,
armas e dinheiro, com o claro objetivo de se prepararem para uma nova investida
dos persas. As cidades contribuíam com seus tesouros, que eram guardados na
ilha de Delos e administrados por atenienses.
A frota da
confederação expulsou os persas do Mar Egeu, favorecendo o comércio de Atenas.
As colônias gregas na Ásia Menor libertaram-se, e o Império Persa foi obrigado
a aceitar a paz de Kálias (448 a.C.), reconhecendo a independência das colônias
gregas e comprometendo-se a não mais invadir a Grécia.
Com a
assinatura do acordo de paz com os persas, a Confederação de Delos perdeu sua
razão de ser, mas os atenienses recusaram-se a dissolver a liga e transferiram
o tesouro da ilha de Delos para Atenas. A Confederação de Delos possibilitou,
então, o exercício do imperialismo dos
atenienses, que passaram a exigir a manutenção dos tributos de todas as
cidades gregas. Essa situação ampliou a rivalidade com Esparta, que não admitiu
pagar tributos a Atenas e retornou ao seu isolamento.
Tal situação
permitiu o crescimento de Atenas, que se tornou hegemônica na península. A
cidade prosperou como o maior centro comercial do mundo grego e impôs seu
modelo às cidades aliadas, chegando a interferir na política interna dos
vizinhos, isto é, internamente, Atenas
era democrática, mas externamente era imperialista.
GUERRAS DO PELOPONESO
(431-404 a.C.) - Os espartanos perceberam que haviam cometido um erro ao ignorar a
expansão ateniense isolando-se em sua cidade, pois permitiram o crescimento de
Atenas, que, agora, cobrava tributos de Corinto, aliada de Esparta e membro da Liga do Peloponeso. Essa associação de
cidades havia sido feita pelos espartanos, que pretendiam equiparar-se a
Atenas. O conflito militar tornou-se inevitável, apesar de o poderio das
cidades ser bastante distinto: Atenas era uma potência naval e Esparta
destacava-se como força terrestre.
A guerra teve início em 431 a. C., envolvendo
todas as cidades gregas e contrabalançando vitórias terrestres de Esparta com
vitórias marítimas de Atenas. Esparta recebeu ajuda de uma frota enviada pelos
persas, pois estes consideravam os atenienses os responsáveis pelas derrotas
anteriores. Assim, em 405 a.C., a recém-criada frota espartana destruiu a frota
ateniense na batalha de Egos-Pótamos.
O exército espartano cercou
Atenas enquanto sua frota cercava o porto de Pireu. Os atenienses
rendem-se no mesmo ano e foram obrigados a derrubar os muros da cidade e
aceitar um governo de aristocratas, determinando a vitória final espartana.
Esparta incentivou a aristocratização de todas as cidades gregas, mas não
conseguiu manter guarnições militares em todas, e, como conseqüência, várias
polis reconquistaram sua liberdade.
Em 377 a C., a cidade
emergente de Tebas declarou guerra a Esparta, aproveitando-se do desgaste
sofrido pela cidade durante a Guerra do Peloponeso. Nessa oportunidade,
contando com o apoio de Atenas, os tebanos ameaçaram a hegemonia espartana.
Entretanto, esgotados com tantas guerras, os atenienses assinaram uma paz em
separado com Esparta.
Como forma
de enfraquecer os espartanos, os tebanos sublevaram a população da cidade de
Messênia que, na época, era escravizada por Esparta. Atenas aliou-se a Esparta
temendo o crescimento dos tebanos, mas os primeiros foram derrotados na batalha
de Lêuctras (371 a.C.) e, por fim, Tebas impôs sua hegemonia a toda a Grécia.
As guerras sucessivas debilitaram as cidades gregas, abrindo as portas para a
invasão da Macedônia, em 360 a.C., sob o comando do rei Felipe II.
A EXPANSÃO MACEDÔNICA
Os macedônios viviam
ao norte da Grécia e eram considerados bárbaros pelos gregos, muito embora
tivessem origem semelhante. Sob o comando de Felipe II, conquistaram as cidades
gregas no período de 360 a 338 a. C., tirando
proveito das divisões entre elas.
Para
impor seu poder, os macedônios mesclavam diplomacia e feitos militares. Em
338 a. C., Felipe II venceu um exército
ateniense e completou a conquista de toda a península, sendo nomeado
generalíssimo da Grécia na resistência contra os persas.
De volta à Macedônia, Felipe II foi assassinado,
provavelmente em virtude de uma intriga palaciana e as cidades se
revoltaram, tentando recuperar sua independência. Alexandre, filho de Felipe,
assumiu o trono com a frase "nada mudou a não ser o nome do rei". O
novo rei seria conhecido posteriormente como Alexandre Magno, (expressão latina derivada do termo grego Megás
Alexandros, que quer dizer: Alexandre, o Grande).
Alexandre venceu os exércitos
de Tebas e arrasou a cidade como um exemplo a todos os revoltosos. Retomou toda
a península e formou um exército pangrego que invadiu o Império Persa em 338
a.C., batendo os exércitos do imperador Dario III nas margens do Rio Grânico. Na
Batalha de Issos, ele venceu novamente os persas e se apossou da família e dos
tesouros do imperador persa. Alexandre
conquistou também a Fenícia e o Egito, onde fundou a cidade de Alexandria (332
a.C.). Venceu definitivamente as últimas forças dos persas na Síria e tomou
suas capitais. O assassinato de Dario III por um sátrapa (administrador
auxiliar dos imperadores persas) provocou o desmoronamento de qualquer
possibilidade de resistência do império e sua total conquista pelos macedônios.
Estes levaram suas fronteiras até o Rio Indo (atual território da Índia), onde
venceram o exército do Rei Poro. Alexandre foi responsável pela
difusão da cultura grega ao longo de seus domínios, fundando várias cidades com
o nome de Alexandria, mas ao mesmo tempo, permitia a manutenção dos costumes
locais, buscando uma maior integração entre a cultura grega e as culturas
orientais, surgindo desse processo a chamada cultura helenística.
De volta à Babilônia,
Alexandre Magno morreu em 323 a. C., aos 33 anos, vítima de uma doença que
causava fortíssima febre, sem deixar herdeiros diretos.
O Império de Alexandre e sua fragmentação
Em virtude
dessa situação complexa, pois Alexandre havia se casado com uma princesa da
Ásia central e esta lhe dera um filho, no entanto, a ausência indicação formal
do sucessor enquanto vivo, possibilitou o afastamento de Roxana e seu filho,
favorecendo os interesses dos generais de Alexandre Magno, que se consideravam seus
sucessores e assim dividiram o império entre si:
·
Ptolomeu ficou com o
Egito;
·
Cassandro ficou com a
Macedônia;
·
Lisímaco, com a
Trácia;
·
Antígono, com a Ásia
Ocidental;
·
Seleuco, com a
Babilônia.
CULTURA E SOCIEDADE
A
principal contribuição dos gregos à humanidade foi, com certeza, a sua cultura,
considerada como berço de toda a cultura ocidental. No século de Péricles (V
a.C.), viveram os maiores artistas, escritores e filósofos de toda a Grécia.
Na arquitetura, os templos de linhas retas sustentados por colunas
buscavam a harmonia das proporções e o equilíbrio do volume. A escultura tratava principalmente da
figura humana, destacando a beleza fisionômica, a musculatura e a flexibilidade
e tendo seus maiores expoentes em Fídias e Praxíteles.
Da pintura grega, restaram poucos exemplares, presentes em
ruínas de palácios ou citadas em textos da Antiguidade que foram recopiados e
lidos por outros artistas posteriormente. São muito conhecidos até hoje os
trabalhos realizados em cerâmicas e que retratavam cenas mitológicas e de
costumes.
Na literatura, os gregos desenvolveram a
poesia épica, tendo seu expoente máximo em Homero, poeta cego
cuja existência é questionável, mas lhe atribuem a autoria da Ilíada e
Odisséia, respectivamente relacionadas
com a Guerra de Tróia e as aventuras de Odisseus (Ulisses). Na poesia
lírica, destacam-se Píndaro, Alceu e a poetisa Safo.
Estátua da deusa Vênus - British Museum
Crédito: Elias Feitosa
O teatro
grego nasceu nas festas em homenagem ao deus Dionísio, onde os participantes
fantasiavam-se de bodes ou ainda se realizava o sacrifício de um bode em honra a Dionísio. É aqui que
encontramos a origem do nome tragédia (tragos = bode e oide
= canto). Os principais autores dramáticos foram Ésquilo, Eurípedes e Sófocles.
Este último, é autor dos clássicos como Édipo Rei, Antígona e Electra. Na
comédia, destacaram-se Cratino, Crates e Aristófanes.
Um dos
pontos altos da cultura grega foi a filosofia. Seus primeiros expoentes eram
naturais de Mileto e sua maior preocupação era com a natureza física do mundo.
Por volta do século V a.C., os sofistas Protágoras e Górgias reduziram todas as
realidades do mundo à materialização das ideias e reduziram as ideias às
palavras.
Contra os
sofistas, surgiu aquele que é considerado o maior filósofo da Grécia Clássica:
Sócrates. Filho de um fabricante de estátuas e de uma parteira, ele dedicou-se
à filosofia e desenvolveu uma nova técnica, a qual denominou de maiêutica. Com ela, pretendia chegar às
verdades filosóficas através de perguntas e respostas com os mais variados
interlocutores. Sócrates pregava as virtudes com palavras e atos, condenava os
vícios e destacou-se como soldado lutando por sua cidade. Devido a essas
atitudes, despertou a ira de diversos cidadãos influentes que o acusaram de não
honrar os deuses, de tentar criar divindades novas e de corromper a juventude.
Sua defesa foi somente mais um exercício de maiêutica
com aqueles que deveriam julgá-lo. Foi condenado à morte por envenenamento.
Boa parte da
filosofia socrática chegou até nossos dias através dos Diálogos escritos por
seu discípulo Platão, que, por sua vez, defendia que o mundo sensível nada mais
era do que um conjunto de falsas aparências, e que o mundo das ideias é o único
real.
Aristóteles,
discípulo de Platão, discordava de seu mestre e afirmava que as ideias não
existem fora do mundo sensível. Propunha que um elemento geral seria a origem
de todas as coisas e que o objetivo da ciência seria encontrar esse elemento.
Na história,
destacou-se Heródoto, que viajou pelo Egito, Império Persa e Península Itálica.
Foi Heródoto que disse ser o Egito uma “dádiva do Nilo” e que descreveu as
Guerras Médicas. Tucídides escreveu sobre as Guerras do Peloponeso e Xenofonte
sobre várias outras guerras dos gregos.
De maneira
geral, os gregos eram misóginos, isto é, apresentando um profundo
desprezo pelas mulheres, vistas apenas como instrumento de reprodução e
divertimento. No que se refere à educação, já vimos que em Esparta era
controlada pelo Estado e dirigida para o militarismo. Já em Atenas, a lei
exigia que os pais educassem seus filhos, que, normalmente, eram inseridos em
escolas particulares. Aprendia-se a ler, escrever, cantar, declamar e tocar
instrumentos, como lira e flauta. Apesar de uma carga educacional voltada para
o intelecto, os atenienses não se descuidavam do preparo físico e militar.