A Itália primitiva ficava a oeste
da Grécia, onde os primeiros povoados surgiram após o mesmo ter ocorrido na
Península Balcânica. A cidade de Roma ficava às margens do Rio Tibre, no centro
da Península Itálica, região mais conhecida como Lácio, e surgiu,
provavelmente, de acampamentos militares formados por latinos, um dos primeiros
povos que habitaram a região. Além destes, havia os italiotas nativos e
migrantes gregos. Estes últimos vinham, em geral, da Magna Grécia (sul da atual
Itália). O
último povo que migrou para essa região, por volta do século VII a C., foram os
etruscos, que acabaram subjugando os habitantes locais e fundando a primeira
forma de governo entre os romanos depois do sistema patriarcal gentílico: a
monarquia.
PERÍODO MONÁRQUICO
A
monarquia, que se estendeu até o
século VI a C., foi um período pouco
expressivo e cercado de lendas. A mais famosa descreve a fundação de Roma como
fruto de uma intriga palaciana que pretendia provocar a morte de dois irmãos
gêmeos, Remo e Rômulo, que teriam se
salvado ao serem amamentados por uma loba quando ainda eram bebês.
A
cidade teria sido governada por sete reis. É difícil afirmar com precisão, pois
boa parte dos personagens dessa fase eram, provavelmente, lendários. A plebe era camada social de
trabalhadores era seguidamente privada de uma série de direitos, o poder foi
sendo transferido aos poucos para o grupo aristocrático, os patrícios, que se apresentavam como descendentes dos fundadores da
cidade, dispunham das melhores terras e controlavam a produção de grande parte
das colheitas e rebanhos.
Um
rei de origem etrusca, chamado Sérvio Túlio, realizou uma importante reforma
social no século IV a.C., quando a população foi dividida de acordo com a renda
e cada segmento social poderia contribuir com certa quantidade de soldados para
o Exército. As questões militares passaram a ser decididas por assembleias
formadas por cem soldados. Tais assembleias eram chamadas de centúrias e seu comandante era o
centurião. Apesar de as centúrias da aristocracia gozarem de maior importância,
a reforma permitiu aos plebeus o acesso à carreira militar.
O
último rei de origem etrusca, Tarquínio,
o Soberbo, foi destronado pela aristocracia, que assumiu o poder
coletivamente. Como a monarquia garantia o poder apenas para os etruscos e seus
descendentes, foi necessário criar um novo regime político. Desde então, a monarquia
ou algo próximo dela passou a ser repudiada pela elite romana.
PERÍODO REPUBLICANO
A República (do século VI ao I a.C.) foi
o regime político criado pelos romanos. Os cidadãos, que se consideravam
descendentes dos fundadores de Roma, governam a cidade através do Senado. O poder era fragmentado para
evitar a centralização em uma única figura e, assim, abrir caminho para o
ressurgimento da monarquia. Neste período, a cidade de Roma iniciou um processo de expansão militar que dominou a Europa Ocidental, a Ásia Menor e boa parte do
norte da África. Mais adiante, será visto como, devido a crises internas e o
surgimento de novas classes sociais, ocorreu o fim da república romana e o
surgimento de uma nova forma de governo.
A
sociedade romana era patriarcal e, embora as mulheres gozassem de relativa
liberdade, elas não tinham acesso às magistraturas. Com a deposição do último
rei, definiram-se quatro classes sociais em Roma. Os patrícios detinham o controle do
sistema político, uma vez que o centro do poder estava no Senado,
responsável pela elaboração das leis e pela nomeação dos principais magistrados
ou comandantes militares. Eram os senadores que escolhiam os dois cônsules (supremos magistrados), os pretores (administradores da justiça),
os censores (zelavam pelo
recenseamento e vigiavam a manutenção dos bons costumes), os edis (mantenedores da estrutura da
cidade), os questores (cobradores de
impostos) e, em ocasiões especiais, o ditador
(que só poderia sê-lo por seis meses, com mandato renovável).
Abaixo,
estavam os plebeus descendentes dos
povos conquistados. Eles constituíam a maioria da população e não tinham
direitos políticos, mas eram obrigados a integrar o exército. Geralmente, se
dedicavam ao comércio, artesanato ou agricultura nas terras dos patrícios.
Outros eram pequenos proprietários e conseguiam acumular algum dinheiro. Em
resumo, ser plebeu significava ser súdito, ter a cidadania negada.
Praticamente
na mesma camada social estavam os
clientes, que não passavam de plebeus sob a proteção de um patrício, e que
executavam pequenos trabalhos para estes. O clientelismo
era um arranjo político, onde os patrícios, por protegerem esse segmento
social, garantiam para si o apoio de parcela das camadas menos favorecidas e daí teremos a expressão clientelismo.
Abaixo
de todos, estavam os escravos, sendo considerados como mercadorias, pois se tratava de
homens que perderam a sua liberdade e se tornaram “posse de outro”. Em geral prisioneiros de guerra ou romanos endividados que trabalhavam para pagar seus
débitos, eles não tinham amparo legal, situação revertida com a revogação da escravidão por dívidas. É importante ressaltar que, antes da expansão dos romanos
pelo Mediterrâneo, a mão de obra escrava não era fundamental para o
funcionamento da economia romana. Tal papel era desempenhado pelos plebeus.
Com
o crescimento e o enriquecimento da cidade, os plebeus passaram a lutar por
melhores condições de vida e por direitos políticos. A mais célebre dessas
lutas ocorreu em 493 a. C., quando os plebeus se retiraram de Roma para pressionar o patriciado, deixando a cidade vulnerável aos se
deslocarem ao Monte Sagrado ou Aventino. Os
patrícios foram, então, obrigados a ceder algum poder em troca do retorno deles,
mas não o conseguiram de maneira consistente.
As “greves” ou revoltas que os plebeus realizaram por mais dois séculos, resultaram em algumas mudanças:
- eleger Tribunos da Plebe , isto é, representantes dos plebeus no senado, em número de 2 (posteriormente 10) com poder de vetar quaisquer leis criadas pelo senado que fossem prejudiciais aos plebeus e, além disso, estava garantida a inviolabilidade dos tribunos;
- a criação da Lei das Doze Tábuas, primeiro Código de Leis escrito da história daquela cidade-estado;
- o fim da escravidão por dívidas;
- o direito de se casar com membros da aristocracia patrícia.
Apesar
da importância dessas leis, elas ainda estavam muito longe das reais
necessidades dos plebeus, que não poderiam contar com o apoio dos clientes. Por
outro lado, os patrícios achavam que essas modificações ultrapassavam os
limites toleráveis para uma camada dominante. Os atritos entre patrícios e
plebeus continuaram a ameaçar a estabilidade de Roma.
Durante a
fase republicana, Roma partiu para uma política expansionista, dominando toda a Península Itálica (269 a. C.) como ponto
de partida. Mas a tentativa de anexar a Sicília colocou Roma em choque com a
rica cidade de Cartago, fundada
pelos fenícios (chamados pelos romanos de punos)
no norte da África e que havia construído um poderoso império marítimo. As
guerras que envolveram Roma e Cartago ficaram conhecidas como Guerras Púnicas.
GUERRAS PÚNICAS - Na Primeira Guerra Púnica (264 a 241 a. C.), Roma usou
como pretexto a necessidade de auxiliar uma sublevação dos mamertinos
(habitantes da Sicília) contra os cartagineses e, assim, declarou guerra a
Cartago. As operações em terra beneficiaram os romanos, mas as navais foram
favoráveis aos cartagineses, mais acostumados a combater no mar. Entretanto, já
apresentando sua fabulosa capacidade militar, os romanos conseguiram aprisionar
e copiar algumas galeras fenícias, acrescentado-lhes as pontes corvinas, que
permitiam a abordagem contra as embarcações inimigas. Uma vez dentro do barco
adversário, os romanos substituíam o combate naval pelo típico confronto
“terrestre”. Nascia, assim, a poderosa esquadra romana que venceria a guerra
contra os cartagineses. Com a vitória, Roma anexou as ilhas da Sicília,
Sardenha e Córsega.
A
segunda Guerra Púnica (218 a 202 a. C.) mostrou que os cartagineses não se
dobrariam facilmente aos anseios romanos. Privada de suas colônias no
Mediterrâneo oriental, Cartago passou a explorar minas de prata na Hispânia
(atual Espanha), submetendo a população local. Os hispânicos pediram socorro a
Roma que, novamente, declarou guerra a Cartago.
Aníbal
Barca, filho de um comandante cartaginês, vinha há longo tempo preparando-se
para esta guerra e, com uma estratégia inesperada e fulminante, atravessou os
Alpes com cerca de 40 elefantes e ameaçou a cidade de Roma. Mas Aníbal cometeu
um erro ao deter seu avanço à espera de reforços comandados por seu irmão
Asdrúbal. Os romanos aproveitaram-se da trégua inesperada e lançaram um
exército contra Asdrúbal nas proximidades de Metauro (Espanha), destruindo,
assim, a linha de suprimentos de Aníbal. A seguir, legionários romanos lançaram
um ataque contra Cartago, obrigando Aníbal a retornar para defender sua cidade.
Ele foi, então, derrotado na Batalha de Zama. Sabendo que sua prisão e execução
eram questão de tempo, Aníbal cometeu suicídio. Cartago foi obrigada a pagar
uma pesada indenização aos romanos e perdeu a Espanha e o restante de suas
colônias, ficando proibida de pegar em armas sem a autorização de Roma.
A
terceira e última Guerra Púnica (149 a 146 a. C.) marcou o enfrentamento final
entre as duas poderosas cidades. Imune às indenizações e aos saques, Cartago
continuou crescendo como potência marítima e comercial, concorrendo com os
comerciantes romanos. A ira que essa grandeza cartaginesa despertava pode ser
expressa na frase com que o magistrado Catão encerrava seus discursos no
Senado: “Delenda Cartago “
(Destruam Cartago).
Os
cartagineses haviam armado um exército para enfrentar os núbios (tribos nômades do
deserto oriundas da região sul do vale do Nilo) que ameaçavam sua cidade e os romanos alegaram que o
tratado de paz havia sido violado e declararam uma nova guerra
contra Cartago. Como prova de que não pretendiam guerrear novamente, os
cartagineses entregaram suas armas aos romanos. Mas estes, mesmo assim,
sitiaram a cidade durante dois anos até sua destruição total. Os cartagineses
foram escravizados, sua cidade arrasada e seus campos cobertos com sal para que
não mais produzissem e o perigo cartaginês nunca mais ressurgisse.
Com
o final da terceira Guerra Púnica, Roma tomou a Macedônia e, posteriormente, a
Grécia e a Síria. Desde então, o comércio,
marítimo ou terrestre, tornou-se a principal atividade econômica dos
romanos. Estava formado o que era, até então, o maior império da Antiguidade. A
expansão romana proporcionou o domínio sobre o Mediterrâneo e as regiões por
ele banhadas. Porém, criou também problemas de ordem interna:
- o trigo, pago como tributo pelos povos conquistados, arruinou os pequenos agricultores da península, pois não havia mercado para seus produtos. Assim, estes agricultores migravam para Roma na esperança de conseguir emprego;
- os escravos, em número crescente, tomavam o lugar dos trabalhadores assalariados, aumentando o risco de uma revolta de proporções catastróficas. Foi a partir da expansão que os escravos tornaram-se a base do sistema produtivo romano, o que justificaria a utilização da expressão marxista modo de produção escravista;
- os oficiais do exército, enriquecidos pelo botim, passaram a formar uma nova classe social, a ordem equestre, também chamada de cavaleiros ou homens novos, que era uma aristocracia de origem militar e que passou a disputar o poder com os patrícios, a aristocracia de sangue;
- o afluxo de riquezas fez disparar a inflação e o preço das terras que passaram a ser alvo de especulação, permanecendo sem uma utilização regular da parte de seus proprietários.
A
concentração de terras acirrou, novamente, as disputas entre patrícios e
plebeus e, desta vez, os tribunos da plebe tomaram a frente das negociações. Tibério Graco (tribuno da plebe em 133
a.C.) propôs uma reforma agrária que
tomasse terras dos grandes latifundiários. Uma vez tornadas terras do Estado (ager publicus), elas deveriam favorecer
os pequenos lavradores endividados. Tibério apenas havia constatado que a base
do exército romano eram os camponeses que migravam para a zona urbana e,
portanto, pretendia conter as migrações e, ao mesmo tempo, criar uma motivação
para que os soldados se empenhassem na defesa do território romano. Tibério e
seus partidários foram assassinados através de uma conspiração dos senadores,
convictos de que não deveriam entregar um centímetro sequer das terras
particulares.
Seu
irmão, Caio Graco (tribuno da plebe
em 123 a.C.) retomou o projeto de Tibério e radicalizou-o. Além da reforma agrária, pretendia tabelar o
preço do pão (lei frumentária), proporcionar a construção de grandes obras para
dar ocupação aos mais pobres, estender a cidadania romana a todos os aliados de
Roma e permitir que originários da ordem equestre fossem membros de tribunais.
Mas Caio Graco não teve melhor sorte, pois foi perseguido pelos senadores e
acabou cometendo suicídio.
Com
o fracasso das tentativas dos irmãos Graco, ficava claro para os plebeus que os
senadores se uniriam o quanto fosse necessário para impedirem novas reformas.
Por isso, os plebeus uniram-se em torno de um cavaleiro (plebeu enriquecido)
chamado Mário, e Roma mergulhou em
uma guerra civil.
Inicialmente,
Mário foi o vitorioso. Apossou-se do poder na forma de ditador e reformou o
exército, tornando-o profissional e pagando salários aos soldados. Os patrícios
recorreram a outro general, de nome Sila,
para fazer frente às turbas de plebeus. Com a ajuda de generais da Ásia Menor,
Sila invadiu Roma, derrotando Mário e seus partidários (82 a.C.) e tornando-se
ditador vitalício.
Violência, sangue e areia: o êxtase romano no Pão e Circo - Mosaico romano, Villa Borghese, Roma, Itália.
Derrotados,
os plebeus foram sendo marginalizados da vida política de Roma com a política do Pão e Circo, quando o governo romano custeava jogos e lutas para o
entretenimento da plebe e também distribuía pão gratuito aos espectadores,
favorecendo portanto, a construção de um mecanismo de alienação que garantia o
controle da plebe e consequentemente consolidava o poder para a elite patrícia. As famílias
patrícias viviam cercadas de luxo e, aos poucos, não se identificavam mais com
a vida militar, apesar dos generais serem
oriundos das famílias patrícias, os aristocratas se afastaram do corpo do
Exército, que era constituído pela plebe, dessa forma, os soldados passaram a
ser assalariados.
CRISE REPUBLICANA - Sila ainda teve que se ocupar de uma revolta de escravos liderados por
Spartacus às portas de Roma, o que expôs a fragilidade da cidade que dominava o
mundo. O general Crasso foi responsável pela
derrota de Spartacus, que foi derrotado e executado, sendo que cerca de 4000
escravos foram feitos prisioneiros e crucificados ao longo da Via Ápia para
servirem de exemplo àqueles que ousassem a desafiar o poder romano.
A crise que a Reública se encontrava
foi parcialmente resolvida com uma espécie de “acordo de cavalheiros” onde o
Senado partilharia o poder com três generais que seriam nomeados cônsules, aliança política e militar romana que passou para a
história com o nome de Triunvirato.
O Primeiro Triunvirato era formado pelos generais Júlio César, Pompeu e Crasso. Este
último obteve o Oriente; Pompeu ficou com Roma e Espanha, e Júlio César teve a
responsabilidade de completar a conquista da Gália.
Com
a morte de Crasso, que estava combatendo no Oriente, Pompeu decidiu anexar para
si o território do triúnviro morto. Ao mesmo tempo, imaginava angariar o apoio
do Senado para destituir Júlio César e tornar-se único mandatário.
Sabendo
dos planos de Pompeu, César iniciou seu retorno. Atravessou o Rio Rubicão,
fronteira entre os territórios dos dois triúnviros e, à frente de suas tropas,
teria pronunciado a frase “Alea jacta est”
(a sorte está lançada em latim). Acuado e isolado, Pompeu fugiu para a Grécia
com César em seu encalço e, posteriormente, procurou abrigo junto ao príncipe Ptolomeu XIII, do Egito, mas
acabou assassinado por ordem deste.
Ao
saber da morte de Pompeu, Júlio César destronou Ptolomeu e colocou em seu lugar
a irmã do faraó: Cleópatra VII, com a qual, depois, manteve um notório romance. O Egito
já era, nessa época, um reino enfraquecido e que não tinha alternativa senão aliar-se aos romanos
para não ser escravizado.
César
retornou a Roma e reorganizou a República, estendendo a cidadania romana a
vários povos conquistados. Fundou colônias em pontos estratégicos, doando
terras a agricultores e ex-soldados; realizou numerosas obras na cidade e no
campo, empregando mão de obra ociosa; criou um corpo de bombeiros para combater
os incêndios que vez por outra irrompiam na cidade e, por fim, iniciou a uma
reurbanização de Roma, com a construção de edifícios e monumentos, muitos em
sua própria homenagem. O calendário também foi reformado por um grupo de
estudiosos a serviço de César, passando a ter 12 meses e com a instituição do
ano bissexto, sendo conhecido a partir de então
como calendário juliano.
Mas
o que pulverizou qualquer simpatia dos aristocratas por Júlio César foi a
maneira pela qual ele diminuiu os poderes do Senado, ato interpretado por
muitos como uma clara tentativa de ressuscitar a monarquia.
Júlio
César foi assassinado em 44 a.C. pelos patrícios em uma conspiração no Senado.
Roma mergulhou em uma guerra civil que opôs os senadores e os "herdeiros
políticos" de César: Marco Antônio
(correligionário de César que se dizia seu sucessor), Otávio (sobrinho e filho adotivo de César) e Lépido (general e banqueiro aliado de César).
Os
herdeiros de César derrotaram o exército dos patrícios e, mais uma vez, a
república foi dividida. Essa aliança ficou conhecida como segundo triunvirato. Pelo acordo de Brindisi, Otávio ficaria com o
Ocidente, fixando sua capital em Roma, Marco Antônio, com o Oriente, com
capital em Alexandria, no Egito, e Lépido ficaria com o norte da África. Este
último era o mais fraco de todos e logo acabou marginalizado na aliança,
evidenciando-se a supremacia de Marco Antônio e Otávio. Se no início ambos eram
aliados, Otávio mostrou-se mais habilidoso para conseguir a simpatia da
aristocracia romana, o suficiente para isolar Marco Antônio.
Marco
Antônio uniu-se a Cleópatra e transformou-se em seu novo amante. Tal fato
despertou a ira de Otávio, que o acusou de traidor da pátria e de tentar
transformar o Egito num reino independente de Roma. A esquadra romana fiel a
Otávio derrotou a frágil esquadra egípcia em Actium (31 a.C.). Marco Antônio e
Cleópatra, então, suicidaram-se e o Egito foi reduzido a província romana.
Otávio retornou a Roma sendo recebido como herói pela plebe, que recebeu trigo distribuído gratuitamente, sendo que este
fora saqueado do Egito derrotado.
PERÍODO IMPERIAL
A
história imperial romana pode ser dividida em Alto Império (do século I a. C. ao III d.C.), fase caracterizada
pela manutenção das conquistas e extensão do modo de vida romano, e Baixo Império (século III ao V d.C),
quando os romanos entraram em decadência devido a um conjunto de fatores que
culminaram com a chegada dos povos bárbaros.
Otávio Augusto César, c. séc. I d.C., Museus do Vaticano, Vaticano, Itália.
Em
27 a.C., Otávio entrou em Roma como “salvador da República” e passou a
concentrar todos os poderes em suas mãos, recebendo os títulos de Imperator (comandante supremo dos exércitos),
Sumo Pontífice (chefe supremo da religião romana), Príncips Senatus
(primeiro cidadão do Senado) e, finalmente, o título de Augustus (divino) que, até então, era exclusivo dos deuses. Assim,
Otávio Augusto governou como primeiro imperador de Roma até 14 d. C.,
organizando o Império e reforçando as fronteiras (limes). Criou a guarda pretoriana para atuar dentro da cidade de
Roma e suas poucas conquistas foram compensadas por sua obra de organização do
comércio, das estradas e das rotas marítimas. É importante destacar a figura de
Mecenas, colaborador de Augusto, dono de uma grande fortuna e protetor das
artes.
Otávio
sistematizou o Pão e circo como uma
política de Estado, com o claro objetivo de evitar novas rebeliões de plebeus
em qualquer parte dos domínios. Os sucessores de Augusto nos dois primeiros
séculos do Alto Império gozaram de estabilidade social e prosperidade
econômica, além de controlar sem maiores sobressaltos os povos vizinhos. Foi
essa a fase conhecida como Pax Romana.
Estradas foram construídas para os mais diversos pontos do império a fim de
viabilizar a administração e o rápido deslocamento das tropas para conter
rebeliões.
Com a morte de Otávio Augusto, o poder passou a seus
parentes mais próximos. A dinastia Júlio
Claudiana (de 14 a 68) era composta por Tibério, que continuou a obra de
Otávio, ampliando os serviços públicos em Roma, bem como as finanças públicas.
Depois, veio Calígula, que começou com uma boa administração, mas, após uma
série de problemas e tragédias particulares, ficou mentalmente desequilibrado e
acabou assassinado pela guarda pretoriana. Seu sucessor foi Cláudio, que
ascendeu ao poder aclamado pelo exército e conquistou a Bretanha.
Nero
foi o último governante dessa dinastia. Perseguiu os cristãos, a quem culpou
pelo grande incêndio de Roma. Com sua morte, iniciou-se a desordem militar,
assumindo o poder sucessivamente os generais Galba, Othon e Vitélio.
A
próxima dinastia ficou conhecida como a dos Flávios (69 a 96). O primeiro governante foi Vespasiano, que
pacificou a cidade após um período de guerra civil, construiu o Coliseu e
sufocou em 70 uma revolta na Judeia, com a expulsão dos derrotados. Dessa
forma, originou-se a dispersão dos judeus pelo Império: Diáspora judaica.
Durante
o governo do seu sucessor, Tito, ocorreu a famosa erupção do vulcão Vesúvio e a
destruição da cidade de Pompéia em 79. Depois, veio Domiciano, que reforçou as
fronteiras do Império e acabou morrendo em uma conspiração palaciana.
A
partir da dinastia dos Antoninos (86
a 192), os imperadores conseguiram uma melhor
estabilização, e o Império Romano atingiu o
seu auge. O crescimento econômico expressivo foi acompanhado de um
significativo florescimento cultural. Seus representantes foram Nerva, Trajano,
Adriano, Antônio Pio, Marco Aurélio e Cômodo.
Com
o assassinato do último Imperador Antonino, Roma caiu novamente em um período
de turbulências, interrompidas pela ascensão de Septimus Severos, que se impôs com o auxílio do exército da Síria. Seus
sucessores foram Caracala, Heliogábalo e Severo Alexandre.
Dentre
os imperadores da dinastia dos Ilírios,
pode-se destacar Diocleciano que, com o objetivo de melhorar a administração do
território para resistir às invasões, dividiu o Império em quatro partes (Tetrarquia), que seriam administradas
simultaneamente sem que um dos imperadores (dois césares e dois augustos)
tivesse predominância sobre os outros.
Outro
imperador dessa dinastia foi Constantino.
Em 313, através do Édito de Milão, deu
liberdade de culto àqueles que seguiam o
cristianismo. Transferiu a capital para a cidade de Bizâncio, no
Oriente, a qual foi reconstruída e rebatizada com o nome de Constantinopla.
O Imperador Teodósio transformou o cristianismo em religião
oficial do Império através do Édito de Tessalônica em 391 e, assim,
perseguiu os pagãos (aqueles que não se converteram ou simplesmente
desconheciam a religião). Estava evidente que não era possível eliminar essa
nova religião, originariamente uma seita ou facção do judaísmo, e Roma
rendeu-se, buscando sobreviver com o apoio dos cristãos.
Com
a morte de Teodósio em 395, o Império foi dividido entre seus dois filhos:
Honório ficou com o Império Romano do
Ocidente, que compreendia a atual Europa, fixando sua capital política em
Milão; Arcádio ficou com o Império
Romano do Oriente, que compreendia o atual Oriente Médio e o Egito, fixando
sua capital em Constantinopla.
A
decadência do Império Romano está
ligada a um conjunto de fatores, todos desenvolvendo-se a partir do século III,
e que podem ser assim resumidos:
- enfraquecimento militar, devido às constantes intrigas no alto escalão do exército numa disputa sem fim pelo trono, uma vez que o título de imperador não era mais hereditário;
- crise do escravismo, uma vez que, com o fim das conquistas por volta do século III, a diminuição no número de escravos implicou a redução da produção e, em contrapartida, o aumento de preços;
- chegada dos “bárbaros”, que, na verdade, migravam para o Ocidente tentando obter refúgio seguro para a investida das tribos de hunos, chefiadas por Átila, conhecido como “o flagelo de Deus”.
Átila
atravessou a fronteira junto à Gália, onde enfrentou uma coligação de legiões
romanas e exércitos bárbaros. Obrigado a bater em retirada, dirigiu-se, então,
para a própria cidade de Roma, destroçando a penúltima legião romana ao norte
da península. Os hunos chegaram às portas da cidade, mas decidiram se retirar
no último momento, fundando um reino huno de limites incertos fora do império.
Com a morte de Átila, eles voltaram a lutar entre si e deixaram de oferecer
perigo a Roma.
Com
o fim do perigo huno, Roma encontrou-se indefesa e à mercê de seus, outrora,
aliados: os bárbaros. As invasões e os saques multiplicaram-se, provocando um
êxodo urbano. Em 476, Odoacro, rei dos hérulos, invadiu a cidade de Roma e
depôs o último imperador, Rômulo Augusto. Essa data e esse episódio servem como
marcos para determinar o fim do Império Romano e da Antiguidade.
CULTURA
A
cultura romana sofreu forte influência grega, mas soube desenvolver seus
próprios padrões. Na literatura, não se pode deixar de mencionar Varrão, Cícero,
Virgílio, Horácio, Ovídio e Tito Lívio.
Na
arquitetura, os romanos construíram obras grandiosas para testemunhar a glória
e o poderio de sua cidade. Os prédios públicos predominavam sobre todos os
demais e podem-se destacar anfiteatros, arcos do triunfo, fóruns etc. A
característica principal nas construções romanas (pontes, aquedutos etc.) eram
os arcos.
Os
romanos eram politeístas e adoravam divindades
com forma humana, sendo que alguns correspondiam aos deuses gregos como Júpiter
(Zeus), Juno (Hera), Vênus (Afrodite) etc.
A
principal contribuição dos romanos para o mundo contemporâneo foi o Direito. Mais do que as leis, os princípios jurídicos que
preconizam a justiça no mundo ocidental são de origem romana, marcados pela
determinação dos direitos e deveres de cada um, além do estabelecimento do
papel do Estado e do quanto este poderia intervir na vida privada.
Outro
legado importante dos romanos foi a língua latina. É bem verdade que a propagação do latim deveu-se à
imposição da cultura romana sobre outros povos, mas não há como desprezar a
importância e a beleza das línguas latinas, como o espanhol, francês,
português, galego, provençal, catalão, sardo e romeno.
"Jesus como o Bom Pastor" - Mosaico do séc. V - Mausoléu de Gala Placídia, Ravena, Itália.
O CRISTIANISMO
O cristianismo foi
uma doutrina religiosa que surgiu na Palestina na época de Otávio Augusto e se
proliferou por várias partes do império, atingindo gradativamente todos os
grupos da sociedade romana.
Yeshua ben Josef (Jesus, filho de José em
hebraico), pois era judeu e seus ensinamentos traziam muitos elementos das
tradições judaicas e pregava o amor ao
próximo e o respeito às leis de Deus. Durante suas pregações, Jesus afirmava
ser o filho de Deus enviado a terra para salvar os homens, simbolizando a
chegada do messias e dessa forma, a concretização das profecias onde o
escolhido por Deus salvaria o povo eleito. Jesus passou a ser conhecido como
Cristo (o Salvador ou escolhido). Despertando a atenção do Sinédrio (conselho
de rabinos), Jesus foi preso e entregue às autoridades romanas, sendo
posteriormente crucificado durante o governo de Tibério, sucessor de Otávio.
Para o império
romano, a figura de Cristo representava uma dupla ameaça, pois por um lado
defendia o amor ao próximo, uma idéia pacifista muito contrária à estrutura
belicosa e escravista dos romanos e por outro, negava a idéia do imperador ser
um deus, pois para os cristãos só existia um único deus e este não era o
imperador. Ao negar o imperador e sua divindade, os cristãos negavam o Estado
romano e toda sua ordem.
Como representava
uma ameaça, o cristianismo foi perseguido duramente, tendo os cristãos se
tornado atração dos Circos, onde eram devorados por animais selvagens ou então
queimados vivos. Mas em virtude de sua mensagem pacifista e de pregar uma vida
após a morte para os seus seguidores mais fiéis, o cristianismo teve uma grande
adesão entre as camadas mais baixas da sociedade (plebeus, escravos e até
soldados) e posteriormente foi aceito pelos círculos dominantes da sociedade,
quando deixou de ser perseguido pelo Édito de Milão em 313 por ordem de
Constantino e passou a ser tolerado, sendo que naquela altura, já existia um
grande número de cristãos que escondiam sua condição, fenômeno conhecido como criptocristianismo.