Já estamos há pelo menos 2 semanas num estado de tensão social que, infelizmente, ainda é muito cedo para ser compreendido de forma definitiva e, tal fato se deve a falta de um modelo ou teoria que ajude a colocar luz na análise ou projeção de cenários futuros.
A redução de tarifas ocorreu em muitas cidades e assim, o que seria o " motivo" para as manifestações já poderia se considerar encerrado e as coisas voltariam ao " normal", porém a atitude repressiva dada a um movimento pacífico, apesar de poucos focos de vandalismo, fez com que a movimentação crescesse mais e mais.
Foi o autoritarismo impiedoso das autoridades que motivou a resistência, afinal, o que estava em jogo era a nossa liberdade de expressão e que fora jogada na sarjeta como reles vandalismo, por exemplo, pelo nosso governador Geraldo Alckmin.
Por outro lado, o vandalismo gratuito ou ainda, saques contra o patrimônio alheio por oportunistas não melhorarão em nada a atual conjuntura e com certeza servem apenas para " reiterar" os discursos autoritários.
Fernando Haddad, por sua vez, resistiu à redução querendo evitar uma atitude " populista" e no fim, rendeu-se ao clamor popular, apesar do eventual corte em investimentos em outros setores, como por exemplo, saúde e educação.
Bem, cabe a perguntar, porque cortar justamente numa seara tão castigada como os setores da saúde e educação? Por que não investir sobre os cargos de confiança? Por que não cortar os cargos na estrutura administrativa das três esferas (município, estado e federação ) e dos 3 poderes ( executivo, legislativo e judiciário) além de reordenar as prioridades de investimentos?
Outra pauta importante é a defesa das instiuições democráticas que precisam ser aprimoradas e não destruídas, afinal, não precisamos de modo algum passar por mais um regime autoritário.
segunda-feira, 24 de junho de 2013
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Diretas Já, Fora Collor e as manifestações do Movimento Passe Livre
Mafalda - Quino
Estamos vivendo um momento bastante particular neste junho de 2013, porque uma questão que poderia ser isolada e acredito que foi tratada assim pelos nossos representantes do poder público (o aumento das tarifas do transporte coletivo em várias cidades do Brasil), gerou uma movimentação de tamanha magnitude que até o presente momento tem intrigado todas as esferas do poder, além da mídia e dos especialistas em "estudar a sociedade". Tudo, portanto, fica no campo das suposições.
Até mesmo aqueles que, cotidianamente em seus programas de TV, se colocam como "defensores do povo" e "sabem" o que o povo "quer" ficaram perdidos.
Veja este link: http://www.youtube.com/watch?v=7cxOK7SOI2k
Existem aqueles que parecem ser a eterna "voz da razão" e também se equivocam, veja o que disse Arnaldo Jabor: http://www.youtube.com/watch?v=afSkhqh9luU
Não existem lideranças estabelecidas, a movimentação não para de crescer e os atos de repressão pelas forças do Estado geraram mais adesão que dispersão e em diferentes partes do país e ainda, com ecos no exterior (Lisboa, Barcelona, Londres, Dublin e Berlin), manifestantes foram saindo às ruas com diferentes bandeiras, reivindicações. Nesta segunda (17/06) tivemos 250 mil brasileiros nas ruas, sendo 65 mil em São Paulo.
Casas do Parlamento - Londres (18/06) Portal UOL
Obviamente, num processo amorfo como este e aliás, bastante dinâmico, muitos "oportunistas" apareceram para realizar depredações e saques. Em São Paulo, uma vez que desde a segunda-feira, as forças de segurança tinham se comprometido a "acompanhar o movimento" e não reprimi-lo, tal postura fez que pessoas interessadas em "lucrar pessoalmente" com a agitação tivessem condições para atacar lojas, bancos e outros estabelecimentos comerciais, além de importantes patrimônios históricos, como o centenário Teatro Municipal de São Paulo, que foi restaurado em 2012 e teve sua fachada pichada. 56 pessoas foram detidas, além daqueles que estavam praticando danos a outros espaços e bem, como carros particulares, da imprensa (TV Record).
É legítimo que, numa sociedade democrática, o espaço público seja ocupado pelo mesmo e assim, as reivindicações sejam externadas, preferencialmente, sem danos ao bem e patrimônio deste mesmo público.
Por exemplo, a depredação do trem da CPTM ontem (18/06) da Linha Esmeralda foi totalmente prejudicial ao usuário, pois afetou as demais linhas e interrompeu o funcionamento 09 (Esmeralda): pessoas tiveram que sair dos vagões, andar até a estação pela via férrea, fora a lentidão, é um trem a menos para os 1,5 milhão de usuários usarem. Depredar um trem, um vagão do metrô ou um ônibus não é punição ao poder público e assim, ao próprio usuário que, aliás, constitui o dito "poder público".
No entanto, se hoje estamos assistindo este processo, temos que lembrar historicamente que nem sempre estas manifestações foram possíveis, especialmente nos períodos de autoritarismo que tivemos no Brasil, mas mesmo assim, a multidão sempre tentou se mover, apesar de castigada e combatida, com bombas, balas de verdade, cavalaria e muita violência.
Há 29 anos, o Brasil assistiu o clamor pela realização de eleições diretas para a presidência, fato que encerraria o Regime Militar implantado em 1964 por um golpe de Estado que contou com o apoio de uma parcela da sociedade civil, porém, em 1984, a presença imposta dos militares no poder já estava mais que inaceitável e a erupção de um clamor popular, reunindo milhares de pessoas em diferentes partes do Brasil, com a participação de todas as correntes da oposição, buscava um novo Brasil: livre e democrático.
Foi um movimento popular e pacífico, com a exaltação da democracia, liberdade e patriotismo, sempre concluído com o nosso Hino Nacional, cantado por centenas de milhares, num comovente e solene protesto de maior amor pela nossa Pátria. Naquela altura, o presidente João Baptista Figueiredo (1979-1985) rotulava os manifestantes como "subversivos" e as autoridades tentaram sufocar o movimento usando a polícia e suas armas.
Veja link: http://www.youtube.com/watch?v=gL4mSe4Ll_I
A Emenda Dante de Oliveira foi derrotada em 25 de abril de 1984, pois não conseguiu 2/3 dos votos(precisava de 320 dos 479 votos, mas recebeu 298), sendo que os deputados governistas buscaram evitar ao máximo sua aprovação, tentando não só conseguir mais votos para o "não", bem como que ocorressem muitas abstenções. Ficou estabelecido que a eleição seria indireta pelo Colégio Eleitoral composto pelos parlamentares. Pelo regime militar saiu candidato o ex-governador (1979-82) e ex-prefeito indicado de São Paulo, Paulo Maluf e como candidato da oposição ao regime militar, Tancredo Neves.
Tancredo venceu, mas veio a falecer em virtude problemas de saúde que já o atingiam antes da campanha eleitoral e assim, José Sarney tomou posse como Presidente da República, o primeiro civil desde a deposição de Jango em 1964.
Foi durante o governo de Sarney que se convocou a Assembleia Constituinte em 1987 e finalmente em 1988 foi promulgada a nossa atual Constituição e dali, o próximo passo seria a 1ª eleição direta para todos os cargos da República, inclusive o de presidente.
As eleições presidenciais de 1989, que começaram com a apresentação de 22 candidatos, foram realizadas sob o signo da inflação galopante e de certa desesperança da população brasileira. Fernando Collor de Melo (PRN), um político não muito conhecido nos grandes centros, mas com amplo apoio de setores políticos conservadores, do empresariado e das potências midiáticas (grupo Abril, Rede Globo, grupo Estado, entre outros), venceu Luiz Inácio Lula da Silva, da Frente Brasil Popular (liderada pelo PT), num segundo turno disputadíssimo.Collor foi o primeiro presidente eleito por voto direto depois de 29 anos, completando,assim, a transição democrática.
Após três anos de governo, começaram a explodir os escândalos sobre corrupção, como a arrecadação irregular de contribuições para a campanha eleitoral montada pelo tesoureiro Paulo César Farias, o enriquecimento ilícito e a lavagem de dinheiro, entre outros, que culminaram na formação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito(CPI). A CPI, após mais de 80 dias de investigações e depoimentos, recomendou ao Congresso o impeachment do presidente.
A tensão foi crescente, pois os antigos aliados da mídia e de outros segmentos começaram a pressionar o presidente que usava ações de impacto como discursos, aparições na TV e atos pessoais para mostrar a sua inocência.
Veja o link: http://www.youtube.com/watch?v=eKky7ZpXxU4
No entanto, o resultado foi o oposto, pois a população saiu às ruas de preto, simbolizando o luto por aquele triste momento e milhares de jovens, usando preto, mas com o rosto pintado de "verde-amarelo", gritando plenamente contra Collor e daí a denominação de "geração Cara Pintada". O que Collor pensava ser uma minoria, na verdade era uma imensa maioria.
Veja este link: http://www.youtube.com/watch?v=rRscFxw_D0U
Em 29 de setembro de 1992, após votação na Câmara dos Deputados, Fernando Collor foi afastado do governo sob acusação de corrupção, entregando a faixa presidencial a seu vice, Itamar Franco. Foi o 1º processo de impeachment em condições normais(outros já haviam ocorrido, mas em situações de golpe), respeitando todo o trâmite democrático que o Brasil estava passando e de certa forma, foi um teste para a recém instaurada democracia.
Desde 1992, portanto, há 21 anos, não se via nada parecido com o que estamos vendo agora e como iniciei o texto ainda é muito cedo para tirar qualquer conclusão. Os céticos dizem que isso "não dará em nada", os otimistas buscam vislumbrar a ação de um conjunto de movimentos para um Brasil melhor, mas como isso se concluirá?
Vai depender do que acreditamos e como podemos fazer para um bem maior. É legítimo que tomemos uma postura de cobrança das autoridades por nós constituídas e que daí possa ser construída uma agenda que se ocupe dos principais temas para a sociedade brasileira, mostrando que a democracia começa nas urnas e continua por todo o tempo de mandato dos nossos representantes e se alguém pretende punir a classe política, que puna com a nossa maior arma: o voto.
E, talvez, só assim, estaremos recuperando o verdadeiro sentido da palavra República: o bem coletivo, o bem de todos ou literalmente, a coisa pública.
domingo, 16 de junho de 2013
Tensões, movimentos e manifestações: a vida em sociedade
Cidadania: um conceito sempre conquistado e resignificado
A sociedade pode ser considerada, de certa forma, como um organismo vivo, com metabolismo próprio e mutações constantes, que podem se sobressair mais ou menos, dependendo do contexto histórico que for analisado: sempre que o equilíbrio deste "ser vivo" é rompido, ações coletivas de diferentes tendências e pensamentos podem se manifestar, abrindo caminho para questionamentos, permanências ou mudanças, mas não é possível prevê-las ou se antecipar a elas, mesmo no mais autoritário governo, com censura e serviços de vigilância e repressão, antever a explosão de um movimento social nunca foi possível.
O mesmo pode ser dito sobre a
articulação de um movimento e os seus resultados, que vão se desdobrando e
mudando, com erros e acertos, mas nunca há uma certeza de onde e como o
processo se constituirá e em que resultará.
Representação da execução de Luís XVI em 21 de janeiro de 1793 (gravura alemã)
Luís XVI, rei da França, não teve a menor noção do que estava acontecendo em Paris naquele ano de 1789, pois quando fora informado da “convulsão” que destruiu a prisão da Bastilha, reagiu pensando ser uma mera revolta e foi alertado por seu secretário, o Duque de Liancourt: “Não é uma revolta, Majestade. É uma revolução!” e mal saberia ele que este processo lhe custaria o poder, a Coroa e a sua própria cabeça, em 21 de janeiro de 1793.
Martin Luther King em Washington em abril de 1968.
Protesto contra a intervenção dos EUA no Vietnam em 1960
Paris: o centro do levante estudantil de Maio de 1968
Movimentos articulados por estudantes, ativistas políticos, intelectuais nos anos 60 e 70 fizeram com que questões cruciais fossem postas em discussão: a questão da segregação racial nos EUA e também o envolvimentos destes no Vietnam; o conservadorismo da sociedade francesa, sacudida pelos estudantes e trabalhadores em maio de 1968, as lutas contra o autoritarismo na América Latina, que só retornaria à democracia a partir de meados dos anos 80, como por exemplo ocorreu com o Brasil em 1985, mesmo com a eleição indireta de Tancredo Neves, após a intensa movimentação durante os protestos das “Diretas Já” em 1984.
Apenas 1 homem contra toneladas de autoritarismo
Mais de 1 milhão na Praça da Sé, em 1984, nas Diretas Já
Em 1989, os chineses tentaram atacar
o seu autoritário governo mas foram cruelmente esmagados na Praça Tianamen
(Praça da Paz Celestial) em Pequim, assim como no mesmo ano, a população de
Berlim derrubou o Muro da Vergonha, abrindo o processo que levaria o fim da
Cortina de Ferro e da Guerra Fria na Europa. Infelizmente, no caso chinês, a repressão venceu e continua a vencer por lá e até hoje o governo não reconhece a truculência e responsabilidade de suas ações.
09/11/1989: caiu o muro da Vergonha (Deutsche Welle)
Atualmente, temos visto movimentos
antiglobalização, desde o final dos anos 90 e os recentíssimos protestos contra
as medidas de “austeridade” que buscam solucionar os estragos da crise
financeira internacional de 2008, sangrando a sociedade com pesados custos:
cortes de empregos, benefícios e investimentos que levaram à estagnação da
Grécia e Chipre, além de outros países como Portugal, Espanha, Irlanda e
Itália. Tudo isso fez com que a sociedade desempregada e alijada de seus bens
fosse para as ruas, clamar por uma saída sem sacrifícios unilaterais.
Já desde 2011, vemos a convulsão do
mundo árabe, que conseguiu derrubar regimes autoritários de décadas: Ben Ali da
Tunísia(1987-2011), Hosni Mubarak(1981-2011) e Kadhafi (1969-2012) e fora a
luta encarniçada na Síria, com mais de 60.000 mortos desde 2012.
Praça Tahrir , no Cairo durante a Primavera Árabe 2011 (Portal Globo)
Na atualidade, a sociedade
brasileira tem se manifestado em diferentes metrópoles em virtude dos aumentos
no preço do transporte coletivo e, devido ao assombro e intransigência das
autoridades, a repressão foi intensa, buscando evitar que a imagem do país
ficasse “comprometida” face ao fato de sediarmos a Copa das Confederações neste
junho de 2013.
Do "virtual" para o REAL!
As vozes conservadoras tentam medir
o todo pela parte, menosprezando os protestos e querendo minimizá-los a uma
“baderna por R$ 0,20”, pois todos olham para os casos isolados de destruição do
patrimônio público, vandalismo e afins, mas estas ações não são o centro do
movimento, mas atos isolados e muito das vezes, praticados por pessoas
interessadas em gerar comoção na opinião pública, mas a repressão sangrenta, a
ação deliberada da Polícia Militar em reprimir de forma impiedosa e irresponsável
as manifestações, como também, o trabalho da própria imprensa, castigada pelos
policiais como se fosse “criminoso” fotografar, filmar e registrar o que estava
realmente acontecendo. Fora o fato de terem ocorrido várias detenções
arbitrárias, envolvendo pessoas que portavam vinagre (usado para atenuar os
efeitos do gás lacrimogênio) e segundo a polícia, era para se fazer bombas.
Então, a saladinha das nossas refeições virou um “perigo” para a sociedade...
O direito de ir e vir, a liberdade de imprensa, de expressão e pensamento violentados! (Portal UOL)
O que está em jogo é o
questionamento de problemas crônicos que enfrentamos na utilização do serviço
público, cuja qualidade não melhora na mesma intensidade dos aumentos e o caso
do transporte coletivo é bem evidente: caríssimo, de baixa qualidade e
insuficiente para a tender a população de São Paulo, sendo que, não há a
discussão de um projeto consistente de melhora de curto, médio e longo prazo e
o cidadão cansou de esperar e resolveu protestar: não há como tirar e
legitimidade disso, inclusive ontem (15/06), às vésperas do jogo Brasil X
Japão, um grupo de manifestantes se aproximou do recém-reformado Estádio Mané
Garrincha, protestando contra os gastos e má gerência dos mesmos, enquanto
outros setores da administração ficavam para o segundo plano.
Protestos em Brasília 15/06 (Portal Terra)
Protestos em Brasília 15/06 (Portal Globo)
O resultado foi a repressão dos
manifestantes, com as mesmas bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e spray
de pimenta. No entanto, alguns manifestantes chegaram a agredir verbalmente
pessoas que se direcionavam ao estádio com gritos de “vendidos” e chegaram a
arremessar latinhas nas pessoas, sendo uma atitude totalmente reprovável que ,
mais contribuiu para uma visão negativa do protesto, do que gerar maior adesão
da população.
A coragem de lutar por algo muito melhor!
2013: flores para soldados armados em Brasília no dia do jogo Brasil X Japão
2013: flores para soldados armados em Brasília no dia do jogo Brasil X Japão
O cenário é bastante tenso e pode se
complicar ainda mais, dependendo de como o poder público e a sociedade se posicionarem,
mas acima de tudo, é bastante agradável que haja uma indignação pulsante que
está indo para as ruas lutar por algo de extremo valor: serviço público de
qualidade, cidadania reconhecida pelo exercício dos direitos de liberdade de
expressão e pensamento e com certeza, a recuperação da ideia que a República Federativa do Brasil é feita por todos nós e que nós delegamos aos nossos
representantes a autoridade para governar em nosso nome, mas sempre, por nós e
para nós, não infelizmente como muitos tem feito, que vão buscar a vida pública para “se
servir do público” ao invés de, honrosamente, “servir ao público”.
sexta-feira, 14 de junho de 2013
Uma homenagem aos manifestantes de São Paulo
Dentro de uma democracia existem espaços para controvérsias e discussões, onde argumentos se contrapõem, mas sempre deve haver o respeito.
Quando em nome da ordem, usa-se a força e tenta-se calar o clamor da sociedade, não há melhor caminho que o protesto!
Não precisamos perder a liberdade para lutar por ela!
Aos paulistanos que tem buscado um espaço mais amplo para uma sociedade melhor.
Para dizer que não falei de flores
Geraldo Vandré, 1968
Quando em nome da ordem, usa-se a força e tenta-se calar o clamor da sociedade, não há melhor caminho que o protesto!
Não precisamos perder a liberdade para lutar por ela!
Aos paulistanos que tem buscado um espaço mais amplo para uma sociedade melhor.
Para dizer que não falei de flores
Geraldo Vandré, 1968
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais, braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção
[Refrão] :
Vem, vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer
Pelos campos a fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
ainda fazem da flor seu mais forte refrão
e acreditam nas flores vencendo o canhão
REFRÃO
Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam a antiga lição
de morrer pela pátria e viver sem razão
REFRÃO
Nas escolas, nas ruas, campos construções
Somos todos soldados armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais, braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição
Ver link: http://letras.mus.br/geraldo-vandre/46168/
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Como se expressar em tempos democráticos ?
Protesto no centro de São Paulo, antes do choque com a polícia. Fonte: noticias.r7.com
São Paulo viveu nos últimos 5 dias uma onda de protestos sobre o aumento do valor da passagem de ônibus, que subiu de R$ 3,00 para R$ 3,20, uma marcha organizada pelo Movimento Passe Livre, grupo formado por estudantes de diferentes categorias, trabalhadores de vários setores e sem uma filiação partidária unilateral que os conduzisse, apesar de alguns grupos políticos levarem suas bandeiras para dentro, buscando "marcar presença".
Na quinta-feira (06/06) ocorreu uma grande concentração na Av. Paulista, além da concentração no centro de São Paulo, que tanto numa parte como outra, geraram tumulto, tensão e quebra de fachadas de lojas, pichações e a depredação das entradas das estações na Paulista e depois em outros pontos da cidade.
Na cobertura da mídia, foram poucos os momentos em que se deu voz aos usuários de transporte coletivo, sendo que os mais ouvidos eram os motoristas de automóveis e a visão era sempre a mesma:
Baderna, vandalismo, transtorno, com raras observações em contrário.
Num primeiro momento, me pareceu um tanto exagerado, talvez desnecessário a depredação do espaço público, que afinal, seria o dinheiro público usado para as reparações. Radicais existem em todos os movimentos e numa ação de massa como essa, alguns aproveitam para agir, mas isso não pode definir o movimento e servir para condenar toda a legitimidade da manifestação.
Ontem (11/06) na praça da Sé, um policial tentou imobilizar uma manifestante que estava pixando o Palácio da Justiça e quase foi linchado por um grupo de manifestantes que queriam soltar o "companheiro" em vias de ser detido. Se não fosse a ação de um outro grupo de manifestantes para isolar o PM dos radicais, ali poderia ter acontecido uma tragédia, pois o policial estava ferido, ensanguentado e poderia ter usado sua arma para se defender, mas felizmente, não o fez.
Porém, conversando com colegas, amigos e conhecidos, ao pensar na quase precária tradição de reivindicações de nossa tão jovem democracia, ver protestos dessa natureza, sem uma partidarização ativa, buscando defender uma causa que favorece o coletivo, chega ser muito esperançoso.
Será que a passividade ou indiferença forjadas em duas décadas de autoritarismo estariam sendo trocadas por uma politização ativa e dinâmica?
Nessas horas, tanto o lado reacionário quanto o revolucionário, são tomados por um rompante de saudosismo: certos segmentos da direita lamentam não poder reprimir com a violência devida, como se fazia nos tempos do regime militar, enquanto alguns segmentos da esquerda evocam a aura de 1968 e o movimento estudantil daqueles tempos.
Foto de junho de 1968 - Escadarias do Teatro Municipal no Rio de Janeiro. Crédito: Agência JB/Kaoru
Vivenciar a democracia é lutar por ela, construí-la, dia a dia e assim, legitimar os espaços devidos para pressionar o poder público, que está tão acomodado com a falta de reação da população que, ao vê-la se mover, se assusta e já taxa de delinquentes e criminosos aqueles que fecham o trânsito.
Na imprensa, nos diferentes segmentos, há um ranço preconceituoso, que insiste também na tese da criminalização de passeatas e protestos, mas será que ficar mostrando as lutas do mundo árabe, de jovens na Europa ou nos EUA tudo bem, pois eles lutam por um boa causa e aqui, quando acontece algo em nosso país, nossos jovens são criminosos? Tal postura é no mínimo autoritária, para não dizer, conservadora e antidemocrática.
Uma das posturas mais lúcidas que vi, foi neste artigo de hoje (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/06/1293672-analise-lei-impoe-limites-mas-nao-ensina-a-coexistir.shtml), escrito por Gustavo Romano um advogado que, de forma mais isenta possível, aponta a questão que tem gerado tanto controvérsia : como gerenciar o direito de cada uma das partes envolvidas nos protestos contra o aumento do preço do transporte coletivo? Segue abaixo um trecho, enquanto apontei acima, o link para o texto completo:
No caso das manifestações, o limite é que a liberdade de expressão de uma parte não deve ofender o direito da outra de ir e vir, ou do poder público gerenciar as vias urbanas, a segurança pública ou os bens públicos e privados.
E é aí que está o problema.
Quando a manifestação vira um protesto, e o protesto vira um empecilho ao resto da sociedade, ela passa a ofender o direito alheio.
Daí porque os municípios podem (e devem) gerenciar como essas manifestações são feitas, quando são feitas, como devem ser feitas etc.
Do ponto de vista puramente jurídico, não é diferente das restrições impostas às marchas religiosas ou às paradas LGBT: o governo não está tolhendo a liberdade de expressão, mas apenas tentando garantir que o direito de alguns não invada o dos demais.
Mas há dois pontos importantes para considerarmos.
Primeiro, qual é o limite dos limites que o governo pode impor, especialmente quando ele é alvo do ato?
Na dúvida, uma boa regra é ponderar se as mesmas limitações são ou seriam impostas quando a manifestação é em relação a algo que o governo apoia.
Segundo, o principal motivo de um protesto não é manifestarmo-nos contra ou a favor de algo. Isso podemos fazer por meio do voto, conversando com amigos, postando nas redes sociais. O principal motivo de um protesto é chamar a atenção para algo.
Ambas são facetas da liberdade de expressão, mas são coisas distintas.
Mas se um protesto passa a ser tão "esterilizado" que ele acaba não tendo qualquer capacidade de chamar a atenção, não estaríamos tolhendo a liberdade de expressão?
Nossa lei coloca alguns limites a todos, mas isso não significa que ela nos ensine a coexistir. Coexistência se aprende com a prática e autocontrole. Sem precisar apelar para o limite da lei.
Gustao Romano - Portal UOL
A movimentação da sociedade, que sofre de inúmeros problemas no transporte coletivo, é legitima, vejam este grafite:
Grafite em um muro de São Paulo
A comparação é mais que precisa, especialmente para quem conhece esse tormento de perto: somos esmagados, maltratados, corremos riscos, além do stress torturante, em não saber como e quando chegaremos nos compromissos marcados ou no trabalho , pois muitos motoristas nem param nos pontos para pegarem mais passageiros, face à lotação. Você fica esperando o próximo, o próximo e quando dá, entre cotoveladas e apertões, entra.
Os ônibus não são fiscalizados adequadamente, muitos motoristas dirigem do jeito que querem (especialmente do micro-ônibus, que popularmente chamamos de lotação, alías, definição perfeita), muitas vezes desrespeitam os limites de velocidade, colocam em risco os passageiros, pedestres e outros motoristas, "cortam os pontos" deixando passageiros que esperavam para trás, isso quando em certos horários, especialmente nas últimas viagens, fazem "alterações de itinerário" com desvios e atalhos para terminar a viagem mais cedo, e ignoram que podem ter passageiros a espera num ponto dentro do que seria a rota normal. Porém, devemos lembrar que, outros motoristas e cobradores são responsáveis e competentes, cumprindo corretamente com seu dever.
E para tudo isso, não há nenhum acompanhamento que sirva para a qualificação do transporte, produzindo um padrão no serviço oferecido, que como está estampado na lateral destes coletivos: "É um dever do Estado e um direito do cidadão". Em suma: pagamos caríssimo por um transporte coletivo de baixíssima qualidade.
São Paulo não pode ficar esperando que paliativos sejam aplicados, enquanto não se pensa num projeto em prol do coletivo, de curto, médio e longo prazo para que o transporte urbano adquira uma qualidade melhor, que possa atender de fato, as necessidades da população.
Já se vão cinco décadas de imposição das indústrias ligadas ao setor automobilístico sobre o que deve ser feito para o coletivo, enquanto nossa malha ferroviária foi sucateada e finalmente, está sendo tardiamente reformada, além dos tímidos e lentos investimentos para a expansão do metro, que se expande morosamente e mesmo com os eventos internacionais que sediaremos, os resultados em infra-estrutura na cidade de São Paulo são praticamente nulos, isso para não falar em outras partes do país.
A luta é justa e deve ser respeitada ou vamos ficar "deitados eternamente em berço esplendido", como diz o nosso Hino Nacional?
terça-feira, 11 de junho de 2013
Lançamento do Almanaque de História Online Editora
Caros leitores,
Acabou de sair para as bancas de jornal e para venda pela internet, o Almanaque de História que eu escrevi com a Online Editora, tratando do programa cobrado pelos principais exames vestibulares e ENEM.
Pelo site, eis o link da Online: (http://loja.revistaonline.com.br/online/vitrines/detalhes/Detalhe40502.asp).
Na verdade, trata-se da 3ª edição de um trabalho que produzi em 2011(uma parceria do Cursinho da Poli e da Online Editora), que foi sendo burilado e ajustado em 2012 (2ª edição) e agora sai mais bem arrumado, com bons mapas e imagens, além do texto que percorre os conteúdos de História para o Ensino Médio, tanto em História do Brasil quanto em História Geral.
A ideia é trabalhar com os principais conteúdos, sempre de forma didática e bastante sintética, para ajudar quem precisa de uma revisão para uma prova ou até mesmo concurso que envolva a História.
Selecionei uma lista de exercícios para ajudar na preparação dos candidatos para diferentes exames.
O preço de capa segue o padrão de publicações semelhantes e ficou em R$ 15,99, quer dizer, na prática pela extinção da moeda de R$ 0,01 centavo, são R$ 16,00.
Fica divulgado o lançamento e quem tiver interesse, por favor, não deixe de adquirir!!
Importante: além de História, a Online Editora já lançou outros Almanaques que foram feitos por colegas meus do Cursinho da Poli nas áreas de Ciências da Natureza, Matemática e Humanidades.
É só verificar o catálogo!
Bons e estudos e leitura !
Acabou de sair para as bancas de jornal e para venda pela internet, o Almanaque de História que eu escrevi com a Online Editora, tratando do programa cobrado pelos principais exames vestibulares e ENEM.
Pelo site, eis o link da Online: (http://loja.revistaonline.com.br/online/vitrines/detalhes/Detalhe40502.asp).
Na verdade, trata-se da 3ª edição de um trabalho que produzi em 2011(uma parceria do Cursinho da Poli e da Online Editora), que foi sendo burilado e ajustado em 2012 (2ª edição) e agora sai mais bem arrumado, com bons mapas e imagens, além do texto que percorre os conteúdos de História para o Ensino Médio, tanto em História do Brasil quanto em História Geral.
A ideia é trabalhar com os principais conteúdos, sempre de forma didática e bastante sintética, para ajudar quem precisa de uma revisão para uma prova ou até mesmo concurso que envolva a História.
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O preço de capa segue o padrão de publicações semelhantes e ficou em R$ 15,99, quer dizer, na prática pela extinção da moeda de R$ 0,01 centavo, são R$ 16,00.
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sábado, 1 de junho de 2013
Bíblia de 1500 anos encontrada na Turquia
Caros leitores,
Na semana passada, alguns alunos meus vieram me perguntar sobre uma "Bíblia muito antiga" (foto ao lado) recentemente encontrada (em 2000), mas que a notícia só foi revelada a pouco tempo. No entanto, ninguém tinha uma indicação precisa de onde e quem publicou. Muito bem, nessas horas, temos que buscar ajuda no "Grande Oráculo"...entendam Google, e aí achei a dita notícia, que alias estava copiada e recopiada em diferentes blogs, sites (muitos de caráter religioso) e uma breve matéria no Youtube. Um ou outro texto citava a fonte e foi justamente num destes que citava a fonte que eu encontrei um texto mais completo, que reproduzo (grifado em amarelo) e contra-argumento abaixo, buscando apontar sob a luz da História, o que teríamos de pertinente ou não nessa "novidade" de artefato encontrado.
As páginas do livro, do
século V ou VI, são de couro tratado e estão escritas em um dialeto do
aramaico, língua falada por Jesus. Suas páginas hoje estão negras, por causa da
ação do tempo, mas as letras douradas ainda possibilitam sua leitura.
As autoridades turcas acreditam que se trata de uma versão autêntica do Evangelho de Barnabé, um discípulo de Jesus que ficou conhecido por suas viagens com o apóstolo Paulo, descritas no Livro de Atos.
Autoridades religiosas de Teerã insistem que o texto prova que Jesus nunca foi crucificado, não era o Filho de Deus, mas um profeta, e chama Paulo de “Enganador.” O livro também diz que Jesus ascendeu vivo ao céu, sem ter sido crucificado, e que Judas Iscariotes teria sido crucificado em seu lugar. Falaria ainda sobre o anúncio feito por Jesus da vinda do profeta Maomé, que fundaria o Islamismo 700 anos depois de Cristo. O texto prevê ainda a vinda do último messias islâmico, que ainda não aconteceu.
As autoridades turcas acreditam que se trata de uma versão autêntica do Evangelho de Barnabé, um discípulo de Jesus que ficou conhecido por suas viagens com o apóstolo Paulo, descritas no Livro de Atos.
Autoridades religiosas de Teerã insistem que o texto prova que Jesus nunca foi crucificado, não era o Filho de Deus, mas um profeta, e chama Paulo de “Enganador.” O livro também diz que Jesus ascendeu vivo ao céu, sem ter sido crucificado, e que Judas Iscariotes teria sido crucificado em seu lugar. Falaria ainda sobre o anúncio feito por Jesus da vinda do profeta Maomé, que fundaria o Islamismo 700 anos depois de Cristo. O texto prevê ainda a vinda do último messias islâmico, que ainda não aconteceu.
O começo do texto já começa um pouco enrolado, pois cita autoridades turcas e iranianas, mas não diz quais (arqueólogos, especialistas em línguas antigas, algum grupo de pesquisa de uma Universidade, etc). Este livro foi encontrado junto de um lote de antiguidades que estavam sendo contrabandeadas da Turquia e ficou retido por bastante tempo e agora foi repassado ao Museu Etnológico de Istambul, na Turquia.
A parte mais embaraçosa do texto são as afirmações das ditas "autoridades iranianas", que tendenciosamente estariam apontando o livro encontrado como uma prova da realidade e verdade do Islã e que toda doutrina cristã não passaria de uma farsa.
Em primeiro lugar, como qualquer documento antigo, este livro deverá ser traduzido e datado para verificar seu conteúdo, origem e autenticidade.
Maomé nasceu em 570 e morreu em 632, portanto, num período posterior ao texto escrito entre os anos 400-500 e segundo a tradição islâmica teria recebido a "revelação da palavra de Allah" por volta de 610, tendo 40 anos de idade.
Chama a atenção a hipótese de "Jesus teria anunciado Maomé", uma leitura muito mais coerente com o pensamento islâmico do que com o cristão, pois para o Islã, Maomé é o último profeta, e eles então, aceitam os profetas hebreus e Jesus, mas como profetas menores, cabendo a Maomé a importância maior.
A foto divulgada da capa mostra apenas inscrições em aramaico e o desenho de uma cruz. A Internacional News Agency, diz que a inscrição na fotografia pode ser facilmente lida por um assírio. Os assírios viviam na região que compreende hoje o território do Iraque, o nordeste da Síria, o noroeste do Irã, e o sudeste da Turquia.
A tradução da inscrição inferior, que é o mais visível diz: “Em nome de nosso Senhor, este livro está escrito nas mãos dos monges do mosteiro de alta em Nínive, no ano 1.500 do nosso Senhor”.
Maomé nasceu em 570 e morreu em 632, portanto, num período posterior ao texto escrito entre os anos 400-500 e segundo a tradição islâmica teria recebido a "revelação da palavra de Allah" por volta de 610, tendo 40 anos de idade.
Chama a atenção a hipótese de "Jesus teria anunciado Maomé", uma leitura muito mais coerente com o pensamento islâmico do que com o cristão, pois para o Islã, Maomé é o último profeta, e eles então, aceitam os profetas hebreus e Jesus, mas como profetas menores, cabendo a Maomé a importância maior.
A foto divulgada da capa mostra apenas inscrições em aramaico e o desenho de uma cruz. A Internacional News Agency, diz que a inscrição na fotografia pode ser facilmente lida por um assírio. Os assírios viviam na região que compreende hoje o território do Iraque, o nordeste da Síria, o noroeste do Irã, e o sudeste da Turquia.
A tradução da inscrição inferior, que é o mais visível diz: “Em nome de nosso Senhor, este livro está escrito nas mãos dos monges do mosteiro de alta em Nínive, no ano 1.500 do nosso Senhor”.
A agência citada aparece com o nome incompleto, podendo ser qualquer agência internacional de notícias, talvez tenha sido a IRNA, a agência oficial de notícias do governo do Irã ou então, a AINA, que representaria a minoria assíria, que viveu ali onde hoje é a Turquia e Síria.
Além desta dúvida, há esta tradução que o texto nos relata como elementar, quer dizer, de fácil realização, mas se é um texto escrito em siríaco, uma língua que deriva do aramaico e hoje não é mais falada, como fazer uma tradução tão rápida??? Apelar para o Google não vale....
O Vaticano teria
demonstrado preocupação com a descoberta do livro, e pediu às autoridades
turcas que permitissem aos especialistas da Igreja Católica avaliar o livro e
seu conteúdo, em especial o “Evangelho de Barnabé”, que descreveria Jesus de
maneira semelhante à pregada pelo islã.
O relatório da Basij Press, que divulgou o material para a imprensa, sugere que a descoberta é tão importante que poderá abalar a política mundial. “A descoberta da Bíblia de Barnabé original irá minar a Igreja Cristã e sua autoridade e vai revolucionar a religião no mundo. O fato mais significativo, porém, é que esta Bíblia previu a vinda do profeta Maomé, mostrando a verdade da religião do Islã”.
O relatório da Basij Press, que divulgou o material para a imprensa, sugere que a descoberta é tão importante que poderá abalar a política mundial. “A descoberta da Bíblia de Barnabé original irá minar a Igreja Cristã e sua autoridade e vai revolucionar a religião no mundo. O fato mais significativo, porém, é que esta Bíblia previu a vinda do profeta Maomé, mostrando a verdade da religião do Islã”.
Continuando as excentricidades, temos a citação da preocupação do Vaticano, em virtude do conteúdo talvez ser coerente com a visão do Islã. Como se trata de um texto cristão, o Vaticano está interessado em seu conteúdo, porém a colocação de um grau de "preocupação" é no mínimo tendenciosa e equivocada, pois não houve uma manifestação formal da Igreja Católica, assim, aqui se levanta a teoria conspiratória de há algo escondido, um mistério misterioso...
Porém, há um detalhe que passa despercebido: a citação de um relatório da Basij Press. De onde é esta Agência? Resposta: é a responsável pela comunicação de um grupo paramilitar xiita, defensor do regime iraniano desde 1979, implantado com a Revolução Islâmica liderada pelo aiatolá Khomeini.
Aí, portanto, aparece a motivação para colocar em tão elevado grau de importância os "possíveis conteúdos" deste livro antigo e sua ameaça ao Cristianismo. No entanto, o que foi mais bizarro nessa matéria, que como disse acima, foi reproduzida em sites de conteúdo religioso cristão aqui no Brasil, é alguns grupos pentecostais ou neo-pentecostais tentarem usar o texto a seu favor para atacar a Igreja Católica, sem perceberem que ele ataca "todas as igrejas cristãs". Alguns diriam que foi um tiro no pé, eu acredito que foi na cabeça.
A Basij afirma que o capítulo 41 do Evangelho diz: “Deus disfarçou-se de Arcanjo Miguel e mandou (Adão e Eva) embora do céu, (e) quando Adão se virou, ele notou que na parte superior da porta de entrada do céu, estava escrito La elah ELA Allah, Mohamadrasool Allah”, significando “Alá é o único Deus e Maomé o seu profeta”.
Por fim, a tradução desta parte, profundamente tendenciosa, que seria um anúncio do Corão antes do próprio profeta e que nas portas do "céu" e não Jardim do Éden teria a inscrição acima em árabe. Muito estranho, pois o Corão não nomeia o anjo que guardou as portas do Paraíso e expulsa diretamente, Adão e Eva, sem necessitar de se disfarçar.
Moral da história: qualquer fonte deve ser analisada com rigor, seja o que for, sempre tendo a cautela de contrapor as informações presentes com outras e assim, ter uma visão melhor sobre o passado e seus desdobramentos. Um pesquisador deve interrogar suas fontes, sem confiar nelas e assim, verificar se obtém respostas para suas questões. A posição adotada nesta reportagem analisa é tendenciosa ao Islã e teleológica, isto é, o objetivo está claro desde o começo: provar a verdade do Islão sobre as outras crenças.
Como diz a sabedoria popular: "cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém". Eu acrescentaria, a boa leitura também!
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