As Ricas Horas do Duque de Berry

As Ricas Horas do Duque de Berry
As Ricas Horas do Duque de Berry. Produção dos irmãos Limbourg - séc. XV. Mês de julho

domingo, 17 de maio de 2015

Resenha crítica – “Uma história de amor e fúria”

“Uma história de amor e fúria” Direção: Luiz Bolognesi, 2013

“Viver sem conhecer o passado é como andar no escuro”. Esta fala concisa e contundente do personagem Abeguar é um bálsamo para qualquer historiador.
Luiz Bolognesi, buscou mostrar numa animação 100% nacional que é possível romper com os padrões hollywoodianos e historiográficos, cedendo espaço para os heróis que morreram “sem virar estátua” na luta contra aqueles “que viraram”.



Numa narrativa cíclica, os quatro episódios amarram a História e uma fantasia futurista, expondo a dimensão das lutas e tensões que marcam nossa existência, que mais uma vez podem ser sintetizados noutra fala de Abeguar: “Todo dia, mesmo sem saber, estamos lutando por alguma coisa”.
Abeguar é um guerreiro Tupinambá, escolhido pelo deus Munhã para liderar seu povo, sem desistir, contra o maligno Anhagá. Nesse longo combate de séculos, o herói tem a companhia de Janaína, e justamente é o amor sentido por ela que o move na luta e na busca por reencontrá-la ao longo do tempo.

A mitologia indígena forma o pano de fundo para a compreensão do herói Abeguar e sua missão, fazendo valer a oposição Bem versus Mal, a transformação em pássaro(o voo pode ser visto como símbolo da liberdade ou mesmo da busca das utopias) e a transformação ao longo da narrativa: guerreiro indígena, negro alforriado e branco, mas sempre, na luta contra o Mal e sua opressão.
Falar do início da colonização, acompanhada de massacres, extração de riquezas e escravidão no Rio de Janeiro em 1556; citar a Balaiada (1838-41)no período Regencial sob o olhar dos rebelados, retirando a visão enaltecedora de Caxias e por fim, apresentar o lado obscuro da ditadura em 1968, tendo os estudantes e guerrilheiros como seus contestadores promove uma reflexão positiva de como se constrói o discurso histórico, fazendo jus a frase inicial que enaltece a importância da História no exercício da cidadania.

Na parte final, que se trata de uma fantasia futurista(2096), a projeção não poderia ser melhor: o Brasil sendo uma república corrupta e desigual, onde a água se tornou artigo de luxo, a exclusão social se agravou e a “segurança” estaria nas mãos de “milícias particulares”. O interesse público solapado pelo privado.
Para contestar a ordem, mais uma vez, aparece uma organização guerrilheira e nisso Abeguar e Janaína estão juntos novamente encarnando a luta pela justiça social.

Longe de uma visão maniqueísta, a reflexão sugerida por Bolognesi dá margem para várias discussões, como por exemplo, a figura de Janaína foge ao estereótipo sexista ainda dominante na TV e Cinema, pois ela sempre é colocada em posição de igualdade na luta ao lado de Abeguar.

A seriedade dos assuntos tratados quebra o ainda presente “senso comum” de que as animações são coisas infantis. Fruto de muita pesquisa e criatividade, “uma história de amor e fúria” rendeu condições para que pudéssemos voar mais alto: pensar num Brasil e uma sociedade melhor e mais justa para todos, independentemente de renda, crença, gênero ou qualquer outra forma de distinção, exclusão ou preconceito.


Um caminho para isso? Conhecer e refletir melhor sobre nossa História. Sempre!


3 comentários:

  1. Preciso de uma resenha critica desse filme

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  2. O mas rapido possível é que o professor passo esse filme mas não tive tempo de assistir por causa do trabalho,agora to precisando de uma resenha critica quem assistiu sera q pode me ajudar?obg bjo nao precisa ser mt coisa

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  3. O mas rapido possível é que o professor passo esse filme mas não tive tempo de assistir por causa do trabalho,agora to precisando de uma resenha critica quem assistiu sera q pode me ajudar?obg bjo nao precisa ser mt coisa

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