O filme Desmundo buscou retratar com significativa fidelidade o período colonial durante o século XVI. Lançado em 2003, traz no elenco os atores Simone Spoladore, Osmar Prado, Berta Zemei, Beatriz Segall, Caco Ciocler e entre outros. Com a direção de Alain Fresnot e roteiro de Sabina Anzuategui, Anna Muylaert e do próprio diretor, baseado no livro de Ana Miranda.
A história passa em 1570, no Brasil colonial e
conta a vinda de órfãs portuguesas ao país para desposarem com colonizadores
que aqui viviam e mostra uma preocupação do Coroa para que não houvesse mistura
de raças, entre os portugueses e as índias. Uma destas jovens, Oribela (Simone
Spoladore) por ser muito religiosa estava muito relutante em se casar. Mas, depois
de repudiar um primeiro marido, é obrigada a casar com o senhor de engenho Francisco
de Albuquerque (Osmar Prado), um homem de posses, porém muito rude. A
tensão marca o livro: tentativas de fuga, revoltas contra o marido, envolvimento
e fuga com Ximeno Dias (Caco Ciocler), que no livro é apresentado como um mouro
convertido ao cristianismo e no filme ele é retratado como um cristão-novo (judeu
convertido a força para o catolicismo).
Destaca-se no filme as
locações, a qualidade da caracterização dos personagens e a realidade mostrada,
proporcionando uma visão particular: pois é uma voz feminina, são as memórias
de Oribela, que retratam a colonização do Brasil, o domínio português sobre os
índio e o poder da Igreja e da Coroa Portuguesa, bem como a sociedade
patriarcal aqui implantada. O uso do português arcaico, que constitui a base da
linguagem do romance, no filme também colabora para a recuperação dos costumes
e do cotidiano daquela época.
Nota
biográfica: Ana Miranda
Voltada para a linguagem, dotada de um brasilianismo intenso, Ana
Miranda realiza um trabalho de redescoberta e valorização do nosso tesouro
literário, que a leva a dialogar com obras e autores de nossa literatura, numa
época em que as culturas delicadas são ameaçadas pela força de uma cultura
universal. Fundada em séria e vasta pesquisa, recria épocas e situações que se
referem à história literária brasileira, mas, primordialmente, dá vida a
linguagens perdidas no tempo. Sua obra tem sido matéria de estudos na área
acadêmica, recebendo teses e monografias, geralmente ligadas a questões de
literatura & história, barroco brasileiro, romantismo, ou pós-modernidade.
Recebeu alguns prêmios, como Jabutis e da Academia Brasileira de Letras; teve
sua obra traduzida em cerca de vinte países, e conquistou expressivo número de
leitores, no Brasil. Ana Miranda consagrou-se igualmente pela inclusão de seu Boca do Inferno no cânon dos cem maiores romances em
língua portuguesa do século 20, elaborado por estudiosos da literatura,
brasileiros e portugueses (O Globo, 5/set/98). Seus principais romances
são: Boca do Inferno,
1989; A última quimera,
1995; Desmundo, 1996; Amrik, 1998; Dias & Dias, 2002; Yuxin, 2009. Todos editados
pela Companhia das Letras. Nasceu no Ceará, em 1951, onde vive atualmente, após
cinquenta anos entre Rio, Brasília e São Paulo.
Fonte: www.anamirandaliteratura.com.br
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