Fonte: Nataly Costa - O Estado de S. Paulo 22 de janeiro de 2012 | 3h 08
O prédio é de 1954, projetado por Oscar Niemeyer. O museu é de 1963 e tem o maior acervo de coleção de arte contemporânea do Brasil, 10 mil peças. Depois de um vai não vai que durou pelo menos cinco anos, quem vai unir as curvas de Niemeyer e O Beijo, de Di Cavalcanti, é Tadeu Chiarelli, paulista de 55 anos que dirige o Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (MAC-USP) desde 2010. O novo MAC-USP vai ser inaugurado no sábado, dia 28.
CLAYTON DE SOUZA/AE
Chiarelli, na nova sede do museu: plano de ter sempre em exposição obras do acervo permanente
Por enquanto, os moradores da cidade ainda conhecem o local do futuro museu mais pelo uso burocrático que se fez dele durante 48 anos: localizado na frente do Parque do Ibirapuera, era sede do Detran. A primeira barreira para mudar o museu para lá foi a reforma do prédio, tombado nas três esferas - municipal, estadual e federal. Apesar de o próprio Niemeyer ter assinado o projeto de remodelação, ele acabou rejeitado pelos órgãos de patrimônio. Só foi liberado após muita discussão, no ano passado.
Enquanto isso e até sábado, o MAC-USP tem funcionado em dois espaços que, juntos, não dão conta de exibir nem 5% de seu acervo: um na Cidade Universitária, outro no terceiro andar da Bienal, no Ibirapuera. Nos oito andares mais hall, varanda e anexo do "novo" edifício, espera-se que as obras tenham mais espaço.
"Esse é um lugar já imantado por si. É uma obra de Niemeyer, chama a atenção. Quero devolver esse espaço público para a população de São Paulo", diz Chiarelli. O tempo que levou para isso acontecer não o assusta. "Depois de ficar sabendo que alguns museus levaram mais de dez anos para serem entregues, fiquei mais tranquilo", completa, citando como exemplo o Maxxi Museu em Roma, de arte e arquitetura.
Um dos curadores mais respeitados do País, Chiarelli nasceu em Ribeirão Preto e se mudou aos 18 anos para São Paulo para cursar Artes Plásticas na USP, onde dá aula até hoje. Faz questão de dizer que o museu, mesmo com a mudança de endereço, vai continuar com a sigla da universidade no nome. "Ser o MAC-USP é o que faz a diferença no museu. Projetos de curadoria, pesquisas, exposições, tudo vai sempre estar ligado a essa natureza acadêmica, de formação."
Permanente. Para a inauguração, 17 peças serão expostas no térreo. Chiarelli não tem pressa. Quer ter tempo para se familiarizar com o espaço, sem preocupação com o "happening", sem auê. Em março, mais obras virão. Em julho, devolverá à Prefeitura o espaço no terceiro andar da Bienal e levará a exposição Modernismo no Brasil para o MAC principal. A filial da USP vai continuar existindo, com poucas obras e como um espaço principalmente acadêmico, para cursos de arte.
Uma preocupação é que o museu no prédio novo tenha sempre uma boa exposição de obras do acervo permanente. Vai ser o chamariz para que o paulistano - e não só o turista - visite o museu. "Se você vier um dia para ver A Negra, da Tarsila do Amaral, estará aqui. Se tiver vontade de ver novamente daqui a seis meses, pode voltar que ela continuará aqui. Isso é tornar público o que é público."
A entrada será gratuita e o museu fechará às segundas-feiras. Nos planos ainda para este ano estão uma livraria, um restaurante e um café. E com preços, digamos, menos paulistanos. "Meu parâmetro é o universitário. Quero que ele se sinta à vontade de sentar no café e comer. Para isso, o preço tem de ser acessível."
Público diversificado. Por enquanto, a entrada do museu será pela Avenida Doutor Dante Pazzanese - no futuro, o acesso principal vai ser pela Avenida Pedro Álvares Cabral, facilitando a entrada dos pedestres e usuários de ônibus.
"Falam que aqui é difícil, que só dá para chegar de carro. Mas olha quantas linhas de ônibus passam aqui em frente", diz Chiarelli. "Não pode ser um museu apenas para o público dos Jardins."
Presente para a cidade
ANDREA MATARAZZO
SECRETÁRIO ESTADUAL DE CULTURA
SECRETÁRIO ESTADUAL DE CULTURA
“Tadeu é um entusiasta do museu, um curador e historiador de respeito, perfeitamente adequado para o cargo. O Museu de Arte Contemporânea tem um dos mais importantes acervos da América Latina e forma um complexo cultural com o Ibirapuera, a Bienal, o Museu de Arte Moderna. Devolvê-lo à cidade é um presente.”
Serviço
NOVO MAC-USPAVENIDA DANTE PAZZANESE, S/Nº, NA FRENTE DO PARQUE DO IBIRAPUERA. A INAUGURAÇÃO SERÁ NO DIA 28 (SÁBADO), ÀS 11 HORAS. O MUSEU FICARÁ ABERTO À VISITAÇÃO DE TERÇA A DOMINGO, DAS 10H ÀS 18H, E FECHARÁ ÀS SEGUNDAS. ENTRADA GRATUITA.