Em uma entrevista franca concedida à Civilta Cattolica,
publicação mensal dos jesuítas italianos, Francisco não apontou a
perspectiva de nenhuma mudança em tais ensinamentos, mas pareceu tentar
mudar o tom da Igreja sobre os temas, passando da condenação à
compaixão.
A Igreja, segundo o pontífice, deveria ser como um "hospital de campanha depois de uma batalha", que tenta curar as maiores feridas da sociedade, e não ficar "obcecada com a transmissão de uma incoerente infinidade de doutrinas a ser insistentemente impostas".
A longa entrevista foi realizada em três sessões, em agosto, e divulgada simultaneamente nesta quinta-feira em publicações dos jesuítas em todo o mundo, traduzida para vários idiomas.
"Não podemos insistir somente em questões relacionadas a aborto, casamento gay e uso de métodos contraceptivos. Isso não é possível. Não tenho falado muito sobre essas coisas, e eu fui repreendido por isso", declarou.
"Mas, quando nós falamos sobre essas coisas, temos de falar delas em um contexto. O ensinamento da Igreja nessa questão é claro e eu sou um filho da Igreja, mas não é necessário falar todo o tempo desses assuntos."
Falando especificamente sobre os homossexuais, ele disse: "Na vida, Deus acompanha as pessoas, e temos de acompanhá-las, a começar dessa situação. É necessário acompanhá-las com compaixão."
O papa também abordou o papel das mulheres na Igreja, dizendo que as "profundas questões delas precisam ser enfocadas".
"Nós temos, portanto, de investigar mais o papel das mulheres na Igreja. Temos de trabalhar duro para desenvolver uma profunda teologia da mulher. Somente com esse passo será possível refletir melhor na sua função dentro da Igreja", disse.
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