No entanto, para que isto acontecesse, muitos eventos se desdobraram e no caso específico francês, houve a deposição e execução do rei Luís XVI de Bourbon: um déspota que governava sem limitações de seu poder, lidando com seus súditos de forma cruel e pouco eficiente em termos de gestão dos "recursos do Tesouro Real", pois até aquele contexto, entendia-se que a França era uma possessão do Rei e este se confundia com o próprio. Estado.
Vejam a interessante descoberta divulgada pela AFP e reproduzida pelo portal UOL:
PARIS, 31 dez 2012 (AFP) - Exames realizados por cientistas de uma equipe franco-espanhola e coordenados pelo francês Philippe Charlier encontraram um perfil genético comum ao analisarem a cabeça mumificada de Henrique IV e o sangue de seu descendente Luis XVI, ambos reis da França, validando um parentesco que chegou a ser questionado.
Henrique IV, o primeiro rei da França da casa de Bourbon, foi assassinado por um fanático católico no dia 14 de maio de 1610, e Luis XVI, o marido de Maria Antonieta, subiu ao trono em maio de 1774, mas foi preso e julgado pelos revolucionários de 1789, para ser finalmente submetido à guilhotina em 21 de janeiro de 1793.
De acordo com Charlier, funcionário do hospital Raymond Poincaré e especialista em enigmas históricos, os estudos mostram que "Henrique IV e Luis XVI tinham a mesma herança genética repassada por seus pais".
Os estudos também comprovam a autenticidade da famosa cabeça de Henrique IV, também fortemente questionada durante décadas.
A cabeça de Henrique IV foi separada de seu corpo em 1793, durante o chamado Regime do Terror, após a profanação de seu túmulo. A cabeça reapareceu no século XIX em uma coleção privada e em 1919 foi adquirida por um antiquário, que, por sua vez, a revendeu a um casal de aposentados que a cedeu à casa de Bourbon.
Esta cabeça mumificada foi autenticada em 2010 com base em diversos estudos históricos, mas faltava a realização de um estudo de DNA.
Henrique IV, o primeiro rei da França da casa de Bourbon, foi assassinado por um fanático católico no dia 14 de maio de 1610, e Luis XVI, o marido de Maria Antonieta, subiu ao trono em maio de 1774, mas foi preso e julgado pelos revolucionários de 1789, para ser finalmente submetido à guilhotina em 21 de janeiro de 1793.
De acordo com Charlier, funcionário do hospital Raymond Poincaré e especialista em enigmas históricos, os estudos mostram que "Henrique IV e Luis XVI tinham a mesma herança genética repassada por seus pais".
Os estudos também comprovam a autenticidade da famosa cabeça de Henrique IV, também fortemente questionada durante décadas.
A cabeça de Henrique IV foi separada de seu corpo em 1793, durante o chamado Regime do Terror, após a profanação de seu túmulo. A cabeça reapareceu no século XIX em uma coleção privada e em 1919 foi adquirida por um antiquário, que, por sua vez, a revendeu a um casal de aposentados que a cedeu à casa de Bourbon.
Esta cabeça mumificada foi autenticada em 2010 com base em diversos estudos históricos, mas faltava a realização de um estudo de DNA.
De fato, como se menciona na reportagem acima, o período
do Terror (1794-95) provocou um verdadeiro banho de sangue na França, quando o
líder revolucionário Robespierre governou o país e foi responsável pela ordem
de execução de 35.000 pessoas, aproximadamente.
A execução de Luís
XVI e de Maria Antonieta, sua rainha, ocorreram no ano de 1793, em 21 de
janeiro e 16 de outubro, respectivamente. O rei foi deposto em 1792, quando
ainda governava o país, mas como um monarca constitucional (1791-92), em virtude de estar
traindo a Nação, pois tramava junto com as potências absolutistas (Espanha,
Áustria e Prússia) a invasão de seu reino e a imediata deposição dos
revolucionários, restaurando seu poder absoluto.
Abaixo, uma gravura reconstitui a exibição da cabeça do rei traidor:
Gravura de autor desconhecido
Hoje, no lugar que fora erguida a guilhotina, a atual Place de la Concorde (Praça da Concórdia), consta esta placa:
Foto: Elias Feitosa
Ali está escrito: "Esta praça, inaugurada em 1763, foi chamada na origem de 'Praça Luís XV'. De novembro de 1792 a maio de 1795, então denominada ' Praça da Revolução'. Ela foi o lugar principal das execuções públicas, dentre elas, de Luís XVI em 21 de janeiro de 1793 e de Maria Antonieta em 16 de outubro de 1793".
A execução do rei fez com que seu filho, o príncipe herdeiro Luís, assumisse o título de Luís XVII aos 10 anos de idade, encontrando-se também preso na chamada Tour du Temple (antiga fortaleza construída pelos templários em 1240), onde faleceu aos 11 anos, em consequência de maus tratos no cárcere. Seu corpo fora preparado por um padre, que retirara e embalsamara seu coração, colocando-o numa urna de cristal, a qual ficara desaparecida por 200 anos e recentemente foi recuperada e depois de exames de DNA, foi comprovada a sua autenticidade. Hoje, a urna repousa num monumento fúnebre (cenotáfio) na cripta da abadia de Saint-Denis, ao norte de Paris, abadia esta que foi o lugar de sepultamento de todos os reis da França e como bem cita a reportagem acima, foi profanada durante as turbulências da Revolução.
Abaixo segue a foto dos cenotáfios de Luís XVII na cripta e de seus país, junto ao altar principal de Saint-Denis:
Cenotáfio de Luís XVII - Foto: Elias Feitosa
Cenotáfio de Luís XVI e Maria Antonieta - Foto: Elias Feitosa
A execução do rei, a destruição dos símbolos ligados ao "Ancien Régime", isto é, o Antigo Regime que estava sendo deposto pela Revolução eram parte de um processo que buscava destruir a velha identidade e construir uma nova, adotando outros símbolos, outras significações. Muitos castelos e palácios da nobreza foram atacados, assim como, igrejas e abadias que foram destruídas, incendiadas ou depredadas. Um outro exemplo desse processo foi o caso da fachada da catedral de Notre-Dame em Paris, que foi atacada pela população em fúria decapitou os reis da Bíblia e da França ali esculpidos, arremessando suas cabeças longe.
Em 1977, durante a reforma de um prédio próximo à igreja, foram encontradas algumas dessas cabeças ali enterradas, que foram recuperadas, limpas e hoje fazem parte do Museu medieval de Paris, o Musée de Cluny ( www.musee-moyenage.fr/ ):
Foto: Elias Feitosa
Pode parecer um tanto macabro aos nossos olhos, mas naquele contexto da Revolução Francesa, ver morrer um homem que se colocava como intocável e que sua autoridade vinha de Deus e depois embeber um lenço em seu sangue, guardando-o numa urna, é também um demonstração de poder, que ali era o "poder popular", exercendo a seu modo e dentro de circunstâncias muito particulares, a justiça.
Bem, não faz muito tempo que vimos imagens de Sadam Hussein, ditador do Iraque pendurado numa corda em 2006 ou mais recentemente, Muamar Gadhafi da Líbia trucidado pelos rebeldes em 2011, numa fúria que varreu algumas tiranias truculentas do norte da África na chamada "Primavera Árabe" e assim, acho que guardadas as devidas proporções, não somos muito diferentes do cidadão francês e de seu gesto.
Para arrematar: isso não exclusividade só de estrangeiros, pois nós aqui temos por exemplo, ainda exposto no Palácio do Catete, o pijama de Getúlio com a perfuração da bala e marca de sangue ou ainda tivemos, por várias décadas, as cabeças embalsamadas de Lampião e seus cangaceiros expostas por décadas no Museu Nina Rodrigues, na cidade de Salvador, Bahia.
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