As Ricas Horas do Duque de Berry

As Ricas Horas do Duque de Berry
As Ricas Horas do Duque de Berry. Produção dos irmãos Limbourg - séc. XV. Mês de julho

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

O Renascimento



O conceito de Renascimento vem da palavra italiana renascitá, pois se acreditava que o período anterior, a Idade Média, fora uma "espessa e longa noite gótica" imersa nas trevas e desprovida de cultura. Para os homens deste período, a "verdadeira" cultura encontrava-se na Antigüidade, a qual foi banida e em seu lugar a Igreja estabeleceu o teocentrismo. O saber, portanto, encontrava-se nas artes e nos escritos clássicos.
Dessa forma, os artistas e intelectuais buscavam uma concepção de cultura diferente da medieval e que tinha suas raízes no mundo greco-romano. A proposta central era afastar-se do teocentrismo, buscando o antropocentrismo, ou seja, o homem como medida de todas as coisas.
Ao pensarmos o conceito de Renascimento, a questão mais importante é pensa-lo como uma releitura de um pensamento que aparentemente teria desaparecido e seria recuperado pelos estudiosos. Tal idéia tinha força, porque os homens da época entendiam por arte os modelos da cultura clássica, os quais desapareceram durante o medievo e portanto precisavam ser recuperados, segundo Giorgio Vasari (1511-1574) e Leon Battista Alberti (1404-1472), ambos artistas renascentistas e importantes personagens na criação dos conceitos renascimento e homem universal (l’uomo universale), respectivamente.
Apesar desta repulsa à Idade Média, é importante perceber que as transformações sofridas durante o Renascimento foram resultados de um processo de continuidade que perpassou o medievo e atingiu seu esplendor no momento seguinte, portanto, não se pode considerar a Renascença como uma ruptura total, mas a mudança de largo processo de experimentação e aprimoramento. 
A partir da reabertura do Mediterrâneo após as Cruzadas, a Europa assistiu uma intensa transformação das relações sociais e do modo de vida, pois as cidades voltaram a crescer e se tornaram o centro das atividades comerciais através da atuação dos burgueses. A burguesia era um grupo oriundo da ordem dos trabalhadores e portanto, não possuía a legitimidade como a nobreza ou o clero, os quais controlavam a vida dos demais .
No que diz respeito a prosperidade italiana, esta era relacionada com o monopólio do comércio de especiarias com o Oriente, tendo se destacado as cidades de Gênova, Veneza, Florença e Pisa. Estas cidades controlavam a venda de especiarias dentro da Europa e também a sua compra com os árabes e turcos no Mediterrâneo.




ITÁLIA: O "BERÇO DO RENASCIMENTO"

O Renascimento tem como seu "berço" a Península Itálica devido a um conjunto de fatores que favoreceram sua formação. Em primeiro lugar, o fato de ter sido o centro do Império Romano e guardar milhares de ruínas e resquícios da cultura greco-romana, como templos, estátuas, prédios públicos e dessa forma, os italianos tinham uma convivência muito próxima com seu "glorioso passado". Em segundo lugar, o enriquecimento proveniente do comércio mediterrânico que permitiu aos burgueses o investimento nas artes, sendo denominados mecenas, com o objetivo de legitimar sua posição na sociedade e buscar uma visão de mundo que se relacionasse com seu modo de vida, rompendo portanto, coma visão de mundo medieval, na qual eram simples trabalhadores inferiorizados pela nobreza e clero. O mecenato, no entanto, não ficou restrito aos burgueses, pois nobres, papas e príncipes também o fizeram.
Um fator muito importante foi a sobrevivência de muitos textos clássicos através da sua conservação em bibliotecas de mosteiros e abadias que foram copiados e traduzidos por monges copistas, do intercâmbio entre sábios bizantinos e também pela ação dos árabes na tradução e divulgação de vários textos, como por exemplo o estudo de Aristóteles realizado por Ibn Rushd (chamado no Ocidente de Averróes) em Córdova durante o domínio árabe do sul da penísnsula Ibérica.
A sobrevivência dos elementos da cultura clássica pode ser relacionado com sua redescoberta a partir do interesse dos intelectuais pelos studia humanitatis (estudos humanos que incluíam filosofia, poesia, história, matemática , eloquência e o perfeito domínio do latim e do grego) , pois não se buscou a mera repetição dos modelos antigos, mas sua reinterpretação à luz de sua época e dessa forma constituiu-se o humanismo
Neste contexto, destaca-se a obra de Dante Alighieri (1265-1321) A Divina Comédia, poema épico composto por três partes (Purgatório, Inferno e Paraíso), escrito em tercetos com versos decassílabos, totalizando 100 cantos e totalmente escrito em dialeto toscano, o qual futuramente daria origem a língua italiana. Apesar de inovadora, a Divina Comédia ainda trazia vários elementos da cultura e visão de mundo medieval, representados pela hierarquia, linearidade e imobilidade, tendo porém, uma perspectiva que ressalta o valor humano, pois a passagem de Dante pelo Inferno e pelo Purgatório não deturpa seu caráter, ao contrário, reafirma-o.
           

O QUE LEVOU AO RENASCIMENTO
           
Uma série de fatores proporcionou a ocorrência do Renascimento a partir da Baixa Idade Média. Inicialmente, houve o renascimento comercial, isto é, a generalização do comércio pela Europa, fenômeno que se tornou irreversível desde a abertura do Mediterrâneo. Isso tudo foi acompanhado pelo renascimento urbano, que implicou o surgimento de novas cidades e uma série de funções para elas; a cultura renascentista foi essencialmente urbana.
Ocorreu também o surgimento e a ascensão dos mercadores, ligados principalmente ao comércio marítimo. Para que isso acontecesse, foi necessária a centralização do poder em algumas partes da Europa, o que favoreceu a redução do poder da Igreja e das ideias que condenavam o comércio de maneira geral. Tais mercadores, enriquecidos, passaram a viver em castelos tentando igualar-se à nobreza de sangue. Passaram, então, a praticar o mecenato, ou seja, a abrigar, financiar e incentivar jovens artistas, tornando-se protetores das artes. Estes jovens artistas entraram em contato com a herança do Império Romano presente em esculturas, pinturas, obras arquitetônicas e literárias espalhadas por toda a Península Itálica.
Aos burgueses interessava duplamente financiar os artistas da época, pois, ao mesmo tempo em que ascendiam socialmente dentro da Itália, divulgavam seus nomes e sua grandeza até mesmo nos países distantes.

O RENASCIMENTO E O CONTEXTO HISTÓRICO

"A Península Itálica em 1494" Fonte: Wikipédia


Durante a Baixa Idade Média ocorreu o renascimento comercial e urbano, o qual favoreceu em especial algumas regiões da Europa como a Flandres (região que hoje compreende Bélgica e Holanda) e o norte da Itália em virtude da intensa atividade comercial. Neste momento , começou o fortalecimento do poder monárquico em detrimento da nobreza, mas tanto na Itália não se formou uma monarquia nacional centralizada, uma vez que constituíam regiões dominadas por pequenos Estados sob o controle da burguesia (as Repúblicas de Florença,Gênova, Lucca, Siena e Veneza);da nobreza (os Ducados de Milão, Módena, Ferrara, Savóia) e da Igreja (região central da Itália). A região de Flandres era uma possessão dos Duques de Borgonha (passando no final do século XV para o domínio dos Habsburgo) e era dotada também de intensa atividade comercial, tendo porém uma burguesia desinteressada em nobilitar-se como era o caso da italiana, valorizando portanto, sua posição de mercadores e comerciantes.
O enriquecimento das cidades italianas fez com que as famílias burguesas que controlassem o governo das comunas a partir do podestá (líder político) que tinha sob seu controle um exército de mercenários liderados pelo condottieri (chefe de armas ou capitão de guerra). Em Veneza , porém, havia a figura do doge (chefe da República) apoiado pelo Senado e pelo temível Conselho dos Dez (órgão sigiloso, com poderes de vida e morte sobre os cidadãos, composto por membros da aristocracia veneziana).
Destacaram-se como importantes membros da burguesia italiana os Médici em Florença, os Baglioni em Perúgia e os Bentivoglio em Bolonha; em algumas cidades os próprios condottieri controlavam o poder como os Sforza em Milão.



A ESTÉTICA RENASCENTISTA

A estética renascentista propôs o retorno aos valores clássicos: arte mimética (a imitação da realidade com o objetivo de buscar a perfeição, segundo Aristóteles, forjando a idéia de respeitar o modelo adotado e dentro dele a busca da superação, com o auxílio da criatividade); a harmonia, a sobriedade (contenção dos sentimentos) e além desta recuperação da Antigüidade, o tema central foi o antropocentrismo (o homem como medida de todas as coisas) em detrimento do teocentrismo, favorecendo o surgimento de uma forma de cultura laica (não religiosa), a qual valorizava o individualismo. 
Quanto à temática, não foram abandonados os temas religiosos, como a vida de santos e as passagens da Bíblia, pois o que ocorreu neste período é a representação mais humanizada da divindade. Outro tema muito recorrente foi a mitologia greco-romana, pois os mitos foram resgatados e ganharam uma roupagem adequada ao gosto burguês.
A produção artística do Renascimento pode ser vista como a construção do imaginário burguês, pois a burguesia buscava a legitimidade e auto-afirmação, querendo romper com a Idade Média e assim livrar do estigma da servidão, afinal, os burgueses saíram deste estamento para depois morar nos burgos e viver do comércio.

AS INOVAÇÕES TÉCNICAS

Durante o Renascimento surgem inúmeras inovações nas artes plásticas: a perspectiva (a representação dos objetos, lidando com os conceitos de  espaço e volume, enfocados a partir de um pondo de vista (ponto de fuga), o que permitiu ampliar o espaço, trabalhando a profundidade e no entanto, delimita o olhar do observador ao ponto estabelecido pelo pintor , também chamado de "técnica do ponto fixo" . Um dos primeiros a utilizar esta técnica foi Giotto e posteriormente, Brunelleschi estabelece uma relação matemática proporcional na representação das imagens, também chamada de perspectiva geométrica; a pintura a óleo, importada da Flandres que foi difundida ao longo do Quattrocento , permitiu o trabalho mais detalhista por parte do artista, possibilitando-lhe o aprimoramento da técnica.


FASES DO RENASCIMENTO ITALIANO


Trecento (1300-1399): É a fase de transição entre a estética medieval e a renascentista. Destacam-se neste período os pintores: Giotto (afrescos da Basílica de Assis), Duccio, Cimabue, Simone Martini e Ambrogio Lorenzetti. Na literatura temos como autores importantes Francesco Petrarca (1304-1374), autor de Odes a Laura e da epopéia De África e Giovanni Boccaccio (1313-1375), autor de Decameron. A riqueza da produção literária deste período estava na utilização dos dialetos, o toscano principalmente, colaborando para a formação da língua italiana.


Duccio di Buoninsegna 1308-11 Museo dell'Opera Metropolitano del Duomo, Siena - Itália - Fonte: Wikipédia


Simone Martini e Lippo Memmi, c.1333 Galleria degli Ufizzi, Florença - Itália. Fonte: Wikipédia



Giotto de Bondone, c.1304 Cappella degli Scrovegni all'Arena, Padua - Itália. Fonte: Wikipédia




Quattrocento (1400-1499): Nesta fase houver um maior desenvolvimento das artes plásticas que na literatura, pois os escritores voltaram a apenas imitar a Antigüidade e assim não continuaram a escrever nos dialetos e dessa forma usavam o grego e o latim. O centro da produção renascentista é Florença. Na pintura encontramos o destaque de Masaccio (1401-1428), autor de A Trindade, Virgem e o Menino com os anjos; Sandro Botticelli( 1447-1510), autor de O nascimento de Vênus, A alegoria da Primavera entre outras; Fra Angelico, autor da Anunciação, Cenas da vida de S. Estevão.
Um dos grandes nomes do Quattrocento é Leonardo da Vinci (1452-1519), homem de múltiplas habilidades: pintor, arquiteto, inventor, matemático e filósofo, portanto, o exemplo de "homem universal". De sua vasta obra destacam-se: A virgem dos rochedos, La Gioconda (Mona Lisa), projetos arquitetônicos, tratados de anatomia, pintura e vários inventos. Leonardo representa a transição do Quattrocento para o Cinquecento.

Masaccio, Igreja de Santa Maria Novella, c.1426-28, Florença - Itália. Fonte: Wikipédia


Fra Angelico, 1438, Museo de San Marco, Florença - Itália. Fonte: Wikipédia


Piero della Francesca, c.1472, Pinacoteca di Brera, Milão - Itália.Fonte: Wikipédia




Sandro Botticelli, c. 1487, Galleria degli Ufizzi, Florença - Itália. Fonte: Wikipédia


Leonardo Da Vinci, c. 1483-86, Museu do Louvre, Paris - França.Fonte: Wikipédia


Leonardo Da Vinci, c.1495-98, Convento de Santa Maria delle Grazie, Milão - Itália.Fonte: Wikipédia



Michelangelo Buonarotti, c.1498-99. Basílica de São Pedro, Vaticano. Fonte: Wikipédia




Cinquecento (1500-1550): Nesta fase a capital do Renascimento passa a ser a Roma papal, graças ao mecenato de papas como Alexandre VI, Júlio II e Leão X e. Na literatura, ainda em Florença, destaca-se a publicação de "O Príncipe" , de Nicolau Maquiavel ; de Baltazar Castiglione, "O Cortesão"; de Ariosto, "Orlando Furioso". Nas artes plásticas destacam-se Rafael Sanzio, pintor famoso por suas Madonas, A Escola de Atenas e Michelangelo Buonarroti, autor das esculturas: David, Pietá, Moisés; da planta da cúpula da Basílica de São Pedro e dos afrescos da Capela Sistina.


Michelangelo Buonarotti, c.1501-1504, Galleria dell'Accademia, Florença - Itália. Fonte: Wikipédia


Leonardo da Vinci, c.1503-06, Museu do Louvre, Paris - França. Fonte: Wikipédia


Michelangelo Buonarotti, c.1508-10, Capella Sistina, Vaticano. Fonte: Wikipédia



Rafael Sanzio, c.1510-11, Vaticano. Fonte: Wikipédia

Rafael Sanzio, c. 1512, Gemäldegalerie Alter Meister, Dresden - Alemanha. Fonte: Wikipédia


O RENASCIMENTO ALÉM DA ITÁLIA

O Renascimento teve como centro a Península Itálica e gradativamente se espalhou para o restante da Europa. Depois da Itália, o centro mais importante foi a região de Flandres, pois também foi uma região de forte atividade comercial dotada de uma burguesia com grande dinamismo. Na literatura destacou-se Erasmo de Roterdam, autor de "O Elogio da Loucura".
Na pintura, temos Jan Van Eick com o quadro "O casal Arnolfini"; Hieronymus Bosch, autor de "O jardim das delícias", "A pedra da Loucura", O trinfo da Morte"; Pieter Brueghel, autor de "O massacre do Inocentes", "Torre de Babel", "A morte de Ícaro"; Rogier van der Weyden, autor de "A deposição da Cruz".
Em outros países o Renascimento foi tardio em relação à Itália, tendo menor expressão: Portugal recebeu influências com o retorno de Sá de Miranda da Itália em 1527, trazendo o dolce stil nuovo (verso decassílabo e soneto) e mais tardiamente com Luís Vaz de Camões graças à publicação de "Os Lusíadas" em 1572; na Espanha o maior expoente foi Miguel de Cervantes com sua obra "D. Quixote de la Mancha"; na França, o principal nome é François Rabelais, autor de "Gargântua e Pantagruel"; na Grã-Bretanha , destacaram-se William Shakespeare, dramaturgo, autor de "Romeu e Julieta", "Macbeth", "Hamlet", "Rei Lear" entre outras peças e Thomas Morus com "Utopia".



Jan Van Eyck, c.1434, National Gallery, Londres - Reino Unido. Fonte: Wikipédia


Rogier van der Weyden, c.1435, Museo del Prado, Madrid - Espanha. Fonte: Wikipédia


Hieronymus Bosch, c. 1500, Museo del Prado, Madrid - Espanha. Fonte: Wikipédia


Albrecht Dürer, c. 1500, Alte Pinakothek, Munique - Alemanha. Fonte: Wikipédia




Mathias Grünewald, c.1512-16, Musée d'Unterlinden, Colmar - França. Fonte: Wikipédia



Pieter Bruegel, o Velho, c.1562, Museo del Prado, Madrid - Espanha.Fonte: Wikipédia



O Renascimento e as Ciências

Durante a Idade Média, um dos principais temas defendidos pela Igreja era o geocentrismo, ou seja, a Terra era estática e os planetas giravam ao seu redor. Tal pensamento começou a ser questionado pelo astrônomo polonês Nicolau Copérnico(1473-1543), defensor do Heliocentrismo (a Terra e os planetas giram em torno do Sol que é estático). Esta teoria foi levada adiante por Galileu Galilei(1564-1642), físico florentino, o qual desafiou a Igreja defendendo tal tese e foi obrigado a retratar-se publicamente. Mais tarde os estudos de Johannes Kepler (1571-1630) acabaram por confirmar o heliocentrismo.
Na medicina destacaram-se Andrea Vesalius (1514-1564) na área da anatomia; Miguel de Servet (1511-1553), médico espanhol responsável pela descoberta da circulação do sangue  ou circulação pulmonar  pelas artérias.




Frontispício de De Humani Corporis Fabrica, c.1543. Fonte: Wikipédia



Imagem da página 178 de De Humani Corporis Fabrica, c.1543. Fonte: Wikipédia


Apresentamos uma série de transformações culturais, políticas e socioeconômicas que envolveram o período dos séculos XIV ao XVI, sendo muito mais pertinente a compreensão do Renascimento como um processo histórico do que  enfatizar a memorização automática de artistas e obras.

Destacamos como ponto central a mudança de paradigma (modelo) que a Europa ocidental passou: a Igreja e o clero perderam não só o monopólio sobre o conhecimento, mas também deixaram de ser a única fonte de explicação para todas as coisas, já que o questionamento, observação, investigação e análise dos dados ali coletados formaram um caminho (método) para levantar hipóteses e teorias sobre a explicação dos fenômenos que envolvem o homem e o Universo.

Ao tirar o foco da exclusiva orientação divina (teocentrismo) e aponta-lo em direção ao homem (antropocentrismo), o Renascimento abriu caminho para a construção do mundo que chamamos de moderno e criou um espaço de tensão aos segmentos dominantes, obrigando-os a reagir com força para não perderem mais espaço do que já tinha ocorrido, porém, foi um caminho sem volta, apesar de toda repressão aplicada. Mas isto já é assunto para um outra postagem!


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