Solstício significa a época do ano em que o Sol incide com maior
intensidade em um dos dois hemisférios. Durante o solstício, o Sol
(visto da Terra) surge no ponto mais afastado do equador celeste ao realizar o
seu movimento aparente no céu.
O solstício corresponde ao instante em que o
Sol atinge a sua declinação máxima ou mínima, dependendo do hemisfério em
questão. No solstício de Verão o Polo Norte apresenta uma inclinação de 23,5º
em direção ao Sol, enquanto no solstício de Inverno o Polo Norte fica afastado
do Sol com uma inclinação de 23,5º.
Tal como o equinócio (que ocorre em março e
setembro), o solstício também ocorre duas vezes por ano, nos meses de junho e
dezembro, marcando o início das estações do ano, que são contrárias em cada
hemisfério.
O solstício de verão determina que a duração
do dia será a mais longa do ano. O solstício de inverno indica que a duração da
noite será a mais longa do ano.
No hemisfério sul, o solstício de verão
acontece nos dias 21 ou 23 de dezembro e o solstício de inverno nos dias 21 ou
23 de junho.
Inversamente, no hemisfério norte, o solstício
de verão acontece nos dias 21 ou 23 de junho e o solstício de inverno nos dias
21 ou 23 de dezembro.
Os dias e horas em que ocorrem os solstícios
não são iguais devido à velocidade atingida pela Terra na órbita elíptica. A
viagem é mais rápida quando a Terra está mais próxima do Sol (periélio) do que
quando está mais distante (afélio).
O solstício acontece graças aos fenômenos de
rotação e translação do planeta Terra, pois graças a eles a luz solar é
distribuída de forma desigual entre os dois hemisférios. O solstício de Inverno
significa que a luz do sol não incide com tanto fulgor no hemisfério em
questão. São fenômenos opostos dependendo do hemisfério em que um determinado
país se encontra. Por esse motivo, quando é Inverno no Brasil (hemisfério sul),
é Verão em Portugal (hemisfério norte).
Em diferentes culturas e épocas, a entrada das
estações foi e em certa medida, ainda é acompanhada de rituais, crenças e
costumes que, ora se preservaram, ora se modificaram com o passar do tempo.
Trezentos anos
de perseguição se seguiram entre a morte de Jesus e a liberdade de culto
concedida pelo imperador romano Constantino no ano de 313, pois os seguidores
de Jesus eram vistos como uma ameaça ao Império já que negavam a divindade do
imperador e os deuses e se colocavam como seguidores daquele que se apresentou
como filho do único Deus.
Mesmo com as
perseguições, o cristianismo não deixou de crescer num processo que começou na
base da sociedade romana e gradativamente foi atingindo os mais diferentes
grupos sociais. Muitos se diziam praticante do culto aos deuses romanos e ao
imperador, mas secretamente em suas casas ou na escuridão das catacumbas
(cemitérios subterrâneos) realizavam o culto cristão, procurando escapar dos
massacres, crucificações, das arenas para serem queimados vivos ou devorados
pelos leões.
Ao longo do
século IV, o movimento de difusão do cristianismo foi cada vez maior e sem o
temor das perseguições e com a proteção dos imperadores, seja na manutenção da
liberdade de culto, seja nas doações para a construção dos primeiros
santuários. No ano de 391, o imperador romano Teodósio através do Édito de
Tessalônica estabeleceu o Cristianismo como religião oficial de todo o Império
Romano e tornou proibido o culto aos deuses de outros povos sob a ameaça de
prisão e confisco de bens.
A adoção do
cristianismo como religião oficial representou mais um passo importante na
construção daquilo que entendemos hoje por “igreja”, uma palavra derivada do
termo grego Eclésia e significa assembléia, conjunto, grupo. A evangelização
foi um fenômeno muito lento e gradual, da mesma forma que a organização da
chamada Igreja Cristã. Cada comunidade tinha um líder, o qual era denominado bispo
e tinha a autoridade máxima sobre os fiéis, mas nesse período, além de ser um
líder religioso, o bispo era também um conselheiro político e chefe militar
preocupado com a manutenção das comunidades cristã e se fosse o caso da defesa
das mesmas.
Destacaram-se
nesse contexto de formação alguns destes religiosos, tais como: o bispo
Ambrósio de Milão (340-397) importante conselheiro e crítico do imperador
Teodósio e também comentador dos textos bíblicos; Agostinho de Hipona (354-430)
batizado por Ambrósio, responsável por uma vasta obra teológica; Jerônimo de
Strídon (340-420) que organizou a Vulgata, traduzindo a Bíblia do hebraico e
grego para o latim por volta do ano 400. Todos foram posteriormente canonizados,
sendo considerados santos, além de doutores da Igreja por fundamentarem a
doutrina cristã.
Os séculos IV
e V foram o momento de desestabilização e crise do Império Romano, dividido em
duas partes pelo imperador Teodósio por volta de 395 e pressionado por inúmeras
tribos que viviam nas suas fronteiras (não tão sólidas e seguras) como de
regiões mais distantes do norte da Europa e da Ásia Central e do Leste. O
império ocidental agonizava, seja pela ruralização e crise econômica crescente
desde o século III, seja pelos ataques e invasões de povos que os romanos
chamavam de “bárbaros”, já que não possuíam aquilo que os romanos entendiam por
civilização.
Com a queda do
Império Romano ocidental em 476 e sua desorganização, um novo contexto se
formou: os territórios foram partilhados (nem sempre de modo pacífico) entre as
tribos germânicas, nórdicas e asiáticas que se estabeleceram na Europa
Ocidental, dando origem a pequenos reinos.
Mas nem tudo
que era romano desapareceu, pelo contrário a Igreja cristã sobreviveu e seria o
principal referencial das tradições e costumes romanos, os quais foram
agregados em parte pelos novos senhores da Europa ocidental: os bispos atuaram
como conselheiros e ministros dos reis convertidos; a tradição oral das tribos
foi gradativamente substituída pela escrita e a língua latina como seu
principal vetor na organização das leis e com os avanços na evangelização,
novas igrejas eram construídas e comunidades eram fundadas como, por exemplo,
os mosteiros e abadias, destacando-se nesse processo, Bento de Núrsia (480-547)
que organizou a primeira ordem de monges em Montecassino na Itália.
O modelo de
vida monástica tinha como referência a vida do próprio Cristo, exaltando a
pobreza, a castidade e a obediência. Bento de Núrsia estabeleceu esses
princípios numa Regra disciplinar, a qual se tornou posteriormente uma
referência para outras comunidades e ordens religiosas, que pode ser resumida
na expressão “Ora et Labora”, isto é,
oração e trabalho.
No entanto,
cabe a pergunta: em que termo ocorreu essa evangelização?
Não é possível
pensar num processo imediato e rápido, mas como algo lento e gradual que
precisou incorporar elementos da cultura tida por bárbara para que os
resultados fossem efetivos. Por exemplo, a construção de igrejas sobre antigos
lugares de culto não-cristão (templos, árvores ou fontes sagradas) para os
diferentes povos, bem como a fusão das festividades ou rituais e nesse caso, a
comemoração do nascimento de Cristo é lapidar.
A data de 25
de dezembro foi ajustada para corresponder a festa do solstício de inverno, ou
seja, a entrada do inverno no hemisfério norte, na qual se cultuava o sol. Ao
se comemorar conjuntamente a Natividade de Jesus e a festa do Sol, os padres
foram criando uma intimidade maior dos chamados pagãos com os costumes cristãos
e ao longo de alguns séculos, a cristianização se efetivou. Num lugar onde
houvesse o culto de uma deusa Mãe ou da Terra, transformava-se numa igreja
dedicada à Virgem Maria, como muitas catedrais em diferentes partes da Europa.
Ou então, o calendário que foi organizado pela Igreja, tendo o marco o
nascimento de Jesus e não mais a contagem das Olimpíadas como no período
greco-romano ou a nomenclatura dos dias da semana.
Por outro
lado, a cristianização construiu uma idéia de “Mal”, influenciada pela cultura judaica
a partir do anjo caído Satã e de outros elementos que se faziam presentes como
a tentação das fraquezas humanas a partir de um “ser maligno” ardiloso
responsável pelos pecados. Nesse contexto, por exemplo, o “deus celta chifrudo
Kernunnos” relacionado com a abundância passou a tomar a correspondência do Mal
e daí uma possível aproximação com a imagem do diabo: chifrudo, feio, de corpo
de bode e fedor de enxofre.
Pode-se dizer
que o cristianismo não nasceu formado de uma matriz única, mas se constituiu
como uma religião agregadora de diferentes elementos culturais para a sua
organização e que possibilitou não só sua articulação dentro das novas esferas
do poder da Europa feudal, mas também da construção de uma visão de mundo e de
uma conduta ética que seria o fio condutor daquilo que entendemos por mundo
ocidental, sem deixar de lado as disputas de influência e poder sobre os
espíritos e corpos, para não dizer, bens materiais dos seus fiéis.
Com a "vitória" da figura de Jesus sobre o culto solar, a instituição da Natividade de Jesus aos 25 de dezembro, a concepção do que hoje entendemos por Natal foi sofrendo várias modificações, de acordo com a época e local que observemos e dentro destas mudanças, cresceu e se fortaleceu a figura de um personagem secundário que na atualidade, podemos dizer que literalmente, tomou o Natal "de assalto": Papai Noel .
A lenda de São Nicolau
Nicolau, filho de cristãos abastados, nasceu na segunda metade do século III, em Patara (localizada hoje no sul da Turquia), uma cidade portuária muito movimentada, articulada ao comércio com o Mediterrâneo oriental.
Conta-se que foi desde muito cedo que Nicolau se mostrou generoso. Uma das histórias mais conhecidas relata a de um comerciante falido que tinha três filhas e que, perante a sua precária situação, não tendo dote para casar bem as suas filhas, estava tentado a prostituí-las. Quando Nicolau soube disso, passou junto da casa do comerciante e atirou um saco de ouro e prata pela janela aberta, que caiu junto da lareira, perto de umas meias que estavam a secar. Assim, o comerciante pôde preparar o enxoval da filha mais velha e casá-la. Nicolau fez o mesmo para as outras duas filhas do comerciante, assim que estas atingiram a maturidade.
Quando os pais de Nicolau morreram, o tio aconselhou-o a viajar até à Terra Santa. Durante a viagem, deu-se uma violenta tempestade que acalmou rapidamente assim que Nicolau começou a rezar (foi por isso que tornou também o padroeiro dos marinheiros e dos mercadores). Ao voltar de viagem, decidiu ir morar para Myra (sudoeste da Ásia menor), doando todos os seus bens e vivendo na pobreza.
Quando o bispo de Myra daquela época morreu, os anciões da cidade não sabiam quem nomear para bispo, colocando a decisão na vontade de Deus. Na noite seguinte, o ancião mais velho sonhou com Deus que lhe disse que o primeiro homem a entrar na igreja no dia seguinte, seria o novo bispo de Myra. Nicolau costumava levantar-se cedo para lá rezar e foi assim que, sendo o primeiro homem a entrar na igreja naquele dia, se tornou bispo de Myra.
S. Nicolau faleceu a 6 de Dezembro de 342e os seus restos mortais foram levados, em 1807, para a cidade de Bari, no sul da Itália. É atualmente um dos santos mais populares entre os cristãos.
S. Nicolau tornou-se numa tradição em toda a Europa. É conhecido como figura lendária que distribui presentes na época do Natal. Originalmente, a festa de S. Nicolau era celebrada a 6 de Dezembro, com a entrega de presentes. Quando a tradição de S. Nicolau prevaleceu, apesar de ser retirada pela Igreja Católica do calendário oficial em 1969, ficou associado pelos cristãos ao dia de Natal (25 de Dezembro).
O Papai Noel passa por cada uma das casas de todas as crianças bem comportadas, entrando pela chaminé, e depositando os presentes nas árvores de Natal ou meias penduradas na lareira. Esta imagem, tal como hoje a vemos, teve origem num poema de Clement Clark More, um ministro episcopal, intitulado de “Um relato da visita de S. Nicolau”, que este escreveu para as suas filhas. Este poema foi publicado por Harriet Butler, que tomou conhecimento do poema através dos filhos de More e o levou ao editor do Jornal Troy Sentinel, em Nova York, publicando-o no Natal de 1823, sem fazer referência ao seu autor. Só em 1844 é que Clement C. More reclamou a autoria desse poema.