PERÍODO POMBALINO
Quando
assumiu o poder na condição de "homem forte" do rei D. José I (1750-1777), o Marquês de Pombal, em consonância com a percepção de uma
parcela da elite portuguesa do atraso em que se encontrava Portugal em relação
aos principais países da Europa, orientou as suas ações no sentido de atingir
quatro objetivos:
- submeter a alta nobreza ao controle da Coroa;
- fortalecer a qualquer custo os grandes
comerciantes;
- evitar a interferência da Igreja nas decisões da
monarquia;
- modernizar a máquina do Estado português.
Ao proceder dessa forma, repetindo o que França, Inglaterra e
Prússia já haviam feito, Pombal procurou
estabelecer as condições para o exercício eficaz do absolutismo em Portugal, dentro da concepção que ficou conhecida
como despotismo esclarecido. As medidas tomadas, porém, não
decorreram de um grande plano, previamente traçado, mas obedeceram às
necessidades colocadas pelos diversos momentos atravessados pelo governo.
Inicialmente, tratou-se da reconstrução de Lisboa, que tinha sido arrasada por
um terremoto em 1755. Posteriormente, promoveu-se a reorganização militar para
enfrentar o ambiente hostil na Europa com a Guerra dos Sete Anos (1756-1763),
conflito que envolveu a França e a Grã-Bretanha, desdobrando-se na América, com embates entre portugueses que apoiaram a Inglaterra enquanto os espanhóis apoiaram a França e isso implicou em combates na fronteira sul da América portuguesa.
Essas
providências, naturalmente, exigiam a retomada da atividade econômica e uma
reorganização administrativa, além de uma legislação atualizada e da preparação
mais adequada dos funcionários. E, finalmente, tornou-se necessária a remoção
da capacidade de interferir daqueles que não participavam diretamente do
restrito grupo no poder: os nobres tradicionais e os jesuítas, o setor da
Igreja mais ligado a Roma.
Em 1759, Pombal decretou a expulsão
dos jesuítas do Brasil e de Portugal. A alegação era de que a Companhia
tornara-se quase tão poderosa quanto o Estado, ocupando funções e atribuições
mais políticas do que religiosas. A Companhia entrou em choque também com
setores da própria Igreja, que julgavam excessiva a proteção dos jesuítas aos
nativos. O Marquês de Pombal (imagem à esquerda) fechou a instituição, mudou os estatutos dos
colégios e das missões e impôs a eles direções leigas. As medidas faziam parte
de um conjunto de reformas que visavam a reorganizar a administração, reduzir
os conflitos internos e estimular a economia da colônia.
Foram
criadas a Imprensa Régia, bibliotecas e indústrias. Houve regulamentação do
salário dos camponeses e do tamanho das propriedades rurais. Ordenou-se a mudança da capital da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763, tal mudança tem relação direta com o controle da extração mineradora e
também foram criadas quatro novas
capitanias e Juntas de Justiça na maioria das divisões administrativas da
colônia.
Na colônia,
o território, bastante ampliado nas últimas décadas, carecia de estímulo ao
povoamento e de mecanismos de defesa no litoral e nas áreas críticas do
interior, na Amazônia e no sul. Por isso, procurou-se integrar a população
brasileira ao processo. Foram tomadas algumas medidas, como limitar a
escravização de indígenas e, ainda, permitir a integração destes nas milícias
que deveriam lutar contra inimigos dos portugueses. Paralelamente,
estabeleceu-se a equiparação ente índios e colonos, sendo até mesmo incentivado
pelo governo os casamentos entre brancos e nativos.
No plano
econômico, urgia contornar a decadência das exportações de gêneros primários
importantes, como o açúcar e o tabaco, sem falar do esgotamento da produção do
ouro a partir da década de 1760. Uma das medidas nesse sentido foi a criação da Derrama, que seria decretada todas as
vezes em que os colonos das Minas Gerais
não conseguissem pagar ao governo português 100 arrobas de ouro por ano. Como resultado, modernizou-se a
organização militar, com a criação de novos regimentos auxiliares.
Ao mesmo
tempo, procurou-se estimular a produção da colônia e o comércio, com a criação
de duas grandes companhias monopolistas. A primeira, a Companhia Geral do Comércio do Estado do Grão-Pará e Maranhão, foi
organizada em 1755, e deteria a exclusividade do comércio por 20 anos, em troca
do estímulo às culturas do algodão e do arroz, através do fornecimento de
créditos e facilidades de transporte do produto e da regularização do
provimento de escravos negros para a região. Desta forma, os navios da
companhia traziam produtos europeus e escravos africanos e levavam artigos
amazônicos para a Europa e possessões lusas na África.
A Segunda,
a Companhia Geral do Comércio de
Pernambuco e Paraíba, foi fundada em 1759, com o objetivo de estimular o
cultivo da cana e do tabaco, através de investimentos de capitais diretamente
na produção do açúcar e da expansão de créditos. Em 1780, calculava-se que, de
um total de 390 engenhos em funcionamento, 123 tinham sido organizados pela
própria companhia.
O resultado
prático dessas medidas foi que, ao enrijecer o monopólio sobre a compra e a
venda dos produtos coloniais, Pombal fortalecia
os grandes grupos mercantis metropolitanos, em detrimento da aristocracia
portuguesa tradicional.
Ainda na
colônia, na região das minas, foi criada uma nova legislação para regulamentar
a exploração do ouro e dos diamantes, com o objetivo de impedir o contrabando e
aumentar a arrecadação de impostos. Por outro lado, a expulsão dos jesuítas em
1759 tornou indispensável uma reforma do ensino básico, conduzida de maneira
hesitante e sem muito sucesso. Em compensação, a reestruturação da Universidade
de Coimbra (1772) criou condições para a formação de uma burocracia afinada com
a política mais prática da época.
Em 1777,
com a morte do rei Dom José I, assumiu o trono a rainha Dona Maria I(1777-1792), que fora a primeira mulher a governar a Coroa portuguesa. Ocorreu, então, a chamada “Viradeira”,
ou seja, a saída de Pombal e o consequente desmonte do processo que ele conduzia. Ao deixar
o poder, o todo-poderoso ministro foi acusado de várias arbitrariedades, sendo,
inclusive, condenado à prisão. Mas, apesar disso, as diretrizes de seu governo
não foram modificadas nos aspectos fundamentais e continuaram, na maior parte,
em vigor. Pombal fora banido da Corte e se retirou para suas terras, sem ser mais prejudicado. D. Maria (imagem ao lado) lhe "concedeu o perdão pelos seus crimes".
Durante
mais de dois séculos, a colonização portuguesa funcionou sem maiores problemas.
Dentro de um regime de monopólios, garantidos pela vigência do Pacto Colonial,
os lusitanos exploraram o Brasil ao máximo, levando ouro, algodão e açúcar,
além de obrigarem os colonos a adquirirem escravos negros, que eram muito mais
caros do que os nativos indígenas. Entretanto, a partir da segunda metade do
século XVIII, percebe-se que, de modo geral, a colonização caminhava para uma
decadência sem volta.
A
colonização era direcionada pelo capitalismo, estreitamente vinculado aos Estados
Modernos da Europa, nos quais mercantilismo
e absolutismo, em conjunto, eram as bases da política e do sistema
colonial. Porém, a influência do movimento denominado Iluminismo, que no século XVIII representou a contestação do
absolutismo, também ganhou versões econômicas, isto é, a política
intervencionista preconizada pelo mercantilismo entrava em choque com duas
novas propostas: a fisiocracia e o liberalismo
econômico. Assim, com a industrialização em marcha na Inglaterra, o regime
econômico mercantilista tornava-se um entrave para princípios como liberdade de
iniciativa e concorrência. A posição de Portugal, na contramão desse processo,
passou pela chamada crise do sistema
colonial, que afetou quase ao mesmo tempo a Espanha.
Essa
análise é fundamental para entender Portugal, um Estado absoluto e
mercantilista ao extremo, mas que, nessa época, já se encontrava em franca
decadência econômica, inteiramente dependente do capitalismo inglês. O maior
exemplo disso foi, sem dúvida, a assinatura do Tratado de Methuen (1703), um acordo completamente desfavorável aos
lusos, pois criava taxas alfandegárias que beneficiavam a entrada de tecidos
ingleses em Portugal, enquanto os vinhos portugueses sofreriam tratamento
semelhante na Inglaterra. Tal medida favoreceu superficialmente a nobreza
vinicultora lusa, mas, por outro lado, praticamente arrasou as manufaturas de
tecido portuguesas. Além disso, em virtude do déficit acumulado permitiu o
escoamento das riquezas auríferas do Brasil para as ilhas britânicas, colaborando junto com outras fontes para a acumulação de capital britânico, aplicado
posteriormente na Revolução Industrial.
De certa forma, a decadência do reino português decorreu do
colapso de sua economia, amarrada ao mercantilismo. O enfraquecimento de
Portugal colaborou para que os metropolitanos ampliassem as formas de arrocho
tributário sobre os colonos, em especial os brasileiros. A progressão do
processo explorador provocou, como reação, o crescimento da resistência
colonial.
A partir do século XVII, passaram a ocorrer rebeliões contra
a metrópole portuguesa em vários pontos do território. Essas revoltas foram
consequências naturais da divergência de interesses entre colonos e a Coroa lusitana.
Estas
rebeliões podem ser divididas em dois grupos. O primeiro seria o das revoltas
nativistas, que possuíam caráter nitidamente local, não questionavam o
poder da metrópole, mas apenas alguma
lei específica que dificultasse a vida dos colonos, como impostos, proibição de
escravizar índios etc. O segundo grupo seria o das revoltas emancipacionistas ou de libertação,
que, pois influenciadas pelo Iluminismo francês e pela independência dos Estados
Unidos em 1776, pretendiam colocar um
fim à dominação lusitana sobre o Brasil.
MOVIMENTOS NATIVISTAS
O primeiro
episódio nesse sentido ficou conhecido como Aclamação de Amador Bueno, o
"Rei de São Paulo", e ocorreu em 1641. Essa ação encobria a
rivalidade entre lusos e espanhóis na época da Restauração Portuguesa (fim da
União Ibérica) e também o choque entre bandeirantes e jesuítas quanto à
escravização de indígenas.
Inicialmente,
o primeiro choque ficou conhecido como Botada
dos Padres pra Fora, pois foi uma ação dos paulistas contra os padres
jesuítas, que se recusavam a tolerar a escravidão de nativos. Como os
paulistas, basicamente, viviam de produção para subsistência, a única atividade
que rendia um pouco de dinheiro era o apresamento de índios, daí a expulsão dos
padres pelos colonos.
Posteriormente,
com a chegada da notícia da Restauração, os colonos paulistas, tinham naquela altura um expressivo número de espanhóis ou descendentes, decididos a romper com Lisboa, convidaram um
fazendeiro, Amador Bueno da Ribeira, para
se tornar monarca local, afastando-se da coroa lusitana. Mas, após pronunciar
os dizeres de fidelidade vassálica, “Real, Real, Real!
Viva D. João IV, Rei de Portugal!”, Amador Bueno recusou o convite e
refugiou-se no Mosteiro de São Bento, onde os monges lhe deram abrigo. O ânimo
da população esfriou e o movimento foi quase esquecido até que, tempos depois,
os espanhóis que pretendiam coroar o fazendeiro foram expulsos pelo governo
português. Mais tarde, os jesuítas deixaram a vila e a paz foi restaurada.
Anos
depois, explodiu no Maranhão um movimento mais amplo, e que ficou famoso, com o
nome de Revolta de Beckman (1684). Foi liderado pelos irmãos
Manuel e Thomas Beckman, além de
Jorge Sampaio, que pretendiam garantir o
direito de escravizar índios apreendidos em “guerra justa”, e lutavam
contra a Companhia de Comércio do
Grão-Pará e Maranhão, também acusada de pagar muito pouco pelos produtos
coloniais e, em contrapartida, cobrar preços abusivos dos colonos locais.
Outro
problema era a presença dos padres jesuítas, contrários à escravização de
nativos. O governo português chegou a enviar o Padre Vieira, com o objetivo de
convencer os colonos a declinar do sentimento de revolta, mas não houve acordo.
Os revoltosos depuseram o governador e tomaram o poder. Porém, o novo
governador, Gomes Freire de Andrade, mandado pela metrópole, retomou o governo
e ordenou a execução dos líderes da revolta. Para tentar pacificar os rebeldes,
cedeu diante de algumas reivindicações dos colonos, no tocante à escravidão
indígena e à extinção da Companhia.
Em 1708,
explodiu a Guerra dos Emboabas, fruto do choque entre os
bandeirantes paulistas, que haviam descoberto ouro em Minas Gerais, e pessoas
“vindas de fora”, em sua maioria portugueses, chamadas de emboabas pelos paulistas, que se
consideravam descobridores das Minas, exigiam o direito de explorar as jazidas
antes da abertura delas a estrangeiros. Tal situação não interessava ao governo
português, que via nisso minimizadas as oportunidades de tributar o maior
número de garimpeiros que pudessem chegar.
Os
vicentinos foram massacrados no episódio do Capão da Traição, após um ano de
disputas, e viram-se obrigados a procurar ouro em Goiás e Mato Grosso. Em 1720,
foi criada a Capitania das Minas Gerais, separando, assim, a região mineradora
da capitania de São Paulo.
Entre 1710
e 1712, estourou a Guerra dos Mascates, conflito entre as cidades de Olinda, na qual mandavam os senhores
de engenho que haviam lucrado durante a dominação holandesa, e Recife, ocupada principalmente por
comerciantes portugueses.
Recife era
um vilarejo sem autonomia política e ligado a Olinda, mas a decadência dos
olindenses contrastava com a prosperidade econômica dos recifenses. Não demorou
muito para que o Recife obtivesse do governo português o direito de se tornar
uma cidade, separando-se de Olinda, o que realmente acabou acontecendo através
de uma Carta Régia publicada em 1709.
Julgando-se
traídos, os senhores de engenho financiaram uma guerra contra os habitantes do
Recife, mas não tiveram o sucesso esperado. O conflito terminou com a vitória
dos recifenses e a transferência da capital da capitania de Pernambuco para
aquele local, estabelecendo seu predomínio sobre Olinda e toda a região.
A Revolta de Filipe
dos Santos ou Revolta de Vila Rica de 1720 foi o episódio mais próximo
de uma contestação real da dominação portuguesa, mas seus objetivos eram
essencialmente tributários. O tropeiro Filipe dos Santos insuflou os
garimpeiros locais contra os impostos abusivos, principalmente o quinto e a obrigatoriedade de apresentar
o ouro encontrado nas Casas de Fundição,
comunicando suas reclamações ao governador local, o Conde de Assumar, que se
prontificou a atender os pedidos apresentados. Na verdade, o governador
desejava ganhar tempo suficiente para pedir reforço militar. Enganados pelo conde, os revoltosos
foram presos e Filipe dos Santos, depois de um julgamento sumário, foi
enforcado e barbaramente esquartejado, tendo seu corpo despedaçado por cavalos.
MOVIMENTOS EMANCIPACIONISTAS
"Liberdade ainda que tardia", o lema dos Inconfidentes
Os dois
movimentos que merecem destaque no quadro de contestação das estruturas
coloniais foram as Conjurações Mineira e Baiana. De maneira geral, tinham a
influência do Iluminismo, ou seja, contestação da tradicional política
absolutista e proposta de uma sociedade baseada na igualdade de todos perante a
lei. Mas esses movimentos foram muito particulares, pois, em cada um, a
interpretação sobre o que seria igualdade passava pela condição social dos
membros-líderes.
A Inconfidência
Mineira de 1789 foi essencialmente um movimento de elite, alimentado
basicamente pelas ideias de um grupo de homens que, longe de se assemelharem ao
conjunto da população brasileira da época, criticavam a impossibilidade de
ascensão social e política aos habitantes da colônia. Os integrantes, em sua
maioria maçons, inspiraram-se no movimento de independência dos Estados Unidos,
ocorrido anos antes.
Dentre os
participantes, ganharam notoriedade os poetas Cláudio Manuel da Costa e Tomás
Antônio Gonzaga, o Padre José Oliveira Rolim, os militares Francisco de Paula
Leite e Domingos de Abreu e, por fim, o também militar e dentista prático,
Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como “Tiradentes”.
O objetivo
da revolta era transformar a colônia em uma república, mas que pouco se
diferenciaria da estrutura implantada pelos portugueses. Propunha-se uma nova
bandeira, uma Constituição liberal e a criação de uma Universidade, mas o
caráter econômico voltado para o mercado externo seria mantido. Mesmo a questão
do fim da escravidão deu margem a várias discussões, pois era difícil
contrariar os interesses daqueles que possuíam e dependiam do trabalho escravo.
Para
iniciar a insurreição, o plano era simples. Em meio à ameaça da Derrama, os
rebeldes esperariam que os membros militares tivessem poder sobre suas tropas,
tomando, assim, as ruas e proclamando a independência, que seria prontamente
apoiada pela população. Porém, três membros ativos do movimento, Joaquim
Silvério dos Reis, Brito Malheiros e Correia Pamplona, delataram os
companheiros ao governador da capitania, Visconde de Barbacena, com a garantia
de que a participação deles na Inconfidência seria esquecida e suas dívidas,
perdoadas.
O "mártir republicano" Tiradentes, de Pedro Américo, 1893. Museu Mariano Procópio, Juiz de Fora, Minas Gerais.
Os líderes
foram presos e houve, então, um longo processo que terminou com o degredo
(deportação) de quase todos os participantes, exceto Tiradentes, que, sendo
praticamente o único que havia assumido a participação no movimento, foi
enforcado e esquartejado. Sua casa foi destruída e o chão, salgado; seus
descendentes foram amaldiçoados e a cabeça do inconfidente ficou exposta em
Vila Rica, praça que hoje leva o seu nome. Posteriormente, o movimento republicano no
século XIX construiu em torno de Tiradentes a imagem do “herói da República”,
promovendo a reprodução de retratos onde a figura do inconfidente foi "branqueada" e associada
à figura de Jesus Cristo: a morte injusta de homem que lutou por uma grande
causa, conforme observamos acima nas pinceladas de Pedro Américo.
A Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates,
ocorrida em 1798, era
profundamente diferenciada do movimento mineiro. Inicialmente controlada por
uma sociedade maçônica, “Cavaleiros da Luz” e influenciada pela Revolução
Francesa, com o destaque do jornalista e médico Cipriano Barata,
a rebelião ganhou as camadas mais baixas da população, recebendo a adesão de
negros, libertos ou ainda escravos, mulatos e brancos pobres. As propostas,
aparentemente inspiradas no pensamento do iluminista Jean Jacques Rousseau, defendiam a
igualdade de todos e buscavam o fim da monarquia e da escravidão.
Tal qual em
Minas, houve delatores que entregassem os membros do movimento. Além disso,
vários panfletos convocando a população para a revolta foram distribuídos em
Salvador, o que acabou chamando a atenção das autoridades. As tropas da Coroa
deram preferência para fazer dos líderes negros, especialmente os alfaiates
João de Deus e Manuel Faustino dos Santos, os exemplos contra novas revoltas. Luiz Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas eram soldados e tanto esses, como outros participantes negros e mulatos foram enforcados e
esquartejados, tendo as partes de seus corpos espalhadas por Salvador.
Os líderes mulatos executados em Salvador
O médico, político e maçom Cipriano Barata
A movimentação dos colonos contra a Coroa portuguesa mostrava que, apesar da violência na repressão, os questionamentos e conflitos eram intensos, dando a entender que o modelo administrativo português já não dava mais conta de controlar o Império luso e os fatores externos (Independência dos EUA e a Revolução Francesa) provocaram mudanças significativas no cenário político e territorial europeu e americano, que por sua vez, se relacionaram direta e indiretamente com o Portugal.
A rainha D. Maria I foi considerada incapaz devidos a sérios problemas psíquicos e assim, seu segundo filho, tornou-se o Príncipe Regente D. João, responsabilizando-se pela administração do reino naquele conturbado momento.
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