As Ricas Horas do Duque de Berry

As Ricas Horas do Duque de Berry
As Ricas Horas do Duque de Berry. Produção dos irmãos Limbourg - séc. XV. Mês de julho

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Renascimento - Parte II

Um dos grandes nomes do Quattrocento é Leonardo da Vinci (1452-1519), homem de múltiplas habilidades: pintor, arquiteto, inventor, matemático e filósofo, portanto, o exemplo de "homem universal". 
Autorretrato de Leonardo da Vinci


De sua vasta obra destacam-se: A virgem dos rochedos, La Gioconda (Mona Lisa), projetos arquitetônicos, tratados de anatomia, pintura e vários inventos. Leonardo representa a transição do Quattrocento para o Cinquecento.

Monalisa. 1503-07. Museu do Louvre, Paris.

Virgem dos Rochedos. 1483-86. Museu do Louvre, Paris.

Analisemos agora, a pintura de Leonardo da Vinci(1452-1519) “A Última Ceia” encomendada pelo duque de Milão, Ludovico Sforza e pintada na parede do refeitório do convento dos dominicanos de Santa Maria delle Grazie em Milão ,entre 1495 e 1497.

A obra de Leonardo, assim como sua pessoa, foram objeto de inúmeras especulações desde a sua própria época aos nossos dias e ainda assim, preserva o encantamento , seja pela excelência de seu trabalho, seja pela diversidade de obras artísticas e de engenharia, sendo portanto, Leonardo da Vinci, o símbolo do conceito de Homem Universal (l’uomo universale) , signo das múltiplas potencialidades nos diferentes campos do conhecimento.


O tema desta obra é o momento da última ceia de Cristo e seus apóstolos, cuja importância é vital no culto cristão, uma vez que se manifesta  o dogma da transubstanciação (o pão se transforma em carne e vinho em sangue) e ao longo de dois mil anos se tornou o momento mais importante da liturgia cristã: a Eucaristia.

Sendo uma cena, presente no imaginário cristão , seja pelo texto bíblico, seja pela sua constante repetição na liturgia ao longo da trajetória do cristianismo, a pintura de Leonardo traz uma série de elementos de representação, compondo a imagem como uma peça teatral: num grande e suntuoso salão, Cristo e seus apóstolos estão reunidos.

Jesus ocupa o centro da grande mesa, típica de banquetes medievais, tendo a cada um dos lados dois grupos de três apóstolos, logo, uma composição harmoniosa e equilibrada. O ponto central da imagem se encontra atrás da cabeça do próprio Cristo, a qual junto com a moldura da janela imediatamente posterior compõe uma circunferência, pólo irradiador das linhas de perspectiva da composição, um das principais contribuições do Renascimento.

A atenção do Cristo está para o pão e o vinho, alimentos e metáfora de seu futuro destino, o sacrifício na cruz pela Humanidade. A posição de seus braços em relação à sua cabeça forma uma imagem triangular. Hipóteses para tal composição são inúmeras, destacando-se entre elas, as de caráter esotérico e místico, uma vez que os estudos herméticos e de alquimia foram muito comuns à época de Leonardo.

Não há como saber quais teriam sido as referências que guiaram a mão e a cabeça do pintor. Mesmo as referências presentes nos Evangelhos não oferecem muitos dados para uma resposta precisa. Nesse sentido, chegamos a um ponto importante do entendimento sobre qualquer produção artística: as imagens não têm sentido sozinhas, existe um contexto e a recuperação deste contexto implica na compreensão ou na “ atribuição” de um sentido mais preciso ou pelo menos mais plausível, a respeito de seus possíveis significados.


Por mais que entre os séculos XIV e XVI tenha ocorrido uma intensa valorização da racionalidade, esta é muito distante e complemente diferente da nossa concepção de Razão, afinal naquele momento a religiosidade ainda exercia um papel central nas diferentes formas de sociabilidade, e mesmo aquilo que pôde vir a ser chamado de “ciência” ainda se encontrava muito envolvido com conhecimentos hoje um tanto questionáveis pelos meios científicos atuais, como por exemplo a Astrologia.

Cinquecento (1500-1550): 

Nesta fase a capital do Renascimento passa a ser a Roma papal, graças ao mecenato de papas como Alexandre VI, Júlio II e Leão X. Na literatura, ainda em Florença, destaca-se a publicação de "O Príncipe" , de Nicolau Maquiavel; de Baltazar Castiglioni, "O Cortesão"; de Ariosto, "Orlando Furioso". Nas artes plásticas destacam-se Rafael Sanzio, pintor famoso por suas Madonas, A Escola de Atenas e Michelangelo Buonarrotti, autor das esculturas: Davi, Pietá, Moisés; da planta da cúpula da Basílica de São Pedro e dos afrescos da Capela Sistina.

A Escola de Atenas. 1506-1510. Museus do Vaticano

Madonna Sistina. 1512-13. Staatliche Kunstsammlung Dresden, Alemanha.

Davi. 1504. Accademia di Belle Arti Firenze, Florença.

Pietá. c. 1499. Basílica de São Pedro, Vaticano.

Moisés.  1513-15. Igreja de San Pietro in Vincoli, Roma, Itália

detalhe do teto da Capella Sistina. 1508-12. Vaticano

Altar da Capella Sistina. Juízo Final. c. 1536-41. Vaticano


O RENASCIMENTO ALÉM DA ITÁLIA

O Renascimento teve como centro a Península Itálica e gradativamente se espalhou para o restante da Europa. Depois da Itália, o centro mais importante foi a região de Flandres, pois também foi uma região de forte atividade comercial dotada de uma burguesia com grande dinamismo. Na literatura destacou-se Erasmo de Roterdam, autor de "O Elogio da Loucura".
Na pintura, temos os irmãos Van Eick, sendo de Jan Van Eick o quadro "O casal Arnolfini"; Hieronymus Bosch, autor de "O jardim das delícias", "A pedra da Loucura", O trinfo da Morte"; Pieter Brueghel, autor de "O massacre do Inocentes", "Torre de Babel", "A morte de Ícaro"; Rogier Van Der Weiden, autor de "A deposição da Cruz".
Em outros países o Renascimento foi tardio em relação à Itália, tendo menor expressão: Portugal recebeu influências com o retorno de Sá de Miranda da Itália em 1527, trazendo o dolce stil nuovo( verso decassílabo e soneto) e mais tardiamente com Camões graças à publicação de "Os Lusíadas" em 1572; na Espanha o maior expoente foi Miguel de Cervantes com sua obra "D. Quixote de la Mancha"; na França, o principal nome é Rabelais, autor de "Gargântua e Pantagruel"; na Grã-Bretanha , destacaram-se Willian Shakespeare, dramaturgo, autor de "Romeu e Julieta", "Macbeth", "Hamlet", "Rei Lear" entre outras peças e Thomas Morus com "Utopia".


O Casal Arnolfini. Jan Van Eick. c. 1434. National Galery, Londres, Inglaterra. 
O quadro mede 82x60 cm e o detalhe do espelho é um zoom que mede originalmente 5,5 cm

Deposição da cruz. Rogier Van Der Weyden. c. 1435-38. Museo del Prado, Madrid, Espanha.

tríptico do "Jardim das Delícias" Hieronymus Bosch. c. 1504. Museo del Prado, Madrid, Espanha.

O triunfo da morte. Pieter Brueghel. c. 1560. Museo del Prado, Madrid, Espanha.


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