As Ricas Horas do Duque de Berry

As Ricas Horas do Duque de Berry
As Ricas Horas do Duque de Berry. Produção dos irmãos Limbourg - séc. XV. Mês de julho

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Antony Gormley em São Paulo

Caros leitores,

Como sugestão para o fim de semana que se aproxima, uma exposição  de arte contemporânea no Centro Cultural Banco do Brasil, de São Paulo:

Fonte: Portal G1

11/05/2012 08h00- Atualizado em 11/05/2012 08h00

'Queria fazer a ponte mais curta entre vida e arte', diz Antony Gormley

Mostra 'Corpos presentes' abre neste sábado (12) no CCBB, em São Paulo.
Artista britânico colocou 27 esculturas no topo de edifícios da região central.

Flávio SeixlackDo G1, em São Paulo
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Escultura de fibra de vidro no topo de prédio na região central de São Paulo, parte da mostra 'Corpos presentes', do artista britânico Antony Gormley (Foto: Caio Kenji/G1)Escultura de fibra de vidro no topo de prédio na
região central de São Paulo, parte da mostra
'Corpos presentes', do artista britânico Antony
Gormley (Foto: Caio Kenji/G1)
Não será necessário que chamem a polícia ou os bombeiros os paulistanos que olharem para cima e se depararem com corpos estáticos no topo de edifícios do centro da cidade neste fim de semana. É bom deixar claro: não se trata de um suicídio em massa ou coisa do tipo, mas sim de 27 esculturas do artista britânico Antony Gormley, parte da mostra “Corpos presentes”, que tem seu núcleo no Centro Cultural Banco do Brasil e abre neste sábado (12).
Além de estarem na parte mais alta dos prédios, há também quatro esculturas no chão pelas redondezas. No CCBB, 11 obras, 50 maquetes, nove gravuras, 25 fotos e seis vídeos completam a exposição, que tem entrada franca e acontece entre 12 de maio e 15 de julho. A força do trabalho, claro, está em “Event horizons” (27 figuras em tamanho real feitas de fibra de vidro) e “Critical mass II” (60 figuras em tamanho real feitas em ferro fundido).
Gormley não gostaria de ter que explicar suas obras para as pessoas. “Quanto menos você sabe, melhor é sua resposta”, disse, em conversa com a imprensa no CCBB. “Acho que é muito perigoso confundir as intenções do artista com o significado do trabalho. Significado é algo múltiplo e mutável e a questão de fazer exposições em diferentes partes do mundo, para mim, serve para ver o que esses objetos conseguem provocar. Quero colocar o público na posição de questionar: 'que diabo é isso, por que está aqui?' Não há apenas uma resposta”, completou.
Corpos presentes (Foto: Caio Kenji/G1)Escultura em paisagem do centro paulistano (Foto: Caio Kenji/G1)
A escolha do CCBB e do centro da maior cidade do Brasil para receber “Corpos presentes” deixou o artista muito satisfeito. “Estamos acostumados a ver exposições dentro de instituições, em lugares fechados. Acho que o CCBB é notável por ser um espaço que está disponível para qualquer um”, disse, citando em seguida o Vale do Anhangabaú como um local especial da capital. “Amo a ideia de que, bem no meio dessa cidade, temos a memória de algo perdido, que de certa forma existiu antes de nossa sociedade. O eco disso está no centro. Foi realmente uma escolha óbvia, por ser um espaço que, de certa forma, diz algo sobre o lugar antes dele ser uma cidade”.

Muito mudou no Brasil desde que Gormley veio ao país há 20 anos para o encontro ambiental Eco 92, mas o britânico ainda se diz “fascinado” pelo que vê por aqui. “Acho que o Brasil sempre me interessou por conta de sua fluidez. Há uma hibridez e uma vitalidade nessa hibridez que é um modelo para o que penso no que deve ser um mundo pós-internacionalizado. Acho que o Brasil é um campo de teste muito importante para se criar uma noção de comunidade que não está baseada na raça ou no território”, afirmou.
Artista britânico Antony Gormley ao lado de obra exposta no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo (Foto: Caio Kenji/G1)Artista britânico Antony Gormley ao lado de obra exposta no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo (Foto: Caio Kenji/G1)
Tais características, de certa forma, colaboram para a forma pela qual as obras interagem com São Paulo. “A textura da cidade parece ter uma energia vital e inconsciente. A expressão material da população daqui é como qualquer outra forma de criação, como mofo e grama... Há prédios surgindo por todos os lados, uns mais finos, outros mais largos, e sempre muito próximos uns dos outros... acho isso revigorante”.
“Event horizon” já passou por Londres e Nova York e teve uma reação distinta em cada uma das cidades, o que faz Gormley não saber exatamente o que esperar do público brasileiro. “Em Nova York, com o nível de paranóia lá, todos falavam em suicídio. Acho que a presença de coisas incomuns nas ruas de São Paulo é muito normal, então pode até ser que ninguém note [as obras], o que seria bem bonito. Talvez as peças no chão sejam mais provocativas do que as dos prédios. Em Nova York foi o contrário, pois acho que ninguém nunca tinha visto a imagem de um corpo humano colado ao Empire State"
As obras de fibra de vidro e ferro fundido foram feitas baseadas na própria estrutura corporal de Gormley, algo intencional por parte do artista. “Não tenho o desejo de controlar os outros. Gostaria de fazer com que minha vida fosse o mais transparente e aberta possível. Não estou interessado na manipulação do externo”, explicou. “Por que fazer em outro corpo se você já tem um? Por que ignorar o fato de que esta é a única coisa que pertence a você? Minha intenção era a de fazer a ponte mais curta entre algo chamado vida e algo chamado arte”.
Exposição “Corpos presentes” em São Paulo
Quando: entre 12 de maio e 15 de julho
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (Rua Álvares Penteado, 112, Centro)
Quanto: grátis

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